Acreditar ou fingir acreditar. Eu estava no meio dos dois, sabia que se acreditasse não seria por completo e se fingisse podia enganar a mim mesma. Então decidi continuar no meio até ter mais meios de testar aquele assassino. Nele eu via os dois, o assassino e o lobo gentil, por mais que soubesse que eram um só não conseguia vê-los como um só. Me martirizei com esses pensamentos duarante o que achei serem horas até me levantar e esperar a dormência abandonar minhas pernas antes de andar até ele, com cautela. A mesa dele tinha muitos desenhos feitos com o grafite, rabiscos muito bons se eu pensasse nos meus, mas ainda não era o mesmo que minha mãe fazia, anos de experiência talvez os separassem.
- Já se decidiu sobre o que pensa de mim?
Ele parou de rabiscar o desenho de uma casa, uma janela aberta com cortinas fechadas.
- Quero fazer perguntas.
Ele ergueu o rosto para mim, agora o verde se destacava mais, como se o lobo gritasse para que eu visse apenas ele.
- Vá em frente.
- Quero que responda com a verdade.
Eu não confiava muito nas minhas habilidades para detecção de mentiras então o que me restava era exigir a verdade e esperar que me fosse dada.
- Jamais mentirei para você.
Parecia sincero. Satisfeita fui até a parede e me encostei nela permitindo que ele ficasse em uma posição mais confortável, permaneci em pé pois já estava cansada de ficar sentada por tanto tempo. Cruzei meus braços e me senti um chefe corporativo fazendo entrevista a um pobre estagiário lutando para conquistar uma vaga definitiva. Limpei minha garganta e desviei meus olhos dos dele, eram uma distração, me foquei na tatuagem que surgia abaixo de sua manga curta e acima da gola da camisa parando na metade do pescoço como se eu fosse ler aquelas escrita estranha, como se minhas perguntas e suas respostas estivessem ali, como se fosse um conto de fadas novo que deixei de ler por não apreciar muito os livros.
- Seu nome, qual é?
Eu pretendia ir devagar, coisas simples primeiro, depois o que realmente interssava.
- Eu já disse. Sefran.
- Completo, por favor.
Ele fez uma careta que vi com a visão periférica, o que atraiu minha atenção para seu rosto, me traí ao ver o lobo nos olhos dele.
- Não tenho nada além disso.
- Por que?
- Não fui criado por uma família. O homem que cuidou de mim quando criança não me ofereceu nem o próprio nome, ganhei um apenas muito tempo depois.
Cruzei meus pés me apoiando completamente na parede percebendo que aquele era um assunto desconfortável, eu tinha entrado na zona de risco dele com a primeira pergunta.
- Tudo bem. Então... quantos anos você tem?
Não podia ter algo mais simplório e menos arriscado que aquilo.
- Dezenove.
Ok, não era uma centena de anos como Kuroki ou Ryan, ou muitos da guarda. Um bom sinal.
- O que você faz da vida?
Eu estava indo pra a zona mais uma vez, pude ver pela forma como ele se remecheu na cadeira. O sorriso brotou em meus lábios, ele era mais fácil de ler que aparentava.
- Apenas sirvo o senhor.
- Quem é ele?
Não me segurei mais.
- Não o conhece. - ele respondeu com pressa, quase querendo dizer para não lidar com ele.
- Por que o serve?
O deixei fugir da pergunta.
- Devo minha vida a ele.
- Foi ele quem te criou?
Ele negou.
- Ele me deu meu nome e uma vida.
Não parecia muita coisa considerando o nome estranho e a vida de servidão. Nesse ponto senti empatia por ele, não pena, mas algo como se eu quisesse arrastá-lo para longe dali, só para vê-lo correr como lobo por um campo aberto, sem amarras ou grilhões, físicos ou não.
- O que é esse lugar? Onde fica?
- É um castelo antigo, esquecido pelo tempo e pela humanidade. Estamos em algum lugar no que chamam de Ásia.
Então não estávamos mais entre as Cidades, mais uma vez de algum jeito estavam levando todos para fora. Por que?
- O que querem com todos nós?
- Eu não sei. O senhor não falou para uma única pessoa. Apenas ordena e nós obedecemos.
- Nem mesmo uma idéia?
- Ele pede vigilância em uma cidade. Quer que congelemos contos, que sequestre pessoas. Que persiga algumas e descubra a localização de outras. Que tenha mais servos. Ele é bastante abrangente.
Permaneci em silêncio e vi que não teria mais informações ali então mudei o alvo de minhas perguntas para ele de novo.
- O que dizem as tatuagens? Para quê elas?
Ele olhou de relance para o próprio ombro.
- São uma lembrança do que sou.
- E o que você é?
- Um ladrão assassino.×××
I wish U a merry Christmas!
Feliz natal.
Aqui está meu presentinho.
Aproveitem bem;)
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Cidade de Magia - Aprisionada por Espinhos
FantasyEles foram capturados. Toda a guarda da Cidade dos Contos está presa. Nas mãos de um mal já conhecido, mas não por Tirya. O rei sem coroa finalmente aparece e com ele traz um passado que o liga a ela de uma forma inesperada. Um amigo antigo retorna...