Hora da morte

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Sentado no banco da recepção, Scott podia ouvir seu pai dentro de seu escritório na delegacia.

- Notas preliminares sobre o incidente envolvendo o tiro. - o garoto achava que o pai estava falando em algum tipo de gravador. - Assaltante armado com uma Walther P88 com silenciador. Ao ouvir o meliante ameaçar e fazer a contagem, fiz confirmação visual do cano da arma apontada para a testa da potencial vítima. Ao determinar perigo iminente, não tive outra escolha a não ser reagir om força letal.

Depois que terminou a gravação, ainda levou um tempo para que ele saísse do escritório.

- Obrigado por esperar. - disse assim que viu Scott se levantar e andar até ele. - Eu sei que está tarde.

Realmente. Os dois eram praticamente os únicos na delegacia. 

- Tudo bem. - o menor respondeu, compreensivo. - Não preciso acordar cedo para a escola amanhã, hoje é sábado.

- Infelizmente, vou ter que voltar para São Francisco hoje a noite. - ele parecia cansado. - Vou ter que fazer um estudo na filial. Mas vou voltar assim que puder.

- Oh. - Scott tentou não parecer tão decepcionado como estava. Sabia que não era culpa do pai, mas estava esperando que os dois pudessem fazer algo juntos no dia seguinte. Depois dele ter salvado a vida de seu melhor amigo, era o mínimo que Scott podia fazer.

- Talvez eu falte ao primeiro jogo da temporada. - o maior parecia genuinamente triste. O Alpha de repente sentiu uma onda de afeto pelo pai.

- Não tem problema. - sorriu de lado.

- Pra mim tem. - suspirou. - Vou manter minhas promessas dessa vez. 

Houve uma pausa. Scott não sabia bem o que responder, mas sentiu que não era mais necessário quando viu a atenção do pai se desviar. Ele olhou para os saquinhos de evidência que carregava na mão. Scott sabia o que tinha ali, os pertences pessoais do homem que quase matara Stiles e seus relatórios.

- O que eu fiz... - a voz do agente ficou mais grave. - Foi necessário. Justificável. Sabe disse, não sabe?

- Você já fez isso antes? - Scott se arrependeu assim que falou. Aquela não era a resposta certa.

Mas McCall assentiu.

- Duas vezes. - seu olhar era vazio. - Não é fácil tirar a vida de alguém, mesmo quando você é forçado.

- Como você lida com isso?

- Você encara isso de forma lógica. Sem emoção. Compartimentaliza.

- E como você faz isso?

O agente riu sem humor, desviando o olhar.

- Eu costumava fazer isso bebendo. - voltou os olhos ao filho, como se pedisse desculpas.

Scott não respondeu. E não precisou. O pai o envolveu com os braços, abraçando-o pela primeira vez desde que voltara para a cidade. Antes, Scott não deixaria que se aproximasse, talvez se sentisse incomodado, mas não agora. Abraçou o pai de volta de maneira sincera. E se sentiu bem com isso. Sorriu contra o ombro do maior.

- Mais uma coisa. - o agente continuou quando se afastaram. - Quando eu voltar, teremos que conversar. Sobre você e seus amigos, o jeito que lidam com as coisas. Parecem que não ficam perturbados como deveriam. 

Scott franziu as sobrancelhas, não sabendo para onde a conversa estava indo.

- É como se soubessem algo que eu não sei. - o maior estava completamente sério agora. - Quando eu voltar, quero ficar por dentro das coisas.

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