Antes do exército, Parrish sempre odiou as manhãs. Odiava ter que acordar para a escola, e nunca se levantava antes das onze nos fins de semana. Mas, desde que voltara do Afeganistão, eram raras as vezes que conseguia ficar na cama muito depois do sol nascer. No começo eram pelos pesadelos, depois pela adrenalina acumulada. Levou um tempo até seu corpo entender que não estava mais em uma zona de guerra, e não precisava temer um bombeamento, ou um ataque repentino. Mas, depois de certo ponto, simplesmente se acostumou. Mesmo quando tinha turnos noturnos na delegacia, era como se simplesmente estivesse programado daquele jeito. Acordava cedo pelas manhãs, e isso não o incomodava tanto quanto antes.
Sua rotina era um tanto rígida pelas primeiras horas do dia, mas o ajudava a sentir que estava no mundo real. Fazia café, primeiramente, porque era a parte mais importante de todo o seu processo para despertar. Então tomava um banho e escovava os dentes. Nico normalmente o esperava na porta do banheiro. Após checar se o gato tinha comida e água, Parrish se exercitava uma hora e meia, e tomava outro banho logo em seguida. Só então, seu dia podia começar.
Nos dias em que, por algum motivo, tinha que quebrar aquela rotina, levava algum tempo para que seu cérebro funcionasse normalmente. Era como se agisse no automático, como se estivesse sonâmbulo, principalmente antes de seu café.
Foi por isso que, naquele dia, enquanto a cafeteira ainda esquentava a água, simplesmente foi até a porta quando ouviu alguém bater. Não pensou que era muito cedo demais, nem que nunca recebia visitas. Não sabia o que esperava. O correio, talvez. Mas definitivamente não esperava Lydia.
- Bom dia. - ela sorriu. Seus cabelos ruivos estavam amarrados em um coque frouxo, e vestia uma jaqueta larga fechada, acompanhada com uma calça de ginástica e tênis. Pendurada em seu ombro, estava uma bolsa comprida, do tipo que era considerada bagagem de mão em aeroportos. Quem a visse pensaria que estava indo para a academia, ou algo parecido. Mas tudo o que Parrish podia pensar, era que aquele era o mais casual que já a vira, e estava linda, e que era cedo demais para processar exatamente como se sentia com ela estando ali.
Então, os olhos da garota, que antes estavam em seu rosto, abaixaram, escaneando seu corpo. Quando voltaram para os de Parrish, estavam levemente arregalados, e seu sorriso já não era mais aberto. Ao invés disso, agora sorria de lado, com o lábio inferior preso entre os dentes.
Parrish demorou alguns segundos para entender sua reação. Foi só quando olhou para si mesmo que percebeu que não havia se vestido ainda. Não usava absolutamente nada na parte de cima, e sua calça de pijama era tão velha que o elástico quase não funcionava mais.
- Lydia! - seu cérebro finalmente entendeu o que estava acontecendo. Suas mãos imediatamente agarraram o cós da calça, erguendo-a até o umbigo em um movimento brusco. Ela não estava baixa o suficiente antes para que alguma coisa estivesse... aparecendo, mas ainda assim. - Lydia, eu não... ah... - limpou a garganta, tentando fazer sua voz funcionar. - Eu não estava te esperando. Esperando te ver. Aqui. Eu não...
- Você estava esperando outra pessoa? - ela ergueu uma das sobrancelhas.
- Sim. Não! Ah... - balançou a cabeça. - O quê?
- Quem você estava esperando?
- Ninguém! Eu não recebo visitas a essa hora. Ou nunca, para falar a verdade. Ah... - suspirou. Era cedo demais para aquilo. - Desculpa, eu ainda não tomei meu café. Minha cabeça ainda não está... - gesticulou vagamente o resto da frase.
- Que bom que eu te trouxe um, então. - Lydia estendeu a mão para ele. Realmente, ela carregava um copo de café em cada uma. Era uma informação completamente nova para o cérebro lento de Parrish. - Americano médio, preto.
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Trust me || Sterek ||
FanfictionUma reescrita da série, a partir da terceira temporada.