📚 LIVRO 1 DA DUOLOGIA IRMÃOS SOAINT
Flora é professora de português e escritora com um grande bloqueio criativo. Agora, três anos depois de lançar seu primeiro livro que se tornou best-seller, ela está passando as férias em sua casa no litoral com...
Respirei fundo após as últimas palavras de Alek. Era esse o grande momento, então. Talvez fosse o momento em que eu caísse na real e percebesse o quanto havia exagerado.
— Tudo que ela disse era verdade. – Alek falou dando uma pontada em meu peito. — Nós namorávamos há quase um ano quando o irmão dela faleceu. Foi um acidente de carro durante a madrugada. Todos nós ficamos arrasados, mas especialmente a Jasmine. – Conforme Alek entrava na história, nossos olhos umedeciam.
"Sinceramente eu já estava meio de saco cheio do nosso relacionamento na época, mas não poderia abandoná-la no dia seguinte ao luto. Então eu fiquei com ela, a apoiei, dei meu ombro pra chorar. Com o passar dos dias ela se afundava na depressão, e eu estava de mãos atadas. Eu não sabia como cuidar dela e toda aquela tristeza e carência perto de mim. Desculpe, Flora, mas eu fui um merda. Eu sei que fui. Agora eu entendo que tudo que ela queria era alguém que a consolasse. Puta merda, ela havia perdido o irmão. – Alê falava cada vez mais baixo e com arrependimento nas palavras."
— Meu Deus... – Falei no meio da frase, interrompendo seu relato. Ele piscou rapidamente tentando segurar as lágrimas, e eu voltei ao silêncio.
— Com a maturidade que eu tinha, a única coisa que queria era uma namorada de volta. Uma de verdade. Cansado de todo o peso nos ombros, pedi um tempo. Pensei que pudesse resolver as coisas e voltar para ela, ou que ela fosse melhorar. Mas nada mudou, e foi por isso que eu fiquei com a amiga dela. Eu não resisti durante nosso tempo, e transei com a Letícia. – Alek falava nervosamente, estralando os dedos da mão e com a cabeça levemente abaixada.
— E ela disse que você não quis nem terminar pessoalmente... – Falei tentando dar corda para que ele contasse cada detalhe.
— Não tive coragem. Eu me arrependi no momento em que acordei naquela cama, e por isso que me irrita tanto o que o Thomas fez. Porque eu fui fraco e fiquei com a amiga da minha ex-namorada, e ele queria insistir em você mesmo sabendo que estávamos começando algo.
— Alek... – Eu comecei, mas fui interrompida.
— Não, Flora. – Ele levantou o rosto com o olhar incógnito. — Não precisa ter raiva ou pena de mim. Agora eu entendo todo o erro que cometi e juro que mudei. Sei que fazem apenas alguns meses que isso aconteceu e que você nem me conhece o suficiente para ter provas dessa mudança. Mas quero que você se permita conhecer o novo eu. Jamais faria isso com você.
Me aproximei dele encaixando minhas mãos em seu rosto. Fixei nossos olhos uns nos outros e falei da forma mais carinhosa possível:
— Eu acho que você foi muito corajoso em admitir tudo isso em voz alta pra quem não conhece o suficiente. – Sorri com os lábios fechados ao fim da fala. Alek se aproximou com o olhar manso e encaixou nossas bocas, um arrepio tomando conta de cada espaço.
Não era um beijo malicioso nem um beijo de piedade. Era um beijo de admiração, de perdão e de uma segunda chance.
Assim que nossos lábios se separaram, ele falou baixinho feito um segredo:
— Você chegou a voltar na casa dela?
— Sim – Respondi — Eu recebi outra surpresa terrível e acabei indo até lá de cabeça quente. Eu fiz o maior barraco, Alek. – Confessei e ele riu genuinamente.
— Essa é minha garota – Alê disse e meu estômago revirou.
— Ela continuou afirmando que não era ela, mas que tinha uma ideia de quem seria. – Soltei as palavras ansiosa. Ele foi para trás, apertando os olhos.
— Então ela sabe quem é?
— Não foi o que ela disse. – Neguei com a cabeça. — Ela disse que acha que conhece a pessoa. Foi aí que fui pra casa do Thomas querendo me consolar da loucura que tudo estava virando. – Suspirei cansada só de relembrar os acontecimentos.
— Caraca, quanta coisa pra processar. – Ele disse passando os dedos no cabelo ralo.
Soltamos o ar juntos, nos dando conta da confusão que nos cercava. Compartilhamos os pensamentos em silêncio, até que ele rompeu o momento com um sorriso brincalhão nos lábios.
— Me conta uma coisa... – Começou levantando o dedo. — Quero dizer, depois voltamos a essa confusão que está um saco. –O olhei levantando a sobrancelha enquanto ele me puxava pela cintura para perto.
— Hum? – Murmurei curiosa.
— O que você achou da minha serenata? – Alek disse subindo a mão pra minha nuca e grudando seus olhos nos meus.
— Acho que como cantor... – Fiz uma pausa dramática: — Você é um ótimo bombeiro. –Falei tentando manter a seriedade, mas falhei. Ri jogando a cabeça pra trás e ele soltou a risada contagiante, fazendo com que aparecesse uma covinha em sua bochecha.
— Você não pode estar falando sério! – Ele disse fazendo cara de ofendido.
— Estou falando mais sério do que nunca. – Cruzei os dedos e os beijei, fingindo que a frase era verdadeira.
Ah, se ele soubesse como aquela serenata havia revirado meus sentimentos...
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