O inimigo

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- Lan!
Eu respondi sentindo esperança, alívio, pavor, tudo ao mesmo tempo. A voz dela tinha sido muito baixa e um pouco distante.
- Você também está presa?
Abaixei meu tom de voz percebendo que estávamos nas mãos de um inimigo que poderia muito bem estar naquele mesmo corredor.
- Estou.
- Está ferida? Consegue ver alguma coisa?
- Não. Tudo que vejo é a parede do corredor. Minha cela é pequena demais e quente como o inferno.
Apertei mais as barras. Frias, elas estavam claramente frias.
- A minha é fria.
- O que?
Olhei ao redor e percebi que algo realmente estava errado. Mofo não cresce em lugares frios. Quente e úmido. Ali era úmido, muito úmido, mas era frio demais para mofo crescer em tanta quantidade.
- Lan, algo está errado.
- Caladas!
Escutei a ordem ecoar pelo corredor, me afastei das barras. Os passos eram como as batidas de meu coração acelerado. Me encostei no lado oposto, minhas costas ficando sujas com o musgo. De que lado vinha, eu não sabia, devia ser proposital. Os passos pararam, mas não na frente da minha cela, então suspirei aliviada, mas a voz ecoou pelos corredores como um trovão.
- Da próxima vez que eu escutar sussurros vou me certificar que uma das duas nunca mais abra a boca ou faça um som mínimo.
A ameaça deixava tudo para a imaginação e ela era cruel. Me encolhi pensando que aquelas palavras foram ditas diretamente para Lan. Podia imaginá-la tanto se encolhendo quanto enfrentando com o olhar.
- Não gosto de danificar mercadoria, mas posso fazer de um jeito que ninguém veja...
Escutei um baque.
- Calado! Não sabe que o senhor já falou para deixar essas de lado. Apenas as abandone aí até morrerem de fome.
Eu já tinha escutado aquela voz áspera.
- Vamos, ele está chamando todos. Acho que finalmente vai punir aquele desgraçado. Mais tarde, se quiser, podemos nos divertir.
- Você sempre me interrompe e me diminui. Um dia serei mais valorizado que você.
- Isso é impossível. Você não tem minha beleza...
- De crocodilo.
As vozes se tornaram distantes demais para serem escutadas. Esperei um bom tempo antes de falar novamente.
- Lan, você está bem?
- Nós temos que sair daqui.
- Eu sei.
Falei me abraçando.
- Se vocês vão tentar fugir, vão precisar de ajuda.
Uma voz rouca se pronunciou.
- Quem é?
Lan perguntou exaltada. Decidi deixar aquilo para ela, eu não conseguia pensar direito.
- Estou aqui a mais tempo que vocês. Posso ajudar.
- Se está aqui a mais tempo significa que não consegue fugir.
- Eu sei como. Só não posso fazê-lo. Se eu ajudá-las, terão que me ajudar. Quero sair daqui.
A voz era de alguém que não falava a muito tempo.
- Por que se propõe a isso? Como podemos confiar em sua palavra, que não é um deles?
- Porque não têm outra escolha. E ninguém é preso aqui tem muito tempo. Devem ter lotado as outras celas. Devem estar perto de conseguir o que querem.
- Quem? Quem é o inimigo?
- Ele é um idiota que acha que pode acabar com tudo, um idota que quer vingança e faz de tudo para conseguir o que quer.
- Qual... - perguntei nervosa - Qual o nome dele?
A voz se encheu de ódio, de raiva e um sentimento tão grande de ressentimento que achei ter algo mais naquela história.
- Eric.

×××
Pessoal, estou avisando que terão dias do mês que não dará para publicar. Talvez a cada dois, três dias da semana tenha cap.
Estarei ocupada, desculpem.
Mas o livro não terminou. Ainda há muitas coisas importantes....
E com certeza haverá outro volume.

Cidade de Magia - Aprisionada por EspinhosOnde histórias criam vida. Descubra agora