Sou obrigado a ter empatia?

2.1K 204 4
                                    

    Fazia um mês que as aulas voltaram, Gina e Hermione retornaram a Hogwarts. E eu ganhei um irmão reclamão que queria ver a namorada, mas não podia. Eu acabava zoando ele, o que o deixava mais nervoso. Harry estava trabalhando como auror, junto a Tonks que voltou a trabalhar também. Sobrando eu, Sirius e Remo de desempregados na casa dos Black. Ninfadora e Remo estavam morando ali desde que Sirius deu de presente para Andrômeda uma viagem, ela merecia muito um descanso. Revezávamos cuidando de Teddy enquanto Remo procurava um emprego, infelizmente era difícil pelo fato de ser lobisomem.
    Eu estava fazendo minha visita semanal ao meu pai, ainda desacordado. Estava com muito medo de perdê-lo, mas podia senti-lo vivo, me deixando feliz. Entrei em seu quarto e uma curandeira estava checando alguma coisa. Sentei na cadeira ao lado da cama dele e a senhora se virou em um susto, ao me ver. Não deveria ter entrado tão silenciosamente.
    -Senhorita Potter, tenho ótimas notícias! - Ela sorriu de orelha a orelha para mim.
    - Ele melhorou?
    - Muito! Não poderia falar para você, a minha chefe falou que podia dar falsas esperanças. - Ela foi até a porta, conferindo, e fechou. - O veneno finalmente se dissipou totalmente, as chances de ele se recuperar aumentaram sessenta por cento.
    - Sério? Tem algo que eu posso ajudar?
    - Eu sei sobre sua magia, mas para não ter sequelas, melhor deixar ir naturalmente agora. O corpo do senhor Snape está se recuperando aos poucos.
    - Ah sim… mas tem alguma previsão? Quando ele vai sair?
    - Eu acho que talvez até o natal, mas não é nenhuma certeza. - Ela me disse cautelosamente.
    - Só a possibilidade me deixa muito mais tranquila, ele não merecia isso…
    - Ele é um comensal, não?
    - Era, antes de a primeira guerra bruxa acabar, ele mudou de lado.
    - Sério? Minha sobrinha estava em Hogwarts quando ele era diretor e…
    - Eu também estava, ele trabalhou como agente duplo para proteger o meu irmão.
    - Eu não sabia…
    - Nem meu irmão sabia, Severo sempre foi muito bom em discrição.
    Viramos a cabeça quando um barulho de correria veio do corredor. Eu coloquei a mão na varinha e fui andando até a porta, mas ela se abriu antes. Ronald e Harry estavam na minha frente ofegantes, com vestes do trabalho.
    -Marie, precisamos de sua ajuda.
    - Quando o Harry diz nós, é o departamento de aurores inteiro.
    - A Tonks está sendo usada de refém pelo Lestrange.
    - Qual Lestrange?
    - Os dois, na verdade…
    - Já contaram ao Remo?
    - Nós vamos…
    - Não contém! Ainda não, pelo menos. - Respirei fundo e continuei. - Vocês sabem onde eles estão?
    - Sim.
    - Então o que estão esperando? Me levem logo, seus lerdos!
    Segurei no braço de Harry e uma paisagem de uma antiga floresta apareceu na minha frente. Ao centro tinha uma casa aparentemente abandonada e ao redor alguns aurores (e até Shacklebolt). Respirei e senti os que estavam dentro da casa, eu normalmente poderia matá-los, mas senti algo me impedindo.
    -Senhores Lestrange? - Eu me aproximei vagarosamente até a casa, os aurores se surpreenderam.
    - Quem é?
    - Marie Lily Potter. Poderia soltar Ninfadora, por favor?
    - Eu solto, mas você terá que vir! - Reconheci Rabastan na porta. - Até porque estávamos querendo a senhorita mesmo.
    - Não confia, Marie… - Harry Sussurrou e eu ignorei.
    - Eu irei! Solte Ninfadora, então.
    - Ela está aqui. - Rodolphus apareceu na porta com Tonks. - Venha até nós e soltaremos.
    - Como posso confiar que irão?
    - Juramos por Merlin e as sagradas vinte e oito. - Rodolphus disse e eu fui em sua direção, desviando de Harry que tentou me impedir.
    - Solte ela, eu estou aqui. - Tonks balançava a cabeça, mas eles a jogaram para longe e me puxaram para dentro.
    - Não tentem se aproximar ou iremos matar a Potter! - Rabastan gritou enquanto me levavam para dentro.
    "Cadê o senso de autopreservação, Marie?" Perguntei para mim mesma, afinal eu estava me arriscando demais, eles eram dois Comensais poderosos.
    -Nós sabemos o que fez com os Longbottom! - Rabastan disse nervoso. - Então não tem desculpa.
    - Desculpa para quê? - Os dois apontaram a varinha para mim.
    - Um sangue ruim jogou uma maldição em Rabastan, ele está morrendo aos poucos. - A diferença entre os irmãos era nítida, Rodolphus parecia mais elegante, mesmo sendo tão louco quanto.
    - Vocês estão querendo que eu a retire, certo?
    - A mestiça não é tão burra assim.
    - O que você precisa para isso?
    - Eu preciso de alguém para transferir a maldição, de preferência um trouxa para não souberem o que aconteceu. - Disse engolindo em seco, encarando as varinhas.
    - Rabastan, busque um trouxa qualquer. - O outro desapareceu enquanto Rodolphus me encarava com ódio. - Se estiver blefando eu mato seu irmão, é um aviso.
    - Não estou, senhor Lestrange… - Não consegui olhar em seus olhos, estava muito nervosa.
    - Aqui está. - Ele jogou um homem no chão, desacordado. - Vamos, faça!
    - Preciso que fique ao lado dele, de preferência deitado. - Os dois se olharam e Rodolphus me segurou pelo braço forte. - Preciso realizar um corte na mesma altura do braço de ambos.
    - Não se esqueça…
    - Não precisa me ameaçar, será preciso, é magia antiga. - Rabastan deitou e cortou com a sua varinha como eu falei.
    - Faça logo.
    - Vocês irão me soltar depois?
    - Sim, queremos apenas isso para podermos fugir. Ande!
    Eu me concentrei na maldição no corpo de Rabastan, fingindo não estar me importando com o irmão dele me ameaçando com a varinha. Isolei e orientei a saída pelo corte, entrando pelo trouxa. Pouco a pouco, senti a maldição deixá-lo. Ao terminar, me senti fraca como sempre quando usava essa magia, respirei lentamente para tentar me controlar.
    -Está livre. - Falei quase fechando os olhos, cansada
    - Irei te deixar ir, mas se tiver mentido…
    - Mata meu irmão, eu sei. Não estou mentindo.
    Ele abriu a porta e me jogou para fora. Eu vi Harry, Tonks e outros aurores se aproximando. Eu me deixei cair, para não lutar com o cansaço, escutando gritos.






    -Os senhores não podem ficar aqui!
    - Mas ela é minha irmã!
    - E é minha afilhada.
    - Não me importa, quando ela acordar, eu chamo vocês! - A curandeira estava nervosa, abri os olhos e, com cuidado, fui sentando aos poucos.
    - Não precisa, senhora… eu estou bem.
    - O que aqueles desgraçados te fizeram? - Sirius desviou de todos, sentando ao meu lado.
    - Nada, na verdade… eles apenas queriam ajuda.
    - Ajuda? Eu vou…
    - Obrigada, Marie, mas não deveria ter feito aquilo.
    - Ninfi, eu precisava fazer aquilo. - Sorri para ela.
    - Assim vou ficar mal acostumada, segunda vez que me salva.
    - Shacklebolt avisou que os Lestrange fugiram de novo, isso é muito perigoso.
    - Acho que por enquanto não vão ser ameaça… - Tentei me levantar e Sirius me segurou. - Rabastan estava com uma maldição, iria morrer.
    - Uma notícia boa.
    - Iria, Sirius, no passado. Era por isso que me queriam, eu retirei a maldição dele, então fugiram.
    - Marie!
    - Harry, estavam ameaçando te matar. Além disso, apesar de serem comensais, são irmãos, se coloque no lugar deles, eu faria qualquer coisa para te salvar.
    - Eu não tenho empatia nenhuma com esses comensais. - Resmungou Sirius.
    - Eu estou bem, isso que importa.
    - Não está não, temos que verificar.
    - Senhora, não se preocupe, é normal.
    - Mas eu quero ter certeza, saiam todos! Se ela estiver bem, já dou alta. Vão! - Sirius antes de sair, ficou imitando ela, me fazendo cair na risada.

Diário de uma PP: Potter PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora