Os otimistas do ano

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    -Vocês não deveriam fazer isso. - Remo advertiu Rony sobre o plano.
    - Não vou deixar o Harry sozinho nisso!
    - Nem a Hermione conseguiu colocar juízo neles, Aluado.
    - Ela vai junto.
    - Agora eu desisto. - Remo bateu na sua própria cabeça. - E você, Marie?
    - Vou para o sétimo ano, normal, ué.
    - Juízo sobrou para alguém.
    - Vocês irão procurar as horcruxes?
    - Harry te contou? Pensei que não estavam se falando.
    - Regulus me contou. - Sirius me olhou surpreso. - Ultimamente tenho conversado bastante com ele, me contou sobre as horcruxes…
    - Então você sabe quais são?
    - Sim, mas adivinha?
    - Não pode contar? - Sirius levantou as sobrancelhas. - Qual é a vantagem, então?
    - Mas os três vão conseguir acabar com a maioria das horcruxes, não se preocupem.
    - Maioria?
    - Aliás, já acharam o falso medalhão de Salazar, não?
    - Você sabia que era falso?
    - Regulus me contou.
    - Você e meu irmão andam batendo muito papo, não?
    - Digamos que nenhum de nós temos com quem conversar e ele sabe que eu posso guardar segredo para não prejudicá-lo.
    - Incrível, você faz mais amizades com os mortos do que com os vivos. - Rony comentou rindo.
    - Mortos normalmente são mais simpáticos. - Pisquei para ele. - Quando vocês forem procurar, posso dar a localização de alguma horcrux, como ajuda, eu posso sentir, afinal são pedaços de alma.
    - Eu só quero saber como vocês vão suportar Hogwarts esse ano.
    - Como todo ano. - Gina respondeu sem hesitar.
    - Se você encontrar o Malfoy, lança um feitiço nele por mim?
    - Ele não vai estar. - Afirmei, fazendo todos se virarem. - Draco não vai fazer o sétimo ano, vai ficar com a família, treinando e se preparando para a guerra.
    - Posso fazer uma pergunta Marie? - Remo me olhou nos olhos. - Você sabia que ele tinha se tornado..?
    - Comensal? Sabia, desde o início do ano como o Harry suspeitava.
    - Então por que você escondeu? - Disse calmamente.
    - Por que o Draco foi forçado, Voldemort ameaçou a família dele. Os Malfoys não são tão seguidores assíduos do sem nariz como vocês imaginam.
    - Sem nariz? - Sirius caiu na gargalhada junto aos outros. - Adorei, mas continua...
    - Tanto Narcisa quanto Lucius estão por medo também. Além disso, por que vocês acham que a tarefa de Draco era matar Dumbledore? O lorde das trevas sabia que ele era incapaz de matar alguém, fez isso para humilhar.
    - Você ainda defende o Malfoy?
    - Óbvio, Rony, ele ainda é alguém que eu considero, nunca mentiu para mim.
    - Seu senso é estranho, sabia?
    - É diferente, apenas.
    - Será que vamos ter DCAT esse ano? - Gina disse preocupada.
    - Não, pelo menos não em um nível bom. - Todos me olharam surpresos, então lembrei de que, teoricamente, eu odiava meu pai. - Severo vai, provavelmente, colocar Comensais de confiança para serem professor de DCAT, óbvio.
    - Por que óbvio?
    - Eu no lugar dele faria o mesmo, ué.
    - Ela conhece bem Severo, deve estar certa. Espero que ele não seja tão rígido como Dolores foi.




    Eu estava lendo o livro dado por meu pai na sala dos Black. Isso era uma tarefa bem dura, porque estava um escândalo, não podiam decidir nada como pessoas normais, logo estavam berrando. Sinceramente, como eles conseguiram seguir com a Ordem tão organizada? Nessas horas, a sala de casa silenciosa seria um sonho, mas eu não podia, até porque Severo não estaria ali. Queriam fazer um plano para buscarem Harry sem as complicações de trouxas, Comensais ou rastreador do ministério, meu irmão estava totalmente ferrado. Escutei um barulho de aparatação e desviei meu olhar dos livros. Blásio estava na minha frente, chamando atenção de todos, sua expressão séria ou sarcástica não estava mais em seu rosto… então ele assentou triste para mim e eu soube o que tinha acontecido.
    -Vamos… - Disse puxando para ir ao quarto, para podermos ficar a sós.
    - Marie Lily, onde você está indo? - Sirius perguntou e eu apenas ignorei, fechando a porta do quarto.
    - Vai ficar tudo bem, Blásio. - Abracei-o enquanto suas lágrimas escorriam silenciosamente.
    - Eu não sei o que eu faço, Marie… o certo seria eu organizar tudo, mas eu estou totalmente perdido.
    - Eu estou aqui, você não está perdido.
    - Estou com medo… - Ele segurou as minhas mãos, nervoso. - E se eles vierem atrás de mim?
    - Eles não vão, você não prometeu nada.
    - Mas minha mãe sim, quando ela buscou ajuda para a doença através das artes das trevas.
    - Blásio, eu não vou deixar, entendeu? - Segurei seu rosto para poder olhar em seus olhos. - Pode organizar tranquilamente a despedida da sua mãe, eu estarei ao seu lado. Se alguém tentar te importunar, eu dou um jeito.
    - Obrigado, se não fosse por você eu estaria…
    - Estaria bem também, você é forte Blásio.
    - Mas não teria a sua coragem e seu conforto próximos. - Ele limpou suas lágrimas e Suspirou. - Não estou com a aparência destruída?
    - Não, está perfeito como sempre.
    - É melhor descermos, seu padrinho pode não gostar. - Ele se levantou e pegou na minha mão.
    - Está bem… - Voltamos a sala, onde Remo estava esperando com uma cara não muito boa.
    - Não poderiam conversar por aqui?
    - Desculpa, professor Lupin. Eu gostaria de perguntar se Marie pode ir lá em casa.
    - Sua mãe sabe?
    - Por isso mesmo… - Ele engoliu em seco e fitou o chão.
    - A senhora Zabini faleceu, Remo.
    - Eu não sabia, meus pêsames, senhor Zabini.
    - Obrigado. Marie pode ir comigo?
    - Não tem ninguém arriscado para ela?
    - É mais fácil ser arriscado para eles, acredite, a maioria dos bruxos tradicionais conhecem o dom dela e temem.
    - Eu mando uma carta se acontecer qualquer coisa, padrinho.
    - Podem ir, então. Se cuidem.
    Segurei em sua mão e aparatamos na sua casa. Com um aceno da varinha, transformei a cor do meu vestido, para ficar mais adequado. Blásio mantinha seu rosto sem expressão, tentando não demonstrar nada para os outros não notarem. A mãe dele tinha sido cremada, antes mesmo de um velório, por causa da doença que tinha alterado sua aparência. Ela estava agora em uma urna, no centro da sala, com uma fotografia próxima para se despedirem. Concentrei-me nela, mas eu não senti nada e tentei novamente.
    -O que está fazendo?
    - Eu estava procurando-na, mas não achei… deve ter ido por outro caminho, não permaneceu por aqui.
    - Isso é bom, né?
    - Sim. - Sorri, ajeitando seu paletó. Na realidade, eu não fazia a mínima ideia. - Você está pronto?
    - Eu preciso fazer isso.
    - Estarei ao seu lado, não se esqueça.
    Foi o que eu fiz quando vários bruxos vinham dar condolências a Blásio. Com um passo atrás dele, ficava passando a mão pelas suas costas como forma de apoio. A maioria dos bruxos eu não conhecia, mas podia facilmente identificar de que famílias eram, todas tradicionais. Avistei três loiros entrando no cômodo, fazendo vários se virarem e cochicharem.
    -Minhas condolências, senhor Zabini. - Disse Lucius sem expressão.
    - Nossos sentimentos. - Narcisa abraçou-o rapidamente.
    - Meus pêsames, Blásio… - O olhar de Draco estava assustado e triste. - Querem sair um pouco daqui?
    - Não sei…
    - Vai te fazer bem, Blásio. - Coloquei a mão sobre seus ombros e ele assentiu, indo para a parte exterior dos fundos da casa.
    - É, eu precisava um pouco de ar puro. - Sentou-se em um banco junto a Draco e fui puxado por Blásio, sentando em suas pernas.
    - Sinceramente, eu também. - Draco comentou. - O que está acontecendo com nossas vidas?
    - A única coisa boa nessas últimas semanas foi nós. - Disse Blásio apontando para eu e ele, apoiei a cabeça na sua.
    - Espera, então é verdade sobre o pedido de casamento? Essa eu não esperava, fico feliz por vocês.
    - Obrigado, Draco. Está convidado para ser nosso padrinho antecipadamente. - Sorriu de lado.
    - Vai ser uma honra, espero que esteja tudo bem até lá.
    - Nem me fale… - Resmunguei.
    - Somos os bruxos mais otimistas, credo. - Blásio balançou a cabeça.
   

Diário de uma PP: Potter PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora