O eco de minha respiração soava em meus ouvidos. Quando me movi senti a dormência em minhas pernas e dor no pescoço. Ergui minha cabeça, eu estava sentada, encostada em duas paredes de pedra, estava escuro, mas claro o suficiente para ver o que tinha na minha frente. Grades, barras. Eu estava presa. Me inclinei não acreditando. O que tinha acontecido? A imagem de sombras envolvendo tudo tomou meu cérebro. Não. Não não não...
Vi uma forma se mover do outro lado, se sentando no solo. Fiquei apavorada. E se tivessem me colocado ali para ser devorada? Mas isso logo passou quando vi os olhos azuis estelares. Me arrastei pela cela até estar próxima dele, Ryan ainda assimilava o ambiente ao nosso redor. Percebi que havia outro corpo deitado ali nas sombras, mas não podia ver nada além de um curto cabelo loiro.
- Ryan.
Ele olhou para mim, aparentemente devia estar dormente em algumas partes também.
- Nós perdemos.
Minha afirmação era clara e óbvia, mas enquanto não tinha falado em voz alta ainda não podia acreditar. Perdemos para um. Um. Ryan passou a mão pelos cabelos e depois pelo rosto.
- O que era aquilo?
Ele sussurrou baixinho, mas mesmo um tom tão baixo ecoava pelas paredes. Vi os pensamentos deixarem seus olhos quando ele os voltou para mim novamente.
- Se feriu?
Olhei para meus braços e mãos, percebi que a palidez tinha me deixado e agora eu tinha a cor normal. Estava intacta.
- Não... Você...?
- Eu estou bem.
Não era a resposta que eu queria. Ele sabia, sabia que eu estava preocupada por ele ter usado seu inscius quando o deixa tão fraco, mas não iria falar daquilo. O corpo se moveu e vi que Fray se sentava, os olhos dela eram de alguém que tinha passado a noite inteira acordada, ou que dormiu demais, ela olhou para Ryan depois para mim e bocejou esticando os braços.
- Vocês acordaram muito cedo. Fiquem calados e me deixem dormir ao menos.
Ryan estreitou o olhar.
- Faz ideia da situação em que estamos?
- É claro. Não sou idiota, idiota. E é exatamente por isso que eu quero dormir. O que mais dá pra fazer quando se está preso?
Eu vi a raiva emanar de Ryan como aquela áurea negra que não o acompanhava mais.
- Podemos discutir um jeito de sair deste lugar maldito.
Fray agitou a mão para ele.
- Eu já verifiquei a cela. Nenhuma abertura além daquela - ela apontou para as grades - e são de ferro, as paredes têm algum tipo de feitiço. Estamos presos, Ryan, aceite que não há escapatória.
Ruan exibiu os dentes em uma expressão de raiva animalesca. Fray sabia como deixá-lo irritado. Toquei no ombro dele.
- Ryan...
Parei de falar quando escutei o ecoar de passos pelo corredor além das barras.
- Revistam todos!
A voz soou distante, autoritária. Diversos passos se seguiram ecoando e depois de segundos dois homens vestidos exatamente iguais estavam em frente à nossa cela.
- Temos os três acordados aqui!
Um deles gritou. Demorou exatos dez segundos para uma serem respondidos.
- Dêem um jeito nisso.
Um deles moveu algo do lado de fora e as barras se ergueram escondendo-se acima da linha do teto. Eles deram passos para dentro. Vi Ryan estreitar os olhos para eles, tentava usar seu inscius, antes que eu dissesse qualquer coisa para impedir Ryan fui atingida na cabeça e voltei para o escuro.
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Cidade de Magia - Aprisionada por Espinhos
FantasyEles foram capturados. Toda a guarda da Cidade dos Contos está presa. Nas mãos de um mal já conhecido, mas não por Tirya. O rei sem coroa finalmente aparece e com ele traz um passado que o liga a ela de uma forma inesperada. Um amigo antigo retorna...