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- Então é assim que você realmente é...-Falava o estranho com o meu rosto.

- Que, que tipo de brincadeira é essa? Essa CSM está querendo me enlouquecer, eles não vão conseguir. - falei indo pra trás ainda no chão.

O homem sentou na cadeira e ficou me olhando, quando começaram a aparecer águas cristalinas em seus olhos.

Por-porque os meus também estão se enchendo?

Eu não sou de chorar, po-porque os meus olhos estão transbordando?

- Sai daqui, seja lá o que seja você. - falei me levantando e me encolhendo em minha cama tapando o rosto com a almofada..

Meu Deus, isso não pode ser real.

Eu apertava com toda a força meus olhos pra tentar acordar daquele sonho terrível.

#Visao #Dae

Eu não acredito...

Ele realmente é igual a mim.

- Sai daqui, seja lá o que seja você. - falou se levantando e se encolhendo em sua cama tapando o rosto com a almofada.

Eu sei...

Deve ser difícil pra você também.

- Eu não quero te forçar a nada, eu só precisava vir aqui, pra ver se de uma vez por todas, eu aceito que a vida esteja me dizendo algo. - falei me levantando e passando a mão rápido sobre meus olhos.

Ouve se um silêncio.

Um silêncio opaco, até que foi quebrado.

Soluços fortes emanava de Tatsuo, soluços de dor.

Eu sabia que seria difícil, mas não que eu seria tão regeitado.

Por algum motivo, mesmo ele não querendo me olhar, mas saber que de fato era ele lá, era um pedaço meu, muito igual a mim, e ali, do meu lado, vivo querendo ou não, e tentando ser melhor, deixava um ar reconfortante.

Eu cheguei perto do vídro e olhei pra baixo.

- Eu sei, é difícil né, achar que sempre foi só você contra o mundo. - quando comecei a falar, Tatsuo começou a chorar mais alto.

Ele estava apertando muito forte o travesseiro contra seu corpo.

- Não tenho intimidade pra te chamar de irmão, e nem sei se um dia terei, então vou me referir a você como brôw.

Suas puxadas de ar ainda estavam fortes.

E ainda estava sem me olhar.

- Brôw, você não precisa me olhar, ou acreditar em mim, mas se eu estou aqui, eu quero ser claro com você.

E então seu choro foi amenizando.

- Eu nunca soube sobre você, então é uma surpresa pra nós dois. Nunca imaginei algo assim, olha, não estou querendo comparar sua vida com a minha, mas a minha também não foi fácil. - digo o olhando e ele se levanta e encosta suas costas na parede abraçando seus joelhos.

Ouço apenas grunhidos.

- Fui criado com a minha avó, e ela nunca me disse nada sobre meus pais, e muito menos que eu tivesse um irmão. Ela tinha ódio deles e nunca deixava eu tocar em seus nomes ou no passado, e ela morreu quando eu era bem pequeno. - falo e minha voz volta a embargar.

Então eu olho pra cima com as mãos na cintura e dou uma respirada pra tentar voltar a falar.

- Então tive que me virar sozinho desde então, sofri as piores ofensas e agressões, afinal uma criança sozinha, sem ter como trabalhar pra conseguir dinheiro para o mínimo pra sobreviver, tinha que pedir ou roubar.

matriz 8163Onde histórias criam vida. Descubra agora