Conto de gato

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Naquele dia eu tinha visto Ryan, decidido confiar em Sef, recebido meu anel de volta e sabia que teria de roubar um livro de uma bruxa, muita coisa para um só dia, mas ainda podia me surpreender, e foi o que aconteceu quando Sef me mostrou a "coisa", ou melhor, animal.
Depois de sair do quarto e segui-lo pelo corredor na direção de um rosnado terrível eu vi uma sombra preta pular na minha frente, eu também pulei, só que para trás, até ver que eu já conhecia aquele gato.
- O gato comeu sua língua, garota?
Ele lambeu uma pata e depois me encarou.
- Aaron?
- Conhece algum outro gato falante? Que eu saiba, não existem muitos por aí.
- O que faz aqui?
- O outro garoto me trouxe.
Então encarei Sef.
- Como...? Por que...?
Sef sorriu de lado.
- Não gostou? Pensei que estivesse cansada de ver apenas a mim durante todos esses dias.
- Não é isso.
Uma resposta para tudo que ele tinha dito. Apesar de eu não estar muito feliz no começo agora poderia suportar ele muito bem.
- Eu encontrei ele no inverno.
- Eu não estava com vocês durante a batalha, quando vi as sombras estava muito longe.
A voz de Aaron ecoava pelas rochas como a voz de um narrador.
- O que aconteceu?
- Que tal irmos para um outro lugar antes?
- Me sigam.
Aaron se levantou e andou à frente com o rabo indo de um lado para outro. Questionei Sef com um olhar e ele apenas seguiu o gato.
Era um quarto minúsculo com muitas teias e tão pequeno que quase podia ser chamado de armário, mas tinha uma cama estreita e a porta fechou-se quando eu e Sef nos sentamos nela, pó subiu no ar, visível mesmo naquele escuro, Sef tinha pego um dos candelabros do corredor, duas velas tinham se apagado. Me perguntava quem poderia dormir ali, em que condições e que tipo de pessoa.
- Than sempre me manda reconhecer o perímetro. O problema daquele lugar é que é muito frio, então não pude ir muito longe no primeiro dia. No segundo eu tinha saído havia apenas duas horas quando uma tempestade começou e no terceiro vocês chegaram, foi tranquilo, no quarto dia eu tinha que terminar, estava demorando muito, então fui mais longe, foi quando atacaram, eu vi as sombras passarem por mim, mas não tiveram interesse, eles foram direto para o acampamento, nem correndo pude alcançar, porque um deles ficou para trás, era ele a fonte de toda trevas, ele não me viu, então subi uma árvore e me escondi. Um pouco depois ele ficou furioso e seguiu atrás dos outros. Eu fui até o acampamento assim que ele saiu, mas quando cheguei encontrei corpos, dos guardas e das criaturas. - eu podia sentir o nojo em sua voz - Esse infame carregou criaturas das trevas com ele. São coisas terríveis e sanguinárias, sem nenhum controle ou respeito ou honra... - ele tomou um tempo para se recompor e então continuou. - Esse garoto apareceu quatro noites atrás, no inverno, e me disse que sabia onde estava a guarda. Ele sabia quem eu era.
- Ele sabe de todos.
Olhei para Sef esperando que ele dissesse algo, mas quem continuou a falar foi Aaron.
- Estive reconhecendo o lugar, descobri coisas bem interessantes.
- O quê?
Sef parecia ansioso por aquilo. Aaron pulou da cama e seguiu até o canto da minusculosidade do quarto e empurrou com a cabeça uma pedra. No instante seguinte o som de rocha roçando com rocha preencheu meus tímpanos e o ar foi sugado do lugar, quando eu e Sef nos viramos havia um corredor atrás de nós. Sef se virou para Aaron.
- Mostre onde vai dar.

×××
Come q cs tão?
Enfim, dessa vez demorei, foi mal. Mas cá estou.
Estou falando isso com muita frequência.

×××

Hoje estaremos falando dos Kitsune, as raposas.
Elas são figuras bastante presentes na cultura oriental, vistas de diversas formas, deuses e como espíritos malignos.
São conhecidas por serem muito sábias e capazes de responder qualquer pergunta, há quem diga que podem ver o futuro!, por isso eram invocadas por algumas pessoas importantes para ajudar a decidir os rumos de alguma coisa. Existe até uma história de um imperador que consultava uma raposa e que se apaixonou por ela, mas depois de ser acusada de ser uma raposa e que era a causadora da fraqueza do imperador ela sumiu e nunca mais foi vista.
Elas podem ser invocadas e existe uma brincadeira no Japão de invocar uma dizendo: Apareça raposa! Ou Gugure kukkuri-san!
(Tem um anime com esse nome ^^)
As raposas possuem diversas habilidades, além de serem muito sábias, elas podem criar bolas de fogo purificadoras e destruidoras, podem se tornar humanas, assumindo qualquer idade e sexo, dominam diversas artes, são muito belas e sedutoras.
Algumas gostam de enganar as pessoas e essas são ruins. Existem as boas e as ruins, as protetoras e as destruidoras.
Elas são divididas, além da inclinação luz trevas, pelas caudas. Uma raposa ganha uma cauda a cada 200 anos, sendo a de 9 a mais sábia e poderosa.
Elas vivem por muito tempo - suspeita-se que são imortais - e por isso , também, se tornam tão inteligentes.

No universo de Cidade de Magia, elas se tornaram muito raras, tanto que nem possuem uma cidade própria, elas não são muito conservadoras, mas algumas , como os pais de Shun., são muito. Por serem poucas elas não se aliam muito e vivem por todas as cidades, são uma das poucas espécies que pode entrar em quase qualquer cidade, sem nenhuma burocracia.

No caso de Shun, ele tem até uma noiva, de verdade, mas ele não pretende aceitar isso, por ser liberal.
A pureza das raposas se tornou ainda mais raro que elas, já que as raposas adquirem varios parceiros no decorrer da vida, pois a maioria morre antes delas, então uma raposa sempre consegue ter algum filho mestiço que se torna raposa, mantendo o número.

O Shun é um realmente raro, por ser puro e uma raposa branca.

Personagem: Shun Aitsune

Cidade de Magia - Aprisionada por EspinhosOnde histórias criam vida. Descubra agora