Como não escutar a conversa dos outros

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P.O.V Marie

    Praticar, estudar, praticar de novo, estudar mais um pouco... Apesar de, às vezes, ser entediante, iria me tornar uma bruxa talentosa e poderosa. Porém queria tanto poder estudar em Hogwarts, onde seu pai - adotivo? - lecionava. Estava cansada dos tutores para estudar apenas em casa, escondida de todos. Escutei um barulho de porta batendo e passos, seu pai provavelmente estava com alguma das visitas secretas. "Fique no quarto e finja que não exista!" Era o que Severo sempre dizia a mim.


    Digamos que obedecer não era muito seu forte, principalmente quando a curiosidade batia. Sussurrei um feitiço nas minhas meias para poder andar em silêncio, sem que a madeira me dedurasse. Cheguei até o começo da escada, me inclinando, para poder ouvir melhor a conversa.


    -... deveria saber também, Lucius.


    Não conseguia escutar muito, eles falavam baixo, sacanagem. Eu me inclinei um pouco mais, depois percebi o que eu tinha feito. O peso do meu corpo me puxou escada a baixo e, ao invés de bater na porta, ela se abriu. Meu pai me olhou reprovando, enquanto o casal de cabelos claros estavam confusos com a minha presença. Eu apenas me arrumei, colocando as mãos cruzadas no queixo, fingindo estar deitada lá tranquilamente.


    -Quem é essa, Severo? - Perguntou a mulher com uma voz suave e encantadora.


    - Hum... Minha filha, Marie. - Ele me encarou. - Levanta, ou vai querer ficar aí no chão o resto da noite?


    - Desculpa, pai... - Levantei antes de dizer duas vezes. O nome dele dizia muito sobre ele, Severo era muito severo. Piadinha ruim, socorro. - Senhores... Malfoys, acredito.


    - Sim, criança. Eu sou Narcisa, mas pode me chamar de Cissa. Esse é meu marido, Lucius. Quantos anos você tem?


    - Vou fazer 14, senhora.


    - Então tem a mesma idade que meu filho, Draco, devem estar no mesmo ano em Hogwarts, talvez o conheça.


    - Ela estuda em casa, Narcisa, nada de Hogwarts. 


    - Por que não a enviou para Durmestramge como eu quase fiz com Draco? Seria ótimo, melhor que essa escolinha. - Lucius fez uma careta engraçada, me segurei para não rir.


    - Eu prefiro educá-la em casa, pelo menos por enquanto. Desculpa pela interrupção, Marie deveria estar estudando e não bisbilhotando. - Tomara que eu não fique de castigo, de novo.


    - Foi maravilhoso conhecer sua filha, Severo, ela é um doce. - Sorri, eu gostei daquela mulher, estava quase pedindo para passar umas férias na casa dela.


    - A senhora que é muito gentil, agora com licença. - Sorri para ela e subi até meu quarto.


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    Abri os olhos e dei de cara com as páginas do livro que estava lendo quando eu caí no sono. Coloquei o livro ao lado e me levantei, olhei o relógio, já era um pouco tarde, quase na hora do almoço. Logo, eu iria ficar sem café da manhã, pois perdi o horário. Coloquei uma calça jeans e uma blusa duas vezes maior que o meu número. Desci as escadas e antes de abrir a porta, escutei conversas. Essa casa está movimentada ultimamente.


    -Parece que alguém está querendo se juntar a nós. - A voz de um homem mais velho soou e a porta se abriu. - Olá senhorita.


    - O que eu falei ontem sobre não bisbilhotar, Marie Lily? - Snape me perguntou, mantendo uma postura brava.


    - Desculpa, pai...


    - Pai? - Gritou o homem com cabelos compridos. - Você não tem vergonha na sua cara, Ranhoso.


    - Sem discussão, Sirius, por favor. - Colocou a mão sobre o peito dele, olhando em seus olhos. Se não fosse pela discussão, eu ia falar que tinha uma tensãozinha aí. - Querida, eu sou Remo Lupin e esse estressada aqui, ao meu lado, é Sirius Black.


    - O foragido de Askaban? - Peguei minha varinha, para qualquer coisa.


    - Não precisa se preocupar, criança. - Disse Dumbledore, uma das poucas pessoas que eu conhecia, além de meu pai. - Ele é um grande amigo meu e do seu pai.


    - Eu não sou amigo dele, mas é meio confiável, Marie. - Retrucou Severo e acabei rindo.


    - Você me lembra muito sua mãe, Lily.


    - Não só a aparência, a inteligência também. - Sorriu, algo raro perto de qualquer um.


    - Posso te dar um abraço? - Perguntou o cabeludo e eu assenti.


    - Você cheira a cachorro molhado. - Deixei escapar, mas era verdade.


    - Concordo com você, Marie. - Riu Remo. - Não sei o que Severo te contou, mas por muito tempo acreditávamos que você estava morta... eu sou seu padrinho.


    - Muito prazer. - Disse depois de abraçá-lo. - Apenas me disse como me criou após a morte dos meus pais, nada mais.

    - Você não contou sobre o Harry? Por que ela não foi a Hogwarts? - Sirius se apressava.


    - Calma, tudo no seu tempo. - Disse Dumbledore, acalmando os outros. - Que tal sentarmos e explicarmos para ela, enquanto tomamos um chá?


    - Nem me fale, estou morta de fome! - Coloquei a mão na cabeça, dramatizando e meu pai revirou os olhos.


    - Quem manda acordar tarde?


    - Eu estava estudando até de madrugada, por isso.


    Sentei no tapete, assim sobrando cadeiras para os convidados. Aceitei o prato com ovos, bacon e alguns cogumelos salteados dado por meu pai. Comecei a comer, enquanto os outros tomavam o chá quieto.

    -Vamos contar logo para ela. - Disse Black, colocando a xícara de lado. - Seus pais, quem faleceram, foram os Potters, Tiago e Lílian Potter. Você tem um irmão, meu afilhado, e deve reconhecer o nome, Harry Potter.

    - O menino que sobreviveu a Voldemort?


    - Você não tem medo de falar o nome dele? - Ele parecia surpreso.


    - E por que eu teria? - Disse na defensiva, enquanto pensava que a história de meus pais era a explicação para Snape ser sempre superprotetor. - É por isso, pai? Por causa do lorde das trevas que eu fico escondida?


    - Não só por isso, Marie. - Respondeu Dumbledore. - Foi um pedido meu, assim como forjei a sua morte para todos, principalmente a mídia e Voldemort não te acharem. Apenas eu, sua mãe e Severo sabíamos, até hoje. Porém, chegou a hora, seu aniversário de 14 anos está chegando e acredito que ele tenha te instruído muito bem.


    - Marie Lily é uma bruxa muito poderosa, Alvo, até mesmo que vários estudantes mais velhos de Hogwarts. Tentei ensiná-la ao máximo e ela sempre foi muito determinada e comprometida. Muito mais habilidosa que o irmão dela.


    - Não precisa falar assim do Harry! - Sirius estava bravo de novo. 


    - Acredite, Black, eu conheço muito bem o Potter, ele não é o melhor nos estudos.


    - Posso fazer duas perguntas? - Interrompi eles e meu pai assentiu. - Pai, isso significa que eu vou para Hogwarts esse ano?


    - Sim, querida, se você quiser. - Sorri e acabei dando alguns pulinhos de felicidade, a vergonha chegando.


    - Como amanhã é seu aniversário e eu sou seu padrinho, meio sumido, mas sou. - Disse rindo. - Eu trouxe os livros e materiais desse ano para Hogwarts, acabei pegando de todas as matérias extras. Assim você estuda tudo, até mesmo das aulas que não optou.


     - Obrigada, senhor Lupin. - Abracei-o em agradecimento, peguei a sacola cheio de livros. - Querem conhecer o resto da casa?


    Meu pai me olhou surpreso, enquanto os outros dois riram da cara dele. Alvo se despediu, e eles ficaram, aceitando o meu convite.

Diário de uma PP: Potter PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora