Passiva

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Permaneci calada, sentada em uma cadeira por horas encarando o assassino enquanto ele lia um de seus livros deitado na sua gloriosa cama. Meus olhos estavam miúdos de cansaço quando ele abaixou o livro para olhar para mim com as pernas recolhidas e dobradas e cabeça apoiada nos joelhos, a poltrona também era gloriosa e eu podia muito bem chamar aquilo de cama se não fosse por seu formato de poltrona. O encarei de volta com meus olhos miúdos, vi até mesmo seu peito subir e descer em uma respiração profunda.
- Vai ficar aí calada pelo resto da vida? Não vai tentar fugir? Me bater? Talvez até tente usar seu poder.
Ele dava sugestões de como eu deveria agir, como se eu não tivesse pensado em todas aquelas coisas.
- Não vai exigir comida? Talvez queira ver o sol...
- Tédio?
Foi tudo que falei, uma provocação. Ele se sentou na cama, parecia frustrado. Lembro de ter visto em um programa de televisão com Annie que psicopatas são ótimos atores, conseguem fingir emoções ao ponto de parecerem mais reais que as nossas. Falso.
- Não tem graça se você virar uma marionete ou uma boneca sem vida. Nem para enfeitar o quarto servirá.
- Bom, então vai ter que se livrar dessa decoração quebrada. Não vou fazer coisa alguma, ainda mais se for para divertir um assassino.
Ele sorriu.
- Aí está você. Vamos, sei que está louca para me acertar uma pedra.
- Cínico.
Ele se levantou, fiquei imediatamente nervosa, tinha saído de meu papel de passiva. Voltei a encarar o livro que ele tinha soltado em cima da cama. Eu não ia conseguir nada colocando lenha naquela fogueira, tinha que criar coragem e escapar quando ele não estivesse ali ou fosse dormir. Tinha que tornar as linhas maleáveis.
- Vai mesmo fazer isso comigo? Acha que não sei o fogo que queima dentro de você, uma garota ousada, um pássaro selvagem em uma gaiola, louca para abrir as belas asas e voar para longe do carcereiro, mas que não pode, não pois os companheiros estão presos em gaiolas escondidas.
Olhei para ele, estava cansada, tão esgotada de pensar em meios de fuga e de observar ele que preferi não responder. Ele caminhou em minha direção, me encolhi mais como se aquele vestido idiota fosse me proteger.
- Você é tão ingênua quanto parece.
Ele estava bem na minha frente. Encarei suas tatuagens, pois era melhor que os olhos que eu evitava ao máximo pensar.
- Me deixe em paz.
Foi um pedido sussurrado e que carregava todo meu medo nele. Medo do desconhecido.
Ele se abaixou sentando em cima dos tornozelos, me recusei a olhar para o rosto dele, o rosto que achei tão lindo na noite de lua de sangue. Um rosto que mostrava o quão enganadora podia ser a beleza, uma face da escuridão. Sim, era perfeito para ele.
- Hora você ameaça morder, hora você é mais dócil que uma flor no campo que nada faz quando é arrancada.
Medo, cansaço, ansiedade... eram a pior mistura.
- Terei cuidado, pois essa flor pode ter espinhos.
Ele tocou minha mão de leve e se levantou.
- Não fuja.
Então seguiu para a porta e saiu, dessa vez a fechou sem brutalidade. Contei até trinta e me levantei com pressa, fui até a cama e olhei em baixo dela. Nada. Segui para a mesa e depois o guarda roupa. Tudo inteiro. Olhei para a poltrona e corri para ela, passei a mão por baixo até o encontro entre o assento e a madeira. Bingo!
Mas ia dar trabalho. Corri até a estante e peguei um dos livros depois corri de novo até a poltrona escorreguei por baixo e posicionei a capa dura do livro no espaço entre a cabeça do prego e o assento. Comecei meu trabalho.

×××
Oioioioi
Ela começou a agir, uma pequena arma, mas não significa que vai fazer alguma coisa. Vocês não iriam querer ter uma mínima chance de se defender caso estivessem no lugar dela?
Ah! Anunciando que em breve trarei uma nova história: Orange, o último inverno com ele
Um romance mais cotidiano, mas com um toque de sobrenatural.
Não vai ser um livro grande, esta mais para um conto, uma light novel.
Decidi escrever esse pq qndo trouxe a proposta pra vcs deu empate e essa história acabou de surgir novinha e simples.
Ah! As duas histórias que ganharam foram da mesma série a Actually he is she, legal! Eu gosto mais da H.M.S. pq tem mais comédia. Depois posso trazer ela. Tem tempo...
Ainda sou nova heheheeh
Mas o grande objetivo em que foco é terminar Cidade de Magia, lançar a nova série A.d.D. e ser aprovada nos vestibulares. Tudo pro ano que vem. Mas Cidade de Magia ainda não vai ter terminado, só o primeiro arco...
Enfim.
Quero arrastar vcs comigo pelo resto da vida, como leitores é claro.
Ehehhehe
;)
Tenho projetos o suficiente para uma vida!!!
E falo demais~

Cidade de Magia - Aprisionada por EspinhosOnde histórias criam vida. Descubra agora