Prefácio

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Ela estava ali. Ele sabia. Podia sentir pela ligação que eles compartilhavam. Ele também sabia que ela não lembrava mais dele. Não lembrava do que os ligava tão fortemente.
Ele encarou a mulher na sua frente. Ela se lembrava dele. Ela suplicava para ele com o olhar e ele queria atender o pedido dela. Ela tinha visto o calabouço, o senhor tinha feito questão de mostrá-la e ela tinha visto o pior. Ele se ressentia, por não poder fazer algo. Estava mais forte que antes, mas mais impotente que nunca. Ele se virou para o senhor, estava sentado em seu trono, olhando para o homem ao chão no altar, estava desacordado.
Ele só conseguia pensar nela, se ela já tinha acordado, se ela estava ferida, se ele poderia fazer algo. Sim, ele podia. Antes que a noite caísse ele a visitaria, enquanto todos ainda estavam dormentes e a ajudaria, mesmo que ela o odiasse ele a ajudaria. Mesmo que ela não se lembrasse dele.
- Morte.
Ele quase suspirou ao escutar a sentença. Um servo fraco não era útil para o Senhor, um servo que falhou não serviria para lutar. E aquele não era verdadeiramente útil. Sequer valeria a pena tomar o que aquele tinha e era.
Ele se aproximou do servo, agarrou seu braço e o arrastou para longe dali para cortar sua garganta e o dividir em vários pedaços.
- Próximo!
O senhor estava alegre e empolgado, se não fosse tão importante... Ele olhou para o senhor por cima do ombro. O senhor realmente amava aquela mulher, mesmo que ela o odiasse agora, mesmo que ela quisesse matá-lo, o senhor ainda a queria por perto. Ele entendia. Compreendia o sentimento do senhor como ninguém. E odiava isso.

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