O prisioneiro

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Eric. Não podia haver só um, certo?
Mas a ideia não me deixava.
- Vocês vão precisar encontrar uma pedra solta, grande, mas não muito, que vocês possam lançar com força. Durante a noite os guardas vêem a minha cela...
- Para quê?
Interrompi, silêncio foi minha resposta.
- Eles vêem, toda noite. Vocês devem falar com eles, provocá-los, toda noite, por três dias, deve ser o suficiente para vocês moldarem as pedras, façam pontas que possam furar. Durante todo o dia moldem as pedras, consigam outra. Na terceira noite jogem as normais contra eles, vocês vão ter que acertar, eles vão ficar com raiva, são voláteis, então quando se aproximarem das barras os agarrem e coloquem as pedras afiadas nas gargantas deles. Perder sangue é a segunda pior coisa para eles. Os ameacem, eles vão deixar vocês sairem, mas assim que soltar eles se preparem, vão tentar matá-las. Espero que tenham um bom combate corpo a corpo, tomem as armas deles e os matem. Matem ou eles as matarão.
- Eles são vampiros?
Lan questionou, eu senti sua decepção.
- São. Escravizados.
Era um bom plano.
- Depois que pegarem as chaves venham até mim, minha cela está no final do corredor, me libertem.
Era um bom plano, bom e sem artimanhas demais. Só precisávamos arranhar e agarrar, depois matar.
- E quem é você?
Estavamos correndo um risco, confiando em um estranho que poderia muito bem ser mais um inimigo. Eu não podia questionar Lan se íamos mesmo ajudá-lo se fossemos bem sucedidas.
- Esqueci meu nome há muito tempo.
- O que fizeram com você?
Atrocidades invadiram minha mente, e eu entendi a voz rouca, entendi porque ela parecia distante demais, e eu senti por ele.
- Coisas terríveis, por muito tempo. Existem coisas que não esqueço, coisas importantes, mas existe um limite de coisas que podemos guardar na mente depois do que passei. Espero que saiam daqui o quanto antes, garotas.
- Por que fizeram o que quer que seja com você?
Lan questionou, senti que ela estava cedendo a ele, começando a acreditar, mas a desconfiança e cautela permaneciam.
- Por ter amado e por ter sido amado.
Eu senti o peso naquelas palavras, ele ainda amava, mesmo estando ali.
- Está aqui por quanto tempo?
- Anos, deixei de contar no terceiro mês, mas sei que foram anos, pude ver o rosto de Eric mudar e como ele conseguiu aos poucos juntar servos, como o primeiro cresceu. Foram anos.
Anos ali, anos trancafiado e mantido vivo apenas para ser torturado, estar ali por anos, sozinho já era uma tortura.
- Para onde vai... quando sair?
- Vou procurar por aquela que amo.
Não me importava se era verdade ou não, eu iria ajudá-lo, sua voz se encheu de ternura, mesmo naquele lugar escuro e úmido, quando falou de seu amor, se ele podia fingir aquilo tão bem então devia ter alguma verdade ali.

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