Sectumsempra

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    Eu olhava a aula com nenhum interesse, quase dormindo. Eu já sabia aparatar, por que eu ainda tinha que frequentar essas aulas? O semestre inteiro estava sendo isso, pois com 16 anos, teoricamente, somos autorizados a aparatar, então precisávamos aprender certo e não acabar morrendo ou fazendo qualquer cagada no processo. Tudo estava tão parado, de repente, um saco. Claro, Harry continuava teorizando e eu ignorando para não dar um tapa nesse moleque. Felizmente faltava pouco tempo para as férias, ninguém aguentava mais e esse clima não ajudava nada.
    -Como licença, terei que roubar a senhorita Potter. - Meu pai chegou na sala e eu quase pulei de felicidade, fugir daquela aula chata.
    - Claro, Snape.
    Ele apontou para o caminho e saí da sala. Tentei conversar, mas apenas me ignorou, continuando a caminhar. Por que ele estava com tanta pressa? Aliás, depois da aula seria o almoço e eu estava com fome. Continuamos até chegar na sala do diretor, onde Alvo esperava tranquilamente com sua fênix.
    -Senhorita Potter, desculpa por ter tirado de sala de aula, mas não podíamos esperar muito mais e não queríamos que os seus amigos e Harry desconfiassem.
    - Não faz mal, aquela aula estava entediante.
    - Marie Lily!
    - Deixe-a Severo, ela aprendeu aparatar, não serve nada as aulas. - Ele ofereceu a cadeira e eu sentei, se entreolharam como se fosse um segredo. - Marie, você sabe o que seu amigo Malfoy foi pedido para fazer, certo?
    - Claro, eu percebi facilmente, por quê?
    - Severo tem de protegê-lo, então se Draco não conseguir…
    - Pai, você vai matá-lo?
    - Não é bem assim, criança. - Dumbledore interrompeu. - Ele irá, mas nós sabíamos que seria preciso para ele continuar a poder proteger a você e a Harry. Assim, o lorde das trevas não irá desconfiar de Severo. Foi seu pai que pediu para contar a você, estava com medo de desconfiar dele.
    - Eu entendo, obrigada. - Engoli em seco. - Isso vai ser quando?
    - Logo.
    - Não tem certeza?
    - Vai depender apenas dos outros comensais, Marie.
    - É claro…
    - É melhor conversar com Marie Lily a sós, Severo. Muita informação para uma criança.
    Eu queria dizer que eu não era uma criança, aguentava, mas estava ainda um pouco surpresa. Segui meu pai até sua sala, era muito bom estar em um ambiente mais familiar. Ele balançou a varinha e um prato de comida apareceu na minha frente. Ofereci, mas ele recusou, sentou na minha frente, me observando enquanto comia. Parecia comida caseira, mas não acho que tinha saído das suas correções de provas apenas para fazer um almoço.
    -Estava tão bom assim? - Severo riu, afinal eu acabei em poucos minutos.
    - Maravilhoso, eu estava faminta.
    - Você não teve a reação que eu esperava na conversa.
    - Por quê?
    - Você não questionou nada, apenas aceitou, não é do seu feitio.
    - Estamos em guerra e eu confio no senhor.
    - É uma das poucas… - Suspirou com um sorriso triste. - Sabe que depois a Ordem não confiará em mim, certo?
    - Eu não vou poder te tratar como meu pai perto deles, como se eu o odiasse por ter matado Alvo, eu sei.
    - Vai ser difícil, mas não esqueça que eu te amo, minha filha.
    - Também te amo, pai! - Abracei-o de surpresa.
    - Melhor irmos, acabou a hora do almoço, seus amigos devem estar te esperando.
    Levantei e fomos conversando até escutarmos barulho de duelo. Corremos até o banheiro, escutei um "Sectumsempra" e alguém caindo no chão. Severo correu e vi Draco caído no chão, sangrando. Harry passou por mim, fui atrás e segurei-o.
    -O que você estava pensando, Harry? - Praticamente gritei, mas puxei-o para ninguém escutar
    - Ele ia…
    - Não importa! Qual da parte de não usar os feitiços do príncipe mestiço, você não entendeu? Você poderia ter matado o Draco!
    - Eu não sabia, Marie… - Disse nervoso.
    - Sabia, eu te avisei que iria acabar fazendo algo ruim! Imagina, ser responsável pela morte do Malfoy?
    - Por quê? Ele tem mais importância que o nascido trouxa assassinado por você? - Ele gritou com raiva e eu me segurei para não dar um tapa ou chorar. - Desculpa…
    - Quer saber? Ele tem! Draco é meu amigo, então tem mais importância para mim! Sinceramente, cansei de você, Harry…
    Eu saí segurando as lágrimas, ignorando as chamadas de Harry. Se ele fazia tanta questão em mostrar como é perfeito, como nunca precisou fazer algo do mesmo nível para ajudar quem ama, eu iria tentar me afastar. Parei na frente da parede que dava para o salão comunal e entrei.




    -É hoje… - Severo me segurou enquanto andava pela biblioteca devolvendo os livros. - Estarei te esperando do lado de fora.
    - O que o Snape quer dizer? - Perguntou Hermione. Sim, fizemos um acordo e tentamos nos aproximar em segredo para ver no que dava.
    - Hoje é o último dia de aula, precisamos voltar para os dormitórios e arrumarmos para as férias.
    - Você tem razão, até às férias então.
    - Até. - Despedi-me e esperei mais um pouco para poder sair, encontrando meu pai na porta. - Tem certeza?
    - Dumbledore saiu com o seu irmão, Marie. Torça para que Harry não seja tão burro…
    - Então é melhor eu ir com você, pai.
    - É muito arriscado, Marie Lily.
    - Eu sei, mas eu quero!
    - Teimosa…
    Saiu sem falar mais nada, olhou a enfermaria: Draco não estava mais lá. Correu pelo castelo e continuei a tentar alcança-lo, a escola estava quase vazia. Severo parou de repente e mudou de direção, fazendo que eu quase batesse nele. A direção que estávamos indo era a Torre de Astronomia, então seria ali?
    Ele abriu a parte inferior e me empurrou, quase caindo no Harry. Fez um sinal de silêncio e apontou a varinha para nós, andou para trás e subiu. Olhei para meu irmão, seu olhar estava desesperado, segurei sua mão para tentar acalmá-los, então apontou para cima. Ali estava vários comensais, entre eles Draco, falando com o diretor. Assim que ouvi Dumbledore chamando Severo, percebi que seria agora. Assim que apontou a varinha, eu segurei Harry para que ele não fizesse barulho, então Alvo caiu da torre.
    -Eu vou…
    - Calma, Harry. - Sussurrei, mas ele saiu correndo atrás dos comensais.
    Fui em outra direção, indo para o salão comunal da Sonserina. Tinham vários alunos ali, entre eles Blásio e Pansy, conversando sobre as férias. Parei para poder respirar um pouco depois de tanto correr. Zabini se aproximou de mim, com um olhar curioso.
    -Dumbledore está morto. - Falei um pouco alto, fazendo silêncio na sala. - Ele caiu da torre de Astronomia.
    - Como assim? - Um alvoroço começou.
    - Comensais… - Sussurrei para apenas ele escutar.
    - Estão ainda aí?
    - Devem ter ido já…
    Saí da sala comunal, com a varinha na mão, sendo acompanhada por vários alunos. Ao descermos até a parte exterior na frente do observatório, o corpo do diretor estava rodeado e Minerva tentava afastar, enquanto seus olhos marejavam. Todos ergueram suas varinhas em homenagem.

Diário de uma PP: Potter PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora