Vocês deviam estar pensando que eu vos tinha deixado, mas cá estou eu. Com um capítulo de um tamanho aceitável.
×××As pessoas voavam por todos os lados, as ruas não existiam, no chão havia apenas grama, flores, corregos e a base dos prédios altos que lembravam as gigantescas árvores seculares, as portas eram abertas para o próprio céu, poucos andavam como nós, era como se o desenvolvimento e a natureza tivessem encontrado seu equilíbrio perfeito, arranhaceus erguiam as plantas no ar, as paredes cobertas por trepadeiras, janelas com flores, árvores na cobertura e muitos sorrisos. Haviam crianças voando, correndo, brincando de passar rápido pelas pessoas, com sorrisos e gargalhadas que enchiam meus ouvidos, também haviam muitos pássaros, principalmente beija-flores, abelhas zumbiam por todos os lados e era possível escutar música ecoar entre os prédios.
As pessoas eram muito felizes, ou ao menos pareciam, e aquilo era contagiante, enquanto eu andava pela grama ganhei uma flor de uma fada, assim como Sef, todos sorriam para nós, cumprimentavam mesmo a forasteiros como nós os tratando como se vivessem ali a tanto tempo quanto eles. Era tanta alegria que esqueci todos os meus problemas, se é que eu tinha algum. Quando avistei de onde vinha a música me encantei ainda mais, em uma praça centrada em um lindo lago com belas árvores frutíferas e rodeada de pessoas e comerciantes estava o grupo de músicos com casais dançando descalços sobre a grama, as mulheres erguiam as saias de seus vestidos longos e dancavam com alegria, os homens as acompanhavam com o mesmo entusiasmo e as pessoas ao redor aplaudiam. Arrastei Sef por entre pequena multidão até que eu pudesse ver os dançarinos de perto. Era tudo tão encantador. Me envolvi com a música e logo batia palmas no ritmo junto aos outros, um largo sorriso se fez em minha boca.
A música não parou, mas os dançarinos cansaram, nem quando pararam os aplausos diminuíram. Me virei para Sef ainda alegre, os olhos dele também brilhavam, mas seu sorriso era bem mais resguardado que o meu.
- Essa Cidade é linda!
- Sim, mas não se deixe levar muito por eles ou nunca vai querer sair. As fadas são tão atraentes quanto a voz de uma sereia.
Aquilo me tirou o céu, eu tinha um pequeno desgosto a sereias e por isso meu humor foi significativamente abalado.
- Então, vamos pegar o bauk aqui?
Sef olhou ao redor.
- Vamos encontrar um quarto primeiro.A hospedaria ficava em um dos prédios, é claro, a partir do terceiro andar. Enquanto Sef conversava com a senhora gentil de cabelos roxo eu me perguntava, observando da varanda, como eles tinham construído aquelas escadas para o céu sem nenhuma tecnologia, como aquilo se sustentava, imaginei se por voarem ajudava, ou mais magia no meio de tudo, como nas casas minúsculas gigantes por dentro, a casa de Kuroki.
Ainda subimos mais um andar, as escaas eram pouco cuidadas e muito robustas diferentes de todo o resto, o quarto tinhas as paredes cobertas por papeis com desenhos florais, haviam vários jarros de pequenas plantas, as camas com conjuntos de lençóis brancos como a neve e a janelas abria-se para ruas aéreas com muitos voadores. Haviam tantas pessoas ali que eu me perguntava se aquela cidade não era maior que a "capital".
- O que você tem que fazer aqui?
Eu perguntei depois de um longo silêncio em admiração.
- Observar uma pessoa.
- Titania?
Um nome familiar. Sef não iria falar, o andar pesado, os ombros elevados e a seriedade dele me diziam aquilo.
- Tirya, o que eu faço...
- Não é algo bom?
Aquilo era óbvio, as coisas que vi naquela prisão que ele chamava de lar, a sombriedade que pairava sobre aquele mestre que devia ser o herói dele, mas o vilão de muitos, tudo era indicador que ele estava do lado errado na história toda, um mocinho deslocado, foi o que pensei imediatamente e com isso percebi que já apreço por ele, além do que tinha imaginado. Um suspiro e logo eu pensava que ele também não queria estar daquele lado.
- Bem... mal... gentil e cruel, tudo isso depende muito do ângulo.
- Nem sempre. Matar, para mim, sempre é cruel e mal.
Eu tinha feito aquilo, mas não ia desmoronar de novo, não naquela cidade. Sef olhou para o lado, fuga, mais uma vez eu ia ajudar alguém a fugir do centro real da conversa.
- E quanto a mim? Por que me trouxe se pode simplesmente abrir a porta?
Ele deu de ombros, menos tenso graças a minha deixa.
- Imaginei que gostaria de mudar de ambiente.
- Certamente gostei.
Mesmo sendo a única a estar ali eu ainda não conseguia deixar de estar feliz por isso. Levei a mão ao pescoço e senti falta dos colares então afastei minha mão de lá e procurei me concentrar no que eu tinha ali, mesmo que não fosse muito. Lembrei do que Sef tinha dito ao chegarmos.
- O que você disse que tinha para mim mesmo?
Ele não tinha dito com o calor da emoção. Sef sorriu exibindo os dentes perfeitamente retos e andou na minha direção, seis passos nos separavam antes, agora apenas ar, ergui o olhar para alcançar o dele, assim como ele abaixou o próprio, daquele jeito eu conseguia ver melhor as runas das tatuagens dele que terminavam no pescoço, os traços bem delimitados do mais escuro preto, manter aquele olhar não era difícil, era fácil ficar explorando aquele verde intenso e único. Senti a mão dele em meu rosto, a pele áspera era mais um traço que eu anotava dele, então a outra mão e as duas desceram para meu pescoço se unindo abaixo da nuca então eu senti aquele conforto que me faltava.×××
Foi quase um mês. Mas quand digo que não largo vocês nem essa história de mão é serio!
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Cidade de Magia - Aprisionada por Espinhos
FantasyEles foram capturados. Toda a guarda da Cidade dos Contos está presa. Nas mãos de um mal já conhecido, mas não por Tirya. O rei sem coroa finalmente aparece e com ele traz um passado que o liga a ela de uma forma inesperada. Um amigo antigo retorna...