Capítulo 50

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Se eu estava tonta, nesse momento foi que perdi a completa noção de realidade. Ela respondeu minha pergunta com um sorriso cínico no rosto e todo o desabafo de Alek apareceu em minha cabeça.

Então era ela a culpada de tudo? E Alek teve a ousadia de convidá-la para o luau sabendo que eu estava junto? Ele não era quem eu pensava então, no fim da história.

— Ainda bem que eu agradeci primeiro então. – Falei me equilibrando para não bambear, e sem pensar direito, levantei a cerveja da minha mão e despejei na cabeça dela.

Aproveitei os segundos em que a bebida quente caía naquele cabelo perfeitamente bagunçado. Sorri com a garganta queimando enquanto ela e suas amigas permaneciam atônitas.

Mal pensei na surra que poderia levar ou na confusão que estava criando. A bebida tapava esses problemas de mim.

— O que você fez garota? – Sua voz fina atingiu meus ouvidos enquanto Alek aparecia longe no cenário do fundo.

Senti o gosto do nojo em minha boca. Então era por isso que ele saía e demorava a voltar? E sumiu o dia inteiro? Por que estava com ela? Com a tal Letícia que havia traído a Jasmine?

Saí correndo antes que as amigas dela avançassem em mim e Alek percebesse o que estava acontecendo. Encontrei um equilíbrio inesperado conforme meus passos aumentavam a velocidade. Meu estômago estava embrulhado e eu mal prestei atenção no perigo que corria àquela hora da madrugada.

Chegando ao calçadão bati meus pés sujos de areia e vi Alek correndo em minha direção. Eu estava mais a frente e fui mais veloz. É claro que ele estava de carro e deve ter ido até ele para dirigir até minha casa. Mas na situação que ambos nos encontrávamos, seus sentidos deveriam demorar até ligar o carro e correr.

Cheguei em casa ofegante sentindo o gosto do vômito no meu paladar. Avistei as luzes dos faróis assim que abri a porta e fui diretamente para o quarto. Sua sombra chegava mais perto, e eu me tranquei como uma criança refugiada.

— Pode me dizer que diabos aconteceu lá? – Alek perguntou, sua voz não tão furiosa quanto esperava.

— Me diz você! – Falei tonta e autenticamente magoada. — Você sumiu o dia inteiro e saía a todo instante. Quando me dei por mim, conheci a Letícia. – Falei seu nome com desprezo — Acho que você é quem deveria dizer o que aconteceu!

Eu despejava as palavras em pé apontando o dedo para a porta fechada. A luz acessa confundia meus olhos e eu me pegava perdendo os passos no cômodo. Alek suspirou forte, e a sensação era de que ele estava do meu lado.

— Abre essa porta, Flora. – Ele disse mexendo no trinco.

— Não! – Falei mais alto do que o pretendido. — Eu to cansada, sabia? Não sou qualquer uma que você procura quando quiser. – Minha voz saía sem controle, e meu cérebro mal comandava o que era dito.

— Eu que estou cansado. Eu! – Alê gritou do outro lado batendo a mão na porta. — Eu faço de tudo pra te agradar e você parece uma criança, fugindo das explicações e de toda situação inesperada. Saiba que você não é a dona do mundo, Flora! – Ele parou de falar por alguns segundos e bateu de novo na porta. — Se você não abrir isso aqui agora, eu vou embora! – Exclamou com sua voz grave.

Eu fiquei quieta assimilando nossa discussão. Uma discussão. Uma briga logo que havíamos nos reconciliado de uma decepção. Por mais que o álcool corresse por minhas veias, eu tinha noção das suas palavras. Da sua súplica para que eu não nos abandonasse.

Pude ouvir seus passos me deixando quando me sentei encostando as costas na porta. Uma lágrima sensível desceu por minha bochecha e falei:

— Espera, Alê. – Saiu num sussurro rouco que preencheu o silêncio da casa.

Mais passos e meu coração esquentava a cada batida. E se eu não soubesse como consertar isso? Minhas mãos tremiam e eu fechei os olhos. Aproveitei meus sentidos tontos para falar o que guardava no peito.

— Me desculpa por ser assim. Me desculpa mesmo. – Comecei tentando não confundir as coisas. — É que eu sou tão insegura a ponto de não saber o que você viu em mim. A ponto de querer que você fique junto comigo o dia todo, todos os dias. A ponto de ter amado cada ponto da nossa noite juntos e de ter adorado te ver sonhar. E de ter sentido vontade de ver isso toda manhã.

"Estou me declarando bêbada porque não tenho coragem de fazer isso cara a cara. Porque preciso te perder pra me dar conta de que estou apaixonada. E isso é tão novo que me assusta de todas as formas. Sei que estou longe de ser a pessoa mais madura do mundo, ou uma expert em relacionamentos, mas se você me aceitar como sou, prometo dar o melhor de mim. – Suspirei e todas as células do meu corpo se retesaram. — Eu tenho medo de me dar conta de que isso é passageiro, de não termos nenhuma certeza dos dias que virão. E mais medo ainda de acordar amanhã e perceber a burrada que fiz."

Terminei o discurso com um enjoo entalado na garganta, forçando a sair. Me levantei tonta correndo para o banheiro. O momento foi tão rápido que mal ouvi Alek dizer "eu vou estar aqui amanhã", enquanto eu colocava todas as emoções para fora.

 O momento foi tão rápido que mal ouvi Alek dizer "eu vou estar aqui amanhã", enquanto eu colocava todas as emoções para fora

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Com a Flora bêbada isso não poderia terminar de outra maneira né? kkkkkk

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