Perfumes

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Não demorou muito tempo para chegarem ao armazém de Roger. O caminhão já estava lá. De longe, Isaac reconheceu David, outro garoto que eles sempre chamavam para ajudar, falando com dois caras mais velhos na porta do armazém.

O lugar era como uma garagem. Havia um portão automático retangular que se erguia e virava em posição horizontal para abrir, e uma outra porta mais no fundo. O caminhão, já com a traseira aberta, estava parado bem em frente. Umas três caixas já estavam ali, mas Isaac podia ver pelo menos mais duas ou três dezena dentro do armazém.

Scott estacionou a moto do outro lado da rua. O loiro percebeu todos os olhando estranho.

- Ele veio! - Roger exaltou assim que o garoto tirou o capacete. - Sabia que podia contar com você, moleque.

Isaac sorriu de lado, colocando o capacete sob o braço. Gostava de Roger. Era um homem magro, com algumas tatuagens e piercings, e com muito estilo. Usava sempre um terno ou uma camisa de aparência cara. Era simpático, sempre cheio de energia, mas nem tanta.

- E aí? - desceu da moto, acompanhado por Scott.

- Quem é esse? - um dos caras mais velhos falando com Dan deu um passo a frente. Ele era um pouco intimidador, com toda a massa muscular e cabeça raspada. Isaac o vira uma vez antes, e eles nem se falaram.

- Esse e o Scott. - apontou o menor. - Ele é minha carona.

Isaac começou a andar até o armazém, mas os homens ainda os olhavam estranho. Scott era um problema? Será que eles eram homofóbicos, ou algo assim? Não daria para deduzir que os dois eram namorados apenas por aquelas pequenas interações, daria?

- Algum problema? - tentou não parecer tão receoso quanto se sentia.

- Não, moleque, claro que não. - Roger sorriu, andando até ele e colocando uma mão em seu ombro. - É só que você não disse que ia trazer alguém.

- Ah! Não precisa pagar ele. É só a minha carona.

- Ótimo! - o homem lançou um olhar aos outros dois, como se conversassem telepaticamente. - Então não há problema nenhum! Vamos lá? Seu amigo Dan, ali, já começou para você.

Então passou o braço pelos ombros de Isaac, conduzindo-o para dentro do armazém. Ele era um pouco mais baixo, então tinha que fazer um esforço.

Ali dentro, Isaac quase desejava não ser um lobisomem. O cheiro era forte. Muitos cheiros. Tantos tipos de perfumes e shampoos, sabonetes e cremes. Deus, aquilo sim era uma overdose sensorial.

- Isaac. - Scott, que ainda estava ao lado da moto, sussurrou. O loiro se concentrou na audição, tentando agir normalmente. - Tudo bem?

- Tudo bem. - o garoto sussurrou o mais discreto possível, se abaixando para pegar a primeira caixa. - Odeio cheiro de perfume.

- Esses caras parecem suspeitos.

- Está sendo preconceituoso de novo.

- Isaac...

- Scott, isso não vai demorar, okay? Uma hora no máximo.

Colocou a primeira caixa no caminhão. Então empilhou a segunda e a terceira e as levou de uma vez. Algumas eram mais pesadas que outras, e o garoto com certeza evitava as de perfume.

Apesar de tentar tranquilizar Scott, Isaac também se sentia estranho ali. Tinha alguma coisa, algum sentido em si que dizia que algo ali estava errado.

Tentou ignorar. Era só encher o caminhão, pegar os duzentos dólares e ir embora. Duzentos dólares devia ser suficiente para pagar alguma conta, certo? Isaac não tinha noção de quanto ficava o valor das contas da casa, mas aquilo devia cobrir pelo menos alguma. Ou talvez poderiam usar para comprar as despesas do mês, já que era praticamente junho.

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