Só nos seus sonhos

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    Arrumei minhas roupas no guarda roupa, felizmente enfeitiçado, senão eu e Sirius iríamos brigar por espaço. Estava para amanhecer ainda quando chegamos, dando tempo de arrumar tudo, sem ninguém perceber nossa chegada. Eu estava cansada, mesmo dormindo bastante antes. Monstro adentrou o nosso quarto, antigo da senhora Black, se assustou ao nos ver.
    -Senhorita… quero dizer, Senhora Black, como foi a viagem?
    - Foi maravilhosa, Monstro. Harry já acordou?
    - Não, o senhor Potter e o senhor Weasley estão dormindo no sofá. Chegaram ontem a noite, quer que eu os acorde?
    - Sim, com bastante barulho de preferência.
    - Sim, senhora. - Ele se afastou e Sirius apareceu saindo do guarda roupa.
    - Coitado do Harry.
    - Eu não estou nem aí, agora vamos descer, eu quero rir da cara dele.
    - Você não presta, raposinha.
    Eu desci correndo as escadas e cheguei no momento do Monstro gritar entre os dois. Harry e Rony pularam de susto, ainda meio adormecidos nos viram ali, parados. Eu não me aguentei, comecei a rir e agradeci ao Monstro. Os dois reclamavam, mas fingi que eu não escutava.
    -Vocês voltaram?
    - Não, é uma miragem, maninho. - Falei rindo da cara dele de confuso. - Você não me chamou?
    - Corrigindo, nos atrapalhou. - Sirius me abraçou por trás.
    - Pessoas estão morrendo e vocês viajando, ué.
    - Pessoas morrem todos os dias, Harry. - Revirei os olhos. - Se é só isso, eu e Sirius vamos voltar.
    - Não! Os aurores dependem de você conseguir resolver aquele negócio, temos que descobrir quem fez aquilo. Além de pará-lo, está assustando os trouxas. Eu vou só me trocar, já te levo.
    - Eu vou comer primeiro.
    - O que tem de café da manhã? - Perguntou o Weasley levanto animado.
    - Eu não sei, né. Já que as pessoas que estavam na casa não fizeram nada!
    - Não precisa… Monstro fez nosso café, sem a gente pedir.
    - Eu falo que ele é legal, você não me escuta.
    - É porque ele vai com sua cara e agora é também a senhora dele. - Sirius segurou na minha mão, me levando até a cadeira da ponta. - Toda sua, senhora Black.
    - Sirius… - Ele me fez sentar, sentando na cadeira ao lado. - Mas você sempre sentou aqui.
    - Não reclame, é seu lugar a partir de hoje.
    A comida feita por Monstro me fez lembrar como sentia saudade de um café da manhã britânico. Eu, talvez, tenha devorado tudo, comendo mais rápido até que o Weasley. Quando Harry apareceu, só tinha o que eu tinha separado a ele. Comeu rapidamente também e não parava de falar como um auror tinha morrido tentando resolver o negócio.
    -Você está levando minha mulher para um buraco negro da morte, então?
    - Sirius, teoricamente, buraco negro já é da morte, não é possível sair de um vivo.
    - Sério? - Ele parecia confuso, mas logo voltou os olhos a Harry. - Piorou, está querendo matar sua irmã?
    - Vaso ruim não quebra. - Comentou Rony com a boca cheia.
    - Parece ser algo envolvendo o véu, Sirius. Marie não irá morrer, pode confiar.
    - Como o Weasley falou, sou dura de matar, pode ficar tranquilo.
    - Mas e se…
    - Eu volto em meia hora, não se preocupa. - Beijei-o, mas fui interrompida pelo Harry sendo um mal humorado.
    - Vamos logo! - Segurei no braço de Harry e um campo aberto, sem vida, apareceu na minha frente, junto a vários aurores.
    - Marie! - Tonks veio correndo me abraçar. - Quanto tempo, vocês sumiram.
    - Lua de mel.
    - Nunca vi uma tão comprida… - Ela me lançou um olhar que queria dizer coisas a mais.
    - Cadê o bagulho?
    - Senhora Black, que bom que veio. - Shacklebolt me cumprimentou. - Como está Sirius?
    - Bem, um pouco bravo por termos que voltar, mas tínhamos alguma hora.
    - Voltaram no momento exato, é aquilo ali. - Apontou para uma estrutura metálica. - Parece atrair trouxas e eles morrem ali misteriosamente, se poder dar uma olhada.
    - Claro.
    Peguei minha varinha em uma mão e na outra a adaga, para garantir. Todos foram se afastando ao me ver, compreensível com os objetos que eu estava na mão. Ao me aproximar, eu senti, era artes das trevas pura, estava ali para algum propósito. Aproximei-me mais um pouco, estendendo a mão e sem querer percebi que eu poderia passá-la. Dei mais alguns passos, "entrando" na estrutura.
    Aquele lugar era morte e vida ao mesmo tempo, um objeto manipulado por um bruxo ou bruxa das trevas com muito poder. Peguei minha adaga e fiz um símbolo no ar, me dando algumas visões. Uma criança loira bem clara, Voldemort, uma sombra com o som de risada. Depois escureceu, pessoas morrendo, tendo suas vidas sugadas… o bebê apareceu novamente, como se tivesse sido congelado, sem se mexer. Era um ambiente pesado demais, até mesmo para mim, comecei a sentir minha visão falhando, então pulei para fora, ofegante. Afastei-me o mais rápido que eu pude, estava quase desmaiando.
    -O que aconteceu? Marie?
    - Eu… preciso… sentar. - Engoli em seco, respirando pausadamente.
    - A Marie está sem cor.
    - Mas ela é sempre assim. - O comentário do Rony me deu vontade de rir, mas o meu corpo estava fervendo.
    - Temos que levar ela para St. Mungus!
    - Voldemort… - Sussurrei, tentando levantar. - Alguma criança relacionada a ele e a isso. Essa coisa suga a vida dos trouxas, é só não deixar ninguém se aproximar…
    - Obrigada, mas agora é melhor levar você para o hospital.
    - E-eu estou bem… - Acabei de dizer e senti uma ânsia enorme. Respirei, enquanto pegava uma sacola pequena na minha bolsa, acabando vomitar nela.
    - Bem? Marie, eu vou te levar para o hospital agora! - Tonks me segurou e aparatamos lá. - Bom dia, estávamos em uma missão do ministério e o objeto…
    - Aurores?
    - Parcialmente.
    - Irei levá-la, senhora. - A mulher segurou meus braços, encaminhando-me para uma sala médica. - Infelizmente, estamos lotados, irei chamar dois estagiários e logo uma curandeira estará aqui.
    - Obrigada, senhora. - Eu me senti, colocando a cabeça para baixo, entre as pernas, tentando passar a ânsia.
    - Com licença… senhorita? - Levantei a cabeça lentamente, vendo um homem moreno e um loiro.
    - Senhora Black… - Malfoy deu um sorriso. - O que aconteceu, Marie?
    - Eu passei mal, tontura, ânsia… mas eu estava investigando um objeto de artes das trevas.
    - No que você anda se metendo?
    - Nas mesmas coisas que você. - Disse o outro com raiva e nojo misturados.
    - Cala a boca… por que me colocaram junto de você?
    - Para eu vigiar um comensal, sou o único nascido trouxa daqui e confiável.
    - Pode resolver sua briga idiota depois? - A tontura estava voltando e minha visão a embaçar.
    - Marie… toma isso, poção revigorante. - Aceitei e minha visão foi voltando ao normal novamente. - Desculpa por isso, vou só levar um aparelho e já volto. Vigia ela, seu imbecil.
    - Vocês se conhecem?
    - Estudamos juntos, éramos da mesma casa e ele foi um dia meus padrinhos de casamento.
    - Você não é auror?
    - Não, meu irmão que é, eu só ajudo em algumas coisas.
    - Então por que você se mete com esse tipo de gente?
    - Esse tipo de gente? Draco é uma pessoa legal, não julgue pela marca dele.
    - Black, não é? - Assenti. - Está explicado.
    - Eu sou nascida Potter.
    - Qual sua relação com o Harry Potter? - Perguntou e Draco entrou novamente.
    - É meu irmão, gêmeo, na verdade. - Ele arregalou os olhos.
    - Marie, abre a mão. - Fiz o que ele pediu. - Esse líquido irá percorrer seu corpo, se achar algo, simplesmente vai brilhar o lugar.
    - Dá um pouco de cosquinha?
    - Em algumas pessoas sim… ele está brilhando.
    - Na barriga? - Perguntou o outro. - Você tem chance de estar grávida,  senhora Black?
    - Pergunta idiota, ela saiu de uma lua de mel.
    - Eu não sabia, Malfoy. Vou pegar o teste… - Disse e apareceu com uma mini agulha. - Só irei furar seu dedo e soltar um feitiço, ele mostrará pelo seu sangue se está ou não, tudo bem?
    - Claro… - A picada foi leve e Draco disse algumas palavras, fazendo o sangue se movimentar em círculos. - E aí?
    - A lua de mel rendeu, ein? - Draco disse rindo. - Está grávida, aparentemente 2 meses já.
    - É sério?
    - Quer que eu o chame e conte?
    - Não, deixa eu falar… Nem quero ver a reação dele.
    - Antes de ir… meu convite de casamento. - Ele me entregou uma carta lacrada com o símbolo dos Malfoy. - E você vai ser minha madrinha, não aceito recusa.
    - Obrigada, Draco.
    Abracei-o e saí de sala, vendo uma Tonks desesperada andando de um lado para o outro. Ela perguntou e eu apenas apontei para a barriga, fazendo-a arregalar os olhos de surpresa. Aparatamos, voltando a casa, onde estava Harry, Rony, Sirius e Remo brigando, por eu ter passado mal. Eu pedi segredo a Ninfadora, assim eu contaria. Sirius se levantou e ofereceu o lugar, acabei aceitando.
    -O que aconteceu, raposinha?
    - Nada grave, fique tranquilo.
    - Tranquilo, Harry te levou em um lugar…
    - Eu deveria ter comido mais apenas, já que eu como por dois agora. - Os homens paralisaram, principalmente Sirius com seus olhos esbugalhados. Tonks começou a rir atrás de Remo.
    - Espera… você está…
    - Grávida, dois meses. - Ele continuava paralisado.
    - Acho que o Almofadinhas está passando mal.
    - Eu vou ser pai… EU VOU SER PAI! - Gritou tão alto que doeu o ouvido. Ele puxou e me beijou rápido e repetidas vezes. - Eu te amo, Marie.
    - Eu também te amo, Sirius… - Passei a mão em seu cabelo bagunçado, sorrindo.
    - Eu vou ter um filho, Aluado! Ou filha!
    - Quer saber o sexo do bebê? - Régulo me perguntou, aparecendo ao meu lado.
    - Como?
    - Informações privilegiadas, mas você precisa contar agora, estou adorando ver meu irmão tão feliz.
    - Quero.
    - É um menino. - Piscou e sumiu novamente.
    - Mal vejo a hora de descobrir…
    - É um menino.
    - Como você sabe?
    - Régulo me contou.
    - Irmãozinho, obrigado! - Berrou para o nada. - Outro Black grifinório.
    - Só nos seus sonhos.
    - Gente, o garoto nem nasceu e vocês estão brigando qual casa ele vai ser? - Perguntou Tonks. - Vocês são estranhos.

Diário de uma PP: Potter PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora