Capítulo 24

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— Mas eu não preciso fazer nada mesmo? Nem passar um rímel? – Perguntei à Kristie depois de tomar um banho. Ela estava fazendo um suspense a respeito de aonde iríamos. Disse apenas que era algo especial, nada além disso.

— Nem um rímel. Pega suas coisas e vamos. Estamos quase atrasadas! – Ela falou já na porta, apressada.

— Ai amiga, eu tenho tanta coisa pra te contar! Tem certeza que não pode ser amanhã? – Falei com a voz mais mimada do mundo.

— Para de ser drama queen. – Respondeu revirando os olhos e passando a mão no cabelo. Típico símbolo de quando estava ansiosa.

— Estou indo. – Falei alongando o "o" e saí correndo em direção ao carro. Ela me alcançou, deu partida e seguimos, enquanto ouvíamos canções da Marisa Monte a meu pedido. Kristie era do tipo que preferia uma música eletrônica, mas se esforçava para ouvir algo além do seu gosto.

Não trocamos muitas palavras durante o trajeto. Ela explicou que tinha apenas três dias livres para ficar comigo, já que Adam também havia tirado alguns dias antes. Mencionar ele me fez sentir saudades. Sentia falta de nos reunirmos novamente, mas logo essas férias acabariam e teríamos a oportunidade de nos juntarmos em um happy hour.

Kris também não comentou nada sobre a crítica do livro, e eu soube por seu silêncio que ela não sabia como entrar no assunto. Ou talvez só estivesse esperando pelo momento certo, até que soltaria as palavras como uma avalanche. Ela sempre foi assim. Sincera ao extremo, mas cuidadosa. Era algo que eu admirava.

Assim que a velocidade foi diminuindo, me deparei com a fachada de um SPA. Era deslumbrante, para dizer o mínimo. Fiquei embaraçada por um segundo, pois em todos os anos em que visitei a cidade não tomei conhecimento do lugar.

— Abriu recentemente. – Kristie falou com um sorriso enorme na cara me despertando da admiração. — Vamos que hoje temos inúmeras coisas para fazer! – Ela saiu saltitante do carro, com sua grande bolsa marrom. Era confortador vê-la feliz.

Saí do carro também e adentramos o salão de entrada. Luzes fracas iluminavam o ambiente. Tudo era muito clean, composto por branco e bege. Somente algumas palmeiras nos cantos chamavam um pouco da nossa atenção. Fomos recepcionadas por uma asiática muito bonita, que nos acompanhou até uma sala grande, pedindo para que colocássemos roupão e permanecêssemos no local.

— Obrigada por isso, Kris. – Falei depois que já estávamos de roupão com o ar condicionado gelado. — Estava precisando relaxar mesmo.

— De nada, amiga. – Ela segurou o olhar no meu por alguns segundos emitindo compreensão. — Agora vamos brindar que hoje será o dia das garotas! – Sorriu largo e se levantou até a mesa do canto, que tinha um baldinho com champanhe e duas taças ao lado. Lerda como sou, não havia reparado até então.

Ela abriu o champanhe com um pouco de dificuldade, e logo estávamos nos saboreando com um misto de felicidade e tranquilidade. Depois que terminamos o segundo brinde, a porta branca foi aberta por outra mulher graciosa. Ela empurrou um carrinho para dentro e nele havia dois pratos tampados. Hum, pensei sozinha, ainda bem que chegou a comida. Ela informou que logo nos chamaríamos para a primeira sessão, e nos deixou a vontade.

E eu fiquei mais do que à vontade ao ver o delicioso pad thai que me esperava.

  🌊  

Já era perto das seis horas quando começávamos a maquiagem. Depois do almoço, fomos a uma banheira com sais, com direito a luz baixa e tudo mais. Por algum momento esqueci de tudo que me fazia perder a cabeça, e me concentrei nos aromas que me rodeavam. Depois de relaxada, fomos à depilação e às unhas. Confesso que cada sessão teve suas partes doloridas, mas eu ficava feliz a cada vez que cuidava um pouquinho mais de mim. Enquanto nossos olhos eram iluminados, uma das maquiadoras perguntou aonde iríamos.

— Essa parte eu ainda não planejei. Agora estou esperando uma surpresa da minha amiga. – Kris disse soltando um sorriso no final.

— Eu já planejei tudo, deixa comigo. – Falei sorrindo com a ideia formada. Iríamos a um boliche no centro. Seria algo divertido, no fim das contas. Poderíamos conversar melhor e ela conheceria um local que ainda não havia visitado.

Poucos minutos depois estávamos prontas, e fomos para casa nos trocarmos. Eu ainda mantinha o suspense, do mesmo jeito que ela havia me deixado curiosa. Ambas estávamos com sorrisos de orelha a orelha, e aproveitamos para tirar várias fotos juntas, como lembrança. Assim que ela estacionou o carro, avistei uma caixa com papel dourado na porta de casa.

— Amiga, lembra do admirador secreto que te contei? Olha lá! – Apontei a embalagem para ela, conforme abríamos o portão.

— Nossa, que coisa mais linda! O que será que tem dentro? Você já recebeu tantas coisas, que não sei o que mais a pessoa poderia aprontar. – Ela chegou perto da caixa e se agachou, esperando para que eu abrisse.

— Também não faço ideia. Mas deve ser algo maravilhoso. – Sorri para ela, conforme rasgava a embalagem achando que seria algo que me deixasse ainda mais feliz.

Mas não era nada disso.

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Na Sua Onda [COMPLETO] (Irmãos Soaint 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora