Reencontros (parte 2)

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Quando eles chegaram foi um grande alvoroço, Claren logo preparou mais comida e tratou de arrumar um quarto para o receber, Britta se enfurnou no quartinho de feitiços dela e eu percebi que toda bruxa devia ter aquilo e ter um espaço para fazer as poções no caldeirão, me perguntei como era o quarto de Claren. Liang ainda estava desacordada quando eles enfim chegaram.
Sefran e meu pai estavam ali, à porta daquela casa que eu chamava de lar. O homem da minha vida e aquele quem eu amava juntos. Papai ainda tinha o aspecto frágil e a memória continuava a mesma, já tinha tomado o cuidado de avisar Claren e Britta, meu medo era Liang.
Aquele momento de encontro foi lindo. Ele chegando e olhando ao redor, certamente com uma sensação de nostalgia, mesmo que não soubesse o porquê. Ele se sentou e comeu com as duas e conversou. Claren não parava de escapar para chorar um pouco até que sua atenção por fim se voltou para Sef e o questionário caiu sobre ele. Claren era exatamente como uma mãe a meu respeito. O que eu não entendi foi como Sef conseguiu conquista-la em algum momento que devo ter perdido. Por estar prestando atenção em Britta.
Ela estava estranha, muito quieta e comendo a comida de Claren sem reclamar por ter apenas chá. Ela também não falava quase nada e olhava para meu pai com desconfiança. Tinha algo de muito errado ali, muito mesmo.
Minha mente parou de divagar na suspeita com a súbita invasão.

O eco dos passos pesados pela casa me fez sentir como se estivesse em um filme de terror. Cada baque um golpe em minha coragem. Sef segurou minha mão, ele estava pronto para qualquer coisa. Mas eu não estava pronta para aquilo, de maneira alguma e nunca estaria.
Trent entrou na sala.
- Maika, o Conselho a convocou.
Claren se levantou.
- Que loucura você está falando?
Ele olhou para Claren e depois para meu pai, Britta, Sef e por fim, eu.
- Eles querem discutir sobre Eric. Querem saber tudo.
- Minha menina não vai para aquele lugar.
Sef apertou minha mão com força e eu entendi o porquê daquela preocupação toda, do porquê manter o que eu era em segredo. As histórias se interligaram. Era perigoso para mim andar em qualquer lugar ali, pela perseguição de Eric e pela do Conselho.
- Claren, ela precisa ir. Estamos encurralados de qualquer forma.
Ela avançou e quase ficou na ponta dos pés para falar.
- O que exatamente eles querem?
- Eu não sei.
- Mas você não está no Conselho?
- Sim! Mas não vou a todas as reuniões idiotas deles. Eu estou ocupado tentando manter a ordem nessa cidade! - Ele olhou para mim - Você precisa ir.
Sef apertou minha mão mais uma vez e eu apertei a dele.
O que poderia ser pior que Eric? Que perder meu amigo, ficar longe de quem amo? Ver quem tenho apreço por sofrer e sangrar?
- Tudo bem. Vamos.

Cidade de Magia - Aprisionada por EspinhosOnde histórias criam vida. Descubra agora