Amigo?

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O lobo negro gigante estava na minha frente. Era mesmo o Sef. Os olhos verdes se destacando como duas joias brilhando na escuridão. Por aquele lobo eu sentia gratidão, ele eu imaginava como amigo, um herói. Mas...
- Sef?
Ele voltou à forma humana.
- Sei que não vai acreditar. Que vai preferir enfrentar os vampiros. Mas... eu sou seu amigo. Eu quero ajudá-la.
Aquelas palavras... eu não podia estar mais surpresa e incrédula. O que era aquilo? Algum tipo de brincadeira? Uma pegadinha? Um novo truque para manipulação?
Ele andou de um lado para outro e depois parou e se agachou na minha frente.
- Eu sou Sef. Eu estive com você a ajudei antes. Isso é o suficiente para confiar em mim?
- Mas... isso é impossível.
Não. Não era. O lobo na floresta, a aparição dele na festa como um lobo, depois os olhos. Eram os mesmos. O verde intenso... Ele tocou em mim e eu me encolhi. Ele se afastou. Tão diferente daquele assassino, como se ele tivesse dupla personalidade.
- Por que?
Consegui pronunciar. Ele se sentou do meu lado, sem me tocar. O rosto dele suave e os olhos, agora eu não parava de olhar para eles como se visse pela primeira vez. Como se enxergasse o lobo neles.
- Você não se lembra? Eu estava com você antes. Só nunca disse meu nome.
Sefran. Eu não podia acreditar. Não. Por mais que pudesse muito bem ser verdade.
- Mas você é um assassino. Matou bem na minha frente e...
Ele fechou os olhos e eu deixei de ver o lobo neles. Eu tremia.
- Eu não sou inocente, mas você ainda é, passarinho, eu vou tirá-la daqui. Mas preciso que me ajude.
- Como... como espera que eu aceite tudo isso? Que eu acredite.
Ele tentou tocar em mim mais uma vez e eu me encolhi de novo. Aquela mudança repentina... Não era algo que uma pessoa normal, com razão, iria aceitar com facilidade. Minha cabeça parecia que ia explodir. Um assassino sendo gentil e dizendo que era meu amigo?
- Tudo bem, vamos devagar. Não posso provar nada agora e sei que se dizer mais vai apenas duvidar e ignorar. Mas se tiver paciência posso mostrar para você.
Ele me encarou por um bom tempo e eu acenei, mais para mim que para ele, grande parte de mim não conseguia acreditar, mas uma pequena parte gritava para confiar nele, talvez a parte que via o lobo. Ele se levantou e voltou à mesa.
- Não posso necessariamente lhe dar privacidade, isso é o melhor que posso fazer.
- Mais cedo quando pediu por privacidade você...
- Não estava falando com você. Posso explicar depois, se quiser, imagino que agora queira pensar sozinha.
Me calei e abracei uma das almofadas da poltrona. Muita informação. Nunca pude lidar com esse tipo de coisa, da última vez acabei pertubando uma certa raposa. Sorri ao lembrar de Shun ao mesmo tempo em que sentia tristeza. Como ele estaria naquele instante? Bem melhor que eu, esperava.

×××
Pediram, eu atendi.
;)
Eu sei que vcs me amam!
Kkkkk

Cidade de Magia - Aprisionada por EspinhosOnde histórias criam vida. Descubra agora