Mais uma vez vigia

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- Como?
Ele deu de ombros depois de se afastar, acariciei as correntes e alcancei a chave, senti cada relevo e detalhe dela, depois foi o medalhão, como eu senti falta deles, os soltei por um breve instante até ter a ansia de toca-los novamente, aquela cidade seria a minha favorita. Apenas sorrisos preenchiam os rostos de todos ali, inclusive o meu, o único que se negava a rir de verdade era Sef, bom talvez fosse algo dele mesmo.
- Eu tenho que ir...
- Para onde?
- Titania...
- Vai vigiar a rainha das fadas? Qual o objetivo de seu mestre com relação a ela?
Ele enfiou as mãos nos bolsos, uma clara intenção de não responder aquilo estava estampada em sua postura. O que eu esperava? Que ele entregasse uma pessoa importante para ele em uma bandeja para que fosse fatiado? Porque eu tinha certeza de que era aquilo que a guarda faria com ele se tivesse a chance.
Selei meus lábios por um segundo, sem saber o que dizer.
Resolvi deixar aquilo tangente durante nossa presença ali.
- Me leve!
Não que eu quisesse ajudar a fazer qualquer mal a Titania, na verdade eu pretendia conhecer a mulher mencionada pelo... homem na floresta, foi o último pedido dele afinal. Sef ergueu as sombrancelhas em surpresa.
- Tem certeza?
Pousei as mãos na cintura.
- Acha que não posso ficar parada observando alguém?
- Não, não acho. E não vamos ficar parados. Vai ser bem desconfortável e você vai ter que ficar sozinha por vezes.
- Tudo bem.
- Você não quer ficar sozinha ou quer ficar comigo? Se não for pode passear pela cidade...
- Eu vou!
Ele se calou e abaixou o olhar até ficar no mesmo nível que o meu, me vendo por estreitas fendas.
- Não vai comer o dia todo, vai se mexer quando eu disser que pode e como, vai ficar calada e possivelmente no calor. Tem mesmo certeza que quer ir?
Apenas acenei convictamente e ele ficou ereto, andou em direção à porta, a abriu e se virou para mim. Depois de três contados segundos ele perguntou:
- Não vem?
Então corri pela porta.

•°●°•

Aquilo era realmente bem chato depois de uma hora.
Titania era a rainha das fadas e de rainha ela tinha muito, um longo cabelo do vermelho mais intenso que a fazia parecer estar em chamas, a pele era reluzente e de aspecto macio, ela era alta e bem esbelta, tinha o porte de uma mulher poderosa e que sabia disso, ela tinha asas, mas eram diferentes de todas as que eu tinha visto por ali, translucidas em sua maior parte, sendo apenas as bordas visíveis em mais vermelho, ela era linda, poderosa, importante e passava a tarde jogando algo que eu ainda tentava compreender, ela claramente apostava aquelas fichas de pedras brilhantes e claramente estava ganhando, eu não sabia se era por habilidade, sorte ou por seus oponentes temerem sua ira. Ver a rainha das fadas gastar seu tempo jogando como se estivesse em um cassino foi realmente decepcionante, ainda mais depois de deslumbrar com a beleza dela.
Sef olhava para ela atentamente e mais uma vez eu me perguntava se era por achar a rainha bela ou por seu mestre ter mandado, de qualquer forma ele fazia seu tramalho muito bem.
O que me fez ficar ainda mais agustiada era que estávamos pbservando tudo de camarote, literalmente. Estavamos sentados em uma espécie de banco especial para plateia junto com mais várias fadas e faes todos assistindo a beldade lançar mais pedras e pegar mais peças da mesa, isso se repetia durante toda a ultima hora e eu via sentido algum naquilo tudo. Para quê tantos telespectadores e qual o sentido de um jogo que parece ter estrategia nenhuma?
Eu bufei mais uma vez e tirei os olhos da mesa para observar as pessoas naquela tenda, a cadeira ao meu lado estava vazia, Sef sentava ao outro lado e estávamos logo na frente. O fae mais próximo já tinha idade e observava a partida enquanto acariciava sua barba verde-água, a fada na minha diagonal, atrás de Sef não parava de olhar para ele, estava quase babando, fiz uma careta para ela e suspirei pela centésima sétima vez.
Então alguém sentou do meu lado, olhei para o lado e o fae sorriu para mim deum jeito gentil, ele tinha cabelos vermelhos como fogo e olhos azuis como os de Ryan, o que me entristeceu e confortou ao mesmo tempo, lhe ofereci um sorriso sincero ao lembrar de meu amigo. Ele olhou rapidamente para a mesa e depois tornou a cruzar olhar comigo.
- Ela ainda está tirando as garres?
- Garres?
Dessa vez sorriu por diversão.
- Não entende o jogo?
Neguei. Ele se ajeitou na cadeira, percebi que não tinha asas, ou as escondia.
- Veja, ela tem pedras, as drizes, elas servem para trocar por garres, que são o que permitem jogar de verdade. As garres ficam no centro da mesa e são todas aparentemente iguais, mas cada uma tem um lance ou golpe diferente sobre as outras garres. Cada jogador tem que trocar as pedras, que têm valores diferentes, pela maior quantidade de garres que puder, quando terminarem de trocar o jogo de verdade começa. A mesa é divida em centro, seção sul, norte, seções sul leste e oeste e norte leste e oeste. Cada jogador fica ou no sul ou no norte, com direito aos leste e oeste respectivos. Titania, por exemplo, está no sul, o lado preferido dela.
Do outro lado eu via um fae grande e forte e bem amarelo.
- Os jogadores divedem suas garres nas três seções de seus lados e então ativam uma delas, as garres vão para o centro e exibem sua verdadeira forma em uma batalha de golpes e lances. O conjunto de garres mais forte vence e as inteiras retornam para a seção.
- Então, basicamente, é um jogo de sorte?
Senti uma mão apertar minha perna, Sef estava chamando minha atenção, mas ainda assim não tirava os olhos de Titania. Voltei a olhar para o fae ao meu lado, ele também viu a mão de Sef em mim e olhou brevemente para ele, mas logo se concentrou em mim novamente.
- Um pouco, mas estratégia também está envolvida, você vai ver.
Ele indicou a mesa e vi que as pedras tinham acabado e agora os dois dividiam as garres. Titania sorria ao colocar todas as garres, com exceção de duas na na seção sul e depois colocar as outras duas, cada uma, em uma das seções leste e oeste.

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