Eu acenei para ele.
Seria hoje, hoje e eles não iriam sofrer mais. Hoje eu iria tirar minha mãe dali e finalmente entender muitas coisas, mesmo que Sef já tivesse respondido a maioria ainda haviam perguntas a serem respondidas.Eu olhei para o gradeado, tinha medo de ver eles feridos agora que pensava um pouco, eu estava nervosa.
- Sef, o que eles estão fazendo lá em baixo?
Ele não se alterou, não devia ter mesmo nenhuma relação a aquilo.
- O mestre decidiu colocá-los em uma série de jogos de sobrevivência. Eles lutam contra criaturas e atravessam caminhos de obstáculos. É tudo tratado como um espetáculo, para eles.
Ele trincou os dentes, senti raiva na sua voz, definitivamente...
- Por que? Por que o mestre quer dar a eles divertimento?
- Os vampiros são os únicos que estão apoiando ele, além daquela bruxa e do deus.
Mas dúvida ainda me aflingia. Eu tinha que perguntar.
- Sef, - ele olhou para mim, talvez eu estivesse errada em perguntar, talvez aquilo o magoasse, mas sentir duvida com relação a ele deveria ser pior, por menor que fosse. - você tem alguma... Você tem algo haver com isso?
Compreensão refletiu em seus olhos. Ele soltou minha mão e me segurou pelos braços, um gesto exposto demais, ameaçador.
- É a única chance de eles continuarem vivos. - Não. - Era isso ou levá-los para a morte, um por um, sem parar. Então eu... - Não. - eu dei a idéia.
Não!
Apertei minhas unhas nas palmas, prendi a respiração. Eu me sentia traída. Me sentia estilhaçada. Eu tentava entender ele, tentava absorver a parte de era isso ou a morte, mas ainda não conseguia afastar aquela revolta dentro de mim. Eu não vi mais seu olhar, não deixei que seu toque gentil me atingisse, me virei de costas.
- Apenas me avise quando for a hora.
Não podia vê-lo. Se o olhasse veria o assassino de novo, se o olhasse poderia odiá-lo.
Uma lágrima escorreu. Eu não podia me permitir ter aquela visão dele. Não quando, mesmo que aquilo significasse o fim de sua ligação com seu precioso mestre, ele estava me ajudando. Podia estar tão quebrado quanto eu naquele instante. Por mais egoísta que eu fosse não poderia fazer aquilo com ele, não poderia quebrá-lo mais. Ele era tudo que eu tinha ali.
Por isso caminhei até o gradeado, empurrando vampiros que não se importavam com as cotoveladas, fiz isso e olhei para baixo.
Um, dois, três... quantos tinham na guarda antes? Deveriam ser mais de vinte, agora eram dezessete. Meu coração apertava ao reconhecer alguns rostos. Me concentrando naquela tarefa e ignorando os pedaços de meu coração que caíam e se tornavam pó e fumaça.
Reconheci primeiro o alf que nos guiou, eu e Lan, ele se destacava logo atrás de todos, ou seria à frente? Não me lembro do nome dele... Vi Lan! Seu longo cabelo escuro era o seu destaque, ela não parecia bem. Estreitei meus olhos e vi que um de seus braços devia estar completamente enfaixado, o tronco também... do lado dela estava Than, ele parecia bem, invicto, do seu lado estava Ryan, eu suspirei de alívio ao ver aqueles com quem eu mais me preocupava inteiros. O alívio superou a dor que eu sentia por Sef. Por agora eu estava bem, mas ainda assim, muitos morreram. Mesmo que a intenção dele fosse os ajudar... eles morreram.
- Abram os portões!
O mestre gritou e todos gritaram e aplaudiram, como podiam haver tantos? Todos os vampiros apoiavam Eric? Eu estava certa, então, vampiros não são confiáveis, com exceção de Lan e Min e Liang, provavelmente.
Obrigada.
O que? Pisquei, mas logo eu estava desesperada novamente, aqueles... aqueles que saíam dos portões de ferro e faziam os sobreviventes da guarda se aglomerarem ainda mais eram cães e pelos olhos vermeljos brilhantes e pela pelagem escura e arrepiada eu podia dizer, eram cães infernais. As imagens grotescas do livro dos portadores me assombraram. Eles não deviam atacar aqueles que não estavam prestes a morrer ou que não seriam enviados para... bem, nem que não tinham feito acordos. Então, por que eles corriam com suas bocarras abertas na direção da guarda?
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Cidade de Magia - Aprisionada por Espinhos
FantasyEles foram capturados. Toda a guarda da Cidade dos Contos está presa. Nas mãos de um mal já conhecido, mas não por Tirya. O rei sem coroa finalmente aparece e com ele traz um passado que o liga a ela de uma forma inesperada. Um amigo antigo retorna...