Capítulo 53

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Eu estava sentada na sala tomando um copo de água com açúcar quando Alek chegou. Eu havia enviado uma sms a ele pedindo que viesse o quanto antes, mas só depois de uma hora ele apareceu.

Assim que entrou no cômodo seu rosto era de puro ódio. Eu já havia o visto com raiva, mas aquilo era muito pior. Era a expressão de alguém que era capaz de fazer tudo para fazer jus ao seu ódio. Apesar do silêncio, eu conseguia ouvir toda a ira dele se expandir pelo lugar.

Ele se sentou do meu lado bufando e com as mãos na cabeça. Eu larguei o copo na mesa de centro e Alê me agarrou em um abraço. Sua expressão se amenizou assim que me analisou de cima a baixo.

— Você está bem? Desculpa a demora. – Falou me dando um selinho breve e passando a mão em meus cabelos.

— Estou sim. Passei um pouco mal, mas já estou legal de novo. – Respondi com Alek ainda me encarando.

— Você sabe que a gente precisa levar isso pra polícia, né Flora? – Ele falou baixo com certo receio. A possibilidade havia passado por minha cabeça, mas eu não havia me decidido se queria ir ou não. Também não havia avisado meu irmão sobre isso. Tendo o mesmo temperamento que Alek, era provável que ele deixasse a raiva tomar conta do profissionalismo.

— Eu estou com medo, Alê. Quem quer que esteja fazendo isso, não está disposto a parar. – Disse com a voz engasgando. Ele me olhou preocupado e me abraçou mais forte. Levantei as pernas para o sofá e me aninhei em seus braços.

— Eu estou aqui. Não vou deixar que nada disso aconteça de novo. – Alek sussurrou me dando um beijo na testa.

Não falamos nada por um longo período. Os pensamentos ocupavam mais espaço do que palavras reconfortantes naquele momento. E era maravilhoso saber que ele estaria ao meu lado, não importasse o que acontecesse. Ainda que estivéssemos de mãos atadas, tínhamos um ao outro.

Eu odiava quando Alek estava tão possuído pela raiva que mal pensasse antes de agir. Certamente ele tinha problemas com o controle disso. Mas eu não deixaria que acontecesse de novo. Não debaixo do meu nariz ou enquanto estivesse comigo.

Queria tanto que as coisas fossem mais fáceis, que tivéssemos mais tempo para nós dois ao invés de todos esses problemas. Que pudéssemos aproveitar cada segundo que ainda restava.

— Eu vou ali fora e já volto. – Alek disse quebrando o silêncio. Meneei afirmativa com a cabeça e eu sabia que ele se desfaria da caixa e seu conteúdo nojento.

Fui até o banheiro lavando o rosto e me encarando. Eu não estava mais tão radiante quando antes, mas já estava escurecendo e logo iríamos nos deitar. Não precisava me arrumar para isso. Nos deitar. Pensar naquilo revirou meu estômago. Alek estava definitivamente passando as noites em minha casa, e só de deitar ao seu lado eu me sentia tranquila.

De vez em quando me pegava encarando suas sobrancelhas contraídas e seus braços duros. Às vezes eu dava um leve beijo em cima da pinta em seu ombro e me acomodava no cheiro do seu pescoço. Minha mão gostava de passear por sua cintura, dedilhando cada detalhe da sua onda tatuada. Eu amava aquela força selvagem. Aquela calmaria noturna e íntima.

Borrifei um pouco mais de perfume e voltei para o quarto encontrando ele lá. Um leve sorriso passou por seus lábios e eu fechei as cortinas. Sentei-me na cama e puxei o lençol. Alê não demorou a vir para o meu lado, me grudando em um beijo tão carinhoso que foi difícil não me derreter.

Suas mãos eram delicadas e faziam carinho em meu corpo. Nada de pressa ou apertões. Seu gosto era tão diferente de tudo que eu havia provado, que me dava medo de largá-lo. A maciez de seus lábios e a aspereza da sua barba formavam uma dupla perfeita.

Puxei-o lentamente deixando que nos deitássemos. Sua mão corria por toda minha cintura me causando arrepios. Eu caminhava com minhas unhas por suas costas à medida que Alek me puxava para mais perto e entrelaçava nossas pernas.

Conseguia sentir o arrepio nos braços dele. Um arrepio tão genuíno que lágrimas subiram aos meus olhos. Naquele momento eu me sentia tão segura, tão querida por uma pessoa só. Sentia-me como nunca havia me sentido antes. Uma tranquilidade que fazia todas as minhas células se agitarem em aprovação.

Parei o beijo com os olhos úmidos e esfreguei nossos narizes.

— Gosto tanto de você, Alê... – Falei com uma preguiça repentina.

— Gosto tanto de você, Flora. – Ele respondeu baixinho e deu uma risada manhosa. Fui ao céu e voltei com aquele som. Abri os olhos enxergando o olhar escuro de Alek. Ele estava sério e mal piscava. Seus lábios mal se levantaram para sorrir, e eu disse:

— Acho que podemos ficar aqui mais um pouco.

— Só mais um pouquinho. – Ele falou entrelaçando nossos dedos e tirando a mecha de cabelo do meu rosto.

 – Ele falou entrelaçando nossos dedos e tirando a mecha de cabelo do meu rosto

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Na Sua Onda [COMPLETO] (Irmãos Soaint 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora