O tecer de memórias

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É claro que tentei sair, mesmo que não tivesse ideia do que fazer se conseguisse. Abri a porta e travei quando ela fez um barulho e observei o corredor por uma fresta. Não tinha ninguém, aparentemente, então abri mais e coloquei a cabeça para fora. Olhei para um lado e para outro, mesmo no quase escuro eu podia ver que o corredor estava vazio. Abri mais a porta e me pus para fora, estava mais frio que me lembrava, mesmo tendo sido a minutos atrás. Encarei o corredor mais uma vez. Se eu saísse, para onde iria? Eu não conhecia a planta daquele lugar e eu desconfiava que era mais difícil de decifrar perambulamdo por aí do que seria em um labirinto planejado com um único caminho certo. Fiquei parada mais um pouco e resolvi, por fim ir em frente. Dei um único passo quando um som gultural ecoou pelo corredor e eu deixei escapar um gritinho. Dei um pulo para trás e permaneci imóvel por seis segundos então disparei de volta para o quarto e fechei a porta me encostando nela, inspirei brevemente e me afastei da madeira antiga e a encarei.
Aquele som não podia ser uma simples ameaça ou enganação, parecia um aviso, e indefesa como eu estava tremeria de medo por um cachorro raivoso.
Vasculhei o quarto a procura de qualquer coisa que servisse como arma. A cama estava limpa, a mesa tinha apenas papéis com rabiscos formando o desenho simples de uma garota, o material de desenho era grafite, nem para ser um lápis ou caneta, mas uma pedra de grafite. Me afastei da mesa e segui para o guarda roupa, roupas e mais roupas, mas nada além. Fechei as portas e segui para estante. Tinha muitos livros, antigos e bem cuidados. Claramente ele era um verdadeiro amante da leitura. Passei meus dedos pelos diversos volumes, era impressionante, mesmo que que não tinha muita paciência para livros me admirava, era realmente encantador e até me dava vontade de ler. Puxei um dos livros, a capa dura vermelha tinha o título em depressão com tinta branca, O tecer das memórias. Abri o livro em uma página aleatória e vi várias anotações nas margens.
"Ela também gostava de colecionar as folhas.
Ela usava bastante vermelho.
Os olhos dela brilham quando sorri."
As anotações seguiam páginas adiante, sempre se referindo a alguém. Uma garota. Me virei para a mesa solitária e encarei os desenhos simples. Um amante fiel.
O pensamente não chegou a se concretizar quando a porta se abriu novamente e o assassino entrou no quarto. Eu não tinha encontrado nenhuma arma. Ele olhou para mim depois para o livro aberto em minhas mãos.
- Ponha de volta.
Ele continuou olhando para o livro. O fechei.
- De quem você fala tanto enquanto escreve isso? Deve mesmo gostar dessa garota, mesmo sendo um assassino tem sentimentos afinal.
Ele voltou a olhar para meu rosto.
- Ponha no lugar.
Não era raiva na voz, mas ele estava rígido, vi ali minha chance de chantagem.
- Por que um livro é tão precioso? Talvez tenha o nome de sua garota...
Abri o livro novamente e antes que eu percebesse eu estava contra a estante, o livro longe de minhas mãos um de meus pulsos precionado contra a estante acima de minha cabeça, deixei um gemido escapar, o lunático colocou o livro na estante e abaixou o olhar para mim, ele abaixou o rosto até a altura do meu, muito perto.
- Não mexa nas minhas coisas.
Eu arfava de medo, mas tomei coragem para retrucar.
- Então, por que me trouxe para seu quarto?
Ele estreitou o olhar depois um sorriso brincava em seus lábios.
- Você é mesmo ousada. Não abuse de minha hospitalidade ou posso querer cobrar favores.
Com um impulso ele se afastou e virou as costas.
- Acredito que depois de conhecer o Arto não vai mais tentar fugir.
Massageei meu pulso, ele tinha impedido minha circulação, imagino que com um pouco mais de força poderia muito bem ter torcido ou mesmo quebrado. Encarei o assassino com raiva. Eu ia me vingar.

×××
Oioioi
Voltei.
Gostaram?
Tá começando a ficar interessante hein?
Estou querendo começar a trabalhar em Orange, o último inverno com ele. Um romance sutil e rápido.
Vai ser legal, por isso estou distraída. Heheheeh
E tmbm estou com pouco tempo para escrever, desculpem.
;)
Abraço virtual para vcs!!!!

Cidade de Magia - Aprisionada por EspinhosOnde histórias criam vida. Descubra agora