Cheiro adocidado da...

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P.O.V. Perséfone

Um dos melhores pontos em ser uma bruxa do véu: sentir pouco sono, porque parte de você já está na morte. Soa meio mórbido, mas é a verdade. Eu estava aproveitando o tempo para ler a lista de matérias optativas do terceiro ano, eram muitas... Mas tirei qualquer coisa com trouxa no nome para facilitar a minha escolha. Aritmancia, Runas antigas e estudos espectrais, que era um extra curricular. Eu não queria me encher de matérias, tanto que estava em dúvida sobre participar da aula de Hagrid, precisava me focar para o que eu realmente queria aprender: magia antiga e artes das trevas. Não precisava de professor algum, tendo meu avô e minha mãe me ensinando.

Provavelmente no sexto ano, eu adicionaria estudo dos anciões por pura diversão e complementar. Eu não vou precisar de várias notas para ser uma bruxa poderosa, eu sou por nascença. Tinha muitos planos para o futuro, mas alguns eram mais complicados e outros eu estava quase realizando. Não era nada como dominar o mundo, até porque seria muita burrice, pois não poderia controlar todo o mundo ao mesmo tempo. Porém quero que a sociedade bruxa reconheça o uso de diversas magias como o próprio bruxo entender. O lado ruim é que dificilmente eu conseguiria um emprego... mas não é coisa para se pensar agora, eu tenho muito tempo pela frente e poderia fazer como a minha mãe, investir o dinheiro.

Aquela nova velha parte da casa me atraía de um jeito muito estranho, como o porão da mansão. Ultimamente, só estava seguindo minha intuição, mesmo que ela sempre me levasse para o risco iminente. Sabia como aquela casa deveria ter passado por vários acontecimentos de uma família tão turbulenta e antiga como a minha, mas era isso que eu mais gostava, a vibração dela entrava em sincronia com a minha.

Um quadro à minha frente me chamou a atenção, era uma mistura incrível de vários objetos variando de cores frias a quentes, hipnotizantes. Ao tocá-lo, senti um arrepio por toda a minha espinha, ele não era apenas um simples quadro que se movimentava, existia mais magia do que a superficial. Fechei os olhos, me concentrando em sentir toda a mágica, parecia me envolver, me chamar, como se labaredas me abraçassem. Um cheiro delicioso adocicado familiar, pareciam flores, mas nenhuma que eu tinha visto pessoalmente. Imagens vieram a minha mente e o sussurro daquela mulher dos meus sonhos, falando repetidamente o trecho que ela sempre me dizia:

"A vida e a morte, a luz e as trevas. Todo o caos e a destruição traz a clareza e a ordem, seja o caminho para a nova era."

A mulher havia me dito que era para seguir a minha intuição e conseguirei o que eu queria, isso me atormentava. Algumas palavras sem sentido saíram da minha boca, como se fosse outra língua, mas eu não tinha qualquer controle da fala. O crânio de corvo no meu pescoço começou a se esquentar e parecia que ouvia o canto dele. O quadro foi aumentando, como se me engolisse aos poucos, até tudo sumir à minha volta como se fosse uma areia movediça com um cheiro adocicado envolvente.






P.O.V. Narrador

A garota loira com mechas azuis levantou-se com um susto, sentia que algo não estava bem. Olhou para o lado, sua amiga não estava ali, depois virou-se para ver o horário, seis horas e trinta e nove minutos da manhã, todos ainda deviam estar dormindo. Caminhou pela casa silenciosa ainda, procurando onde estava Perséfone. Percebeu não estar em nenhum lugar que ela costumava ficar, então decidiu procurar nos novos cômodos. O lugar estava muito escuro e teve que usar sua varinha para poder enxergar alguma coisa, até que viu no fundo do corredor alguma coisa.

- Perséfone!

O seu grito foi escutado por toda a casa, fazendo os pais da garota correrem para baixo, preocupados com o que tinha acontecido. Ao chegarem lá, se depararam com Delphini chacoalhando a morena desacordada e chorando por não ter resposta. Sirius saiu na frente da sua esposa, com medo dela passar mal ao ver a filha assim e conferiu seu pulso, muito fraco, quase nada. Marie Lily estava com os olhos cheios de lágrimas, que segurava para conseguir controlar a situação. Colocou a mão na filha, soube que estava viva, mas de um jeito meio inerte como ela havia ficado quando os comensais quase a mataram.

Diário de uma PP: Potter PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora