Irritando o irritante

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Eu estava no castelo de novo, desesperada para ver minha mãe.

Ah como eu tinha sentido a falta dela. Iria contar a ela tanta coisa, ia mostar meus inscius. Queria saber qual dos dois era o dela, draconiana ou marcada. Iria fazer tantas perguntas também e por que ela tinha mantido tudo em segredo era uma delas. O quarto de Sef era como uma prisão e ao mesmo tempo eu me sentia tão próxima dela...
Eu andava de um lado para outro desde que voltamos e Sef foi "entregar" Titania. Ela tinha vindo conosco, iria nos ajudar a escapar, Adrian também tinha vindo, mas ninguém além de mim, Sef, Titania e agora Aaron sabiam. O gato estava na cama, tomando seu banho de língua.
- Você não prefere fazer isso em privacidade?
Ele parou de se lamber e abaixou a pata traseira para olhar para mim.
- Posso já ter sido um bruxo, mas sou um gato há mais tempo. Você acaba pegando os hábitos.
Fiz uma careta ao quase imaginar ele com o corpo humano se lambendo. Tentei afastar a imagem que se formou em negação. Voltei a andar olhando para a frente, evitando o gato. Então eu vi a estante de livros de Sef, lembrei do livro com os rabiscos nas margens. E se fossem anotações sobre mim?
Corri até a estante e procurei O tecer de memórias. O volume vermelho estava exatamente onde eu tinha o deixado. Puxei e abri, dessa vez na primeira página. Logo vi um desenho no grande espaço entre o título e o nome da editora. Era perfeito, quase real e era eu, quando criança, mas ainda podia me reconhecer. Virei e vi outro desenho, mais uma vez eu, só que mais velha, era recente. Passei a mão sobre mim e deixei meus dedos manchados de grafite. Do lado tinha o desenho de um pássaro com suas gloriosas asas abertas perto de uma flor.
"Meu passarinho não canta mais para mim."
Continuei passando as páginas lendo tudo que ele tinha escrito.
"Já fizemos algo assim"
"Ela adorava subir em árvores"
"Algo que poderíamos fazer"
"Eu também"
"Flores não dizem tudo"
"Ela ficaria bem em roupas assim"
"Vou chamá-la para dançar ao luar..."
- Parece que alguém é enxerida.
Levei um susto e fechei o livro com violência, aquilo tudo tinha sido... tocante demais. Como se ele tivesse lido aquele livro centenas de vezes, reparado em cada detalhe e sofrido enquanto.
Coloquei o volume de volta no lugar antes de me virar para ver, não Sef, mas Kishan. Ele tinha se aproximado, aquela áurea sombria ao seu redos tinha sumido, parecia quase normal, mais ainda era ameaçador.
- Sefran voltou com um presente para o mestre e com o brinquedinho concertado... - ele sugou o ar entre dentes - O que vocês fizeram enquanto estavam fora?
Não dei um passo para trás, pois, por mais assustada que estivesse, não iria mais me mostrar fraca, como tinha prometido a mim mesma. Não precisava ser sempre resgatada. Eu tinha poder e agora sabia como usá-lo, ou ao menos em parte.
- Nada.
- Nada? - ele colocou uma mão na estante, bem do lado da minha cabeça. - Não seria nada para uma garotinha amedrontada resolver levantar o rosto e o olhar. Não sou tão bonzinho quanto Sefran, garota. Eu me divertiria ao escutar seus gritos, ouvi-la gemer de dor e chorar em agonia.
Seu rosto não negava.
- Por que?
Ele fez uma carranca.
- Por que é o que sou. Nasci assim. Como o deus da dor e sombras não seria esperado o contrário. Seu querido dono não é muito diferente, mesmo que eu seja pior... - os olhos dele ficaram mais escuros com o sorriso macabro que ele deu - ... Sefran é realmente carrasco e cruel, admiro esse lado dele, por mais que odeie admitir.
- É isso que você é? Um deus do sofrimento? Se gosta tanto de dor, por que não a sente você mesmo?
- O q-?
Antes que ele terminasse de falar dei um chute em sua canela, ele se abaixou para segurar a perna, aproveitei e corri para a porta. Aaron me esperava do lado de fora. Escutei o grunhido no final do corredor, as sombras começaram a se alastrar.
Sef, cadê você?
Se aquele cara tinha derrotado um deus, o que faria comigo? Eu era apenas uma mestiça. Olhei para os dois lados, minhas duas opções. Por que mesmo eu tinha feito aquilo?
Ah! Ele me irritou, muito, principalmente quando falou de Sef.
Olhei desesperada para is caminhos até que escutei Aaron.
- Por aqui?
Ele ia na direção os rugidos guturais, tremi e hesitei.
-Tem certeza?
Eu já corria atrás dele.
- Confie em mim.
Bom, eu não tinha outra escolha. Um deus expulso estava irritado comigo. Se bem que ele quem tinha começado.

×××
Yei yo!
Estao gostando da semanada? Bom, hoje fui comecar a escrever tarde pq comecei a viciar em Clash Royale. Kekeke
Bom, espero que estejam aproveitando suas ferias-pra quem tiver- e o livro! ^^

Ahhhh
Em breve uma surpresinha para vocês, livro extra de Cidade de Magia, mas não se empolguem demais

Cidade de Magia - Aprisionada por EspinhosOnde histórias criam vida. Descubra agora