Não é roubar, não usei magia

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    -O que o Snape falou é verdade? - Sirius apareceu na sala da árvore geneológica dos Black, onde eu estudava.
    - Você estava bisbilhotando?
    - Um pouco… eu me preocupo e sou curioso.
    - Qual parte você escutou?
    - Os rumores entre os bruxos das trevas e Voldemort querer te matar.
    - Pelo jeito sim, não foi só do meu pai que eu ouvi isso. E Voldemort quer matar todo mundo, então óbvio? Mas eu tenho algumas cartas na manga nesse quesito.
    - Marie, que tipo de cartas são essas? Eu conheço de perto os comensais, sei como são ruins, imagina o próprio.
    - Eu acho que sou imune a maldição da morte e… escutei várias fofocas dos mortos sobre ele, até mesmo dos pais do próprio Voldemort.
    - O quê? Quais? Isso pode ajudar a ordem.
    - Nem tudo eu posso contar. - Fiz uma careta.
    - Por quê? Vai ficar escondendo?
    - Não é isso, existem coisas que podem interferir muito o futuro. Eu posso aconselhar sobre isso, mas não modificar diretamente.
    - Não entendo a sua lógica, Marie. Se você tem um dom que pode nos ajudar, por que não pode?
    - Já escutou a história sobre Frigga e seu filho Baldur?
    - Ela previu a morte dele, tentou evitar, mas foi impossível, no final, Loki causou a morte. O que isso tem haver?
    - O dom de vidência entre os bruxos e conseguir falar com os mortos para eles fofocarem são diferentes. Eu não só descubro sobre o futuro, mas também do presente e passado. Todos irão descobrir o que precisarão na hora certa, não é necessário adiantar se não vai ter como modificar o futuro.
    - Não tem lógica nenhuma para mim.
    - Você só precisa aceitar, Sirius.
    - É difícil…
    - Alguns membros da ordem ainda acham que eu..?
    - Está do lado de Voldemort? Infelizmente sim, principalmente Alastor, ele não confia nada em você. Tenho até vergonha de dizer isso, mas às vezes até eu desconfio.
     - É melhor assim, almofadinhas. Não é como se eu fosse como o Harry, eu apenas tenho raiva de Voldemort por ter assassinado meus pais e querer o mesmo com meu irmão. Se não fosse por isso, nem sei se eu lutaria.
    - Duvido, você puxou muito os seus pais, pode fingir que não liga para nada, mas eu sei como essa cabecinha funciona.
    - Severo sempre disse que eu me parecia muito com a minha mãe… - Disse lembrando dos momentos desde criança que ele a citava sem falar o nome.
    - Na aparência, nos estudos, na determinação… mas tem a teimosia, orgulho, gostar de provocações e essa pose diferente da sua real personalidade de Tiago.
    - Ele era assim?
    - E muito mais, se algum dia tiver a chance de conversar com o pontas, o faça.
    - Tiago raramente aparece para mim… é mais Lílian mesmo, mas nunca falei com ela.
    - Isso talvez mude, deve ser por você ter crescido com Snape e a gente odiava aquele lá.
    - Eu sei o que aconteceu, meu pai me contou… Ele estava indo pelo caminho das trevas e para piorar, a chamou de sangue-ruim, depois virou comensal e acabou qualquer chance de voltarem a ser amigos novamente. Mas ele também me contou o que vocês fizeram, as humilhações que fizeram passar.
    - Tiago sempre amou se mostrar, nós éramos um pouco populares na época, algumas atitudes nossas não eram boas, principalmente com os sonserinos.
    - Castigo para o meu pai então, não? Ter uma filha sonserina.
    - Não fale isso, Tiago provavelmente seria grudado em você. Quando era uma bebê, nós conversavamos como seriam, você e Harry. Ele te chamava de princesinha, tinha um ciúme… - Revirou os olhos rindo. - Harry era nosso garotão, Lily sempre brigava com a gente, porque íamos ser uma má influência. Acontece que, aparentemente, a mais "maroto" é você, mesmo com sua personalidade diferente. Lembro como se fosse hoje, quando Lily falou sobre sua morte, com cinzas na mão e chorando… - Uma lágrima desceu em sua bochecha, mas logo enxugou-a. - Nunca vi Tiago chorar tanto, ele não conseguia falar direito por uns dois dias.
    - O pior era que todo esse tempo eu estava viva…
    - Sim, imagina a minha surpresa e também a de Remo quando soubemos. Eu queria matar o Snape por ter feito isso, mas Dumbledore tentou explicar ser ideia dele.
    - Eu lembro muito do dia que eu conheci vocês, foi um choque, tudo de uma vez.
    - E você parecia tão fofa e meiga quando te vi, depois descobri que na verdade é totalmente ao contrário. - Sorriu de lado e eu mostrei a língua.
    - Sirius, o que aconteceu com os pais de Neville? Além da tortura, óbvio.
    - Eles enlouqueceram, foi muita dor para suportar. Por que está perguntando isso?
    - Eu andei lendo alguns livros da seção proibida de Hogwarts, conversando com uns mortos por aí…
    - Como você conseguiu o acesso?
    - Severo, ué. - Ergui os ombros. - Mas não é sobre isso, eu acho que existe uma chance de reverter o ocorrido com os Longbottom.
    - Gostaria muito, mas vários curandeiros tentaram, até mesmo Dumbledore sugeriu coisas.
    - Mas nenhum deles era necromante, talvez eu possa.
    - É melhor confirmar antes de dar alguma esperança.
    - Eu vou pesquisar mais e te darei uma resposta, mas pelo que eu sei até agora, precisarei de muita ajuda e alguma pessoa com laço sanguíneo de um dos quatro comensais.
    - Isso conseguimos, eu ou, se ela quiser, Andrômeda.




    - Está precisando de mim? - Perguntou uma mulher de olhos e cabelos pretos.
    - Desculpa? - Como ela tinha aparecido do nada ali? E eu tinha adormecido estudando?
    - Asterion Black, sua antecessora. Eu já apareci para você em sonhos, mas agora está preparada. Assim como Prudence Potter me ajudou em meu caminho, eu irei te acompanhar e auxiliar.
    - Nossa… - Eu não sabia o que falar. - Você é necromante, então?
    - Era, eu morri a um bom tempo. - Sorriu. - Não precisa ficar sem jeito, eu também me surpreendi quando a sua parente apareceu para mim. Sempre que precisar falar comigo, é só olhar fixamente para a lâmina de Hela e eu irei ir até você.
    - Obrigada, tenho tanta coisa para perguntar…
    - E eu para te ensinar, existem várias coisas que você tem capacidade e desconhece. Além daquele assunto que estava pesquisando, é totalmente possível para alguém como nós.
    - É sério? - Sorri, iria contar a Sirius.
    - Marie, dia de faxina! - Desviei os olhos e ele estava na porta.
    - Sim, criança Potter. Dê a notícia agora mesmo, se quiser.
    - Quem está aqui? É meu irmão?
    - Não… mas é alguém que me confirmou ser possível sobre os Longbottom.
    - É sério? Como?
    - Para um bruxo da minha família, o senhor Sirius é um pouco lerdo. - Eu ri e ele me olhou. - Tenho que ir agora, se precisar de mim, já sabe.
    - Claro, obrigada senhorita Black. - Ela desapareceu.
    - Black?
    - A antiga dona dessa adaga, uma bruxa necromante.
    - Então eu vou avisar a Andrômeda e a mãe de Frank.
    - Não avise ao Neville ainda… quero que eles se recuperem primeiro. Temos um problema também, não posso fazer magia fora de Hogwarts.
    - Está bem, mas agora vamos faxinar? Vocês três ficaram com a sala e o seus quarto.
    - Sim, senhor. - Levantei. - Só vou
trocar de roupa.
    Levantei correndo em direção ao meu quarto, passando pelos Weasley e Harry na cozinha. Coloquei uma blusa de manga comprida grande e um moletom, descendo as escadas rapidamente. A senhora Weasley estava explicando que não era para usar magia, chamando atenção dos gêmeos.
    -Mione, você veio no dia errado. - Disse Rony rindo.
    - Vamos, Marie? - Perguntou Gina. - Vamos tomar cuidado com as fadas na sala, ninguém quer sair machucados de uma faxina.
    - Por que então passaram esse para gente?
    - Fred e George não dariam certo. Harry e Rony são um pouco desastrados.
    - Verdade, então vamos começar. - Peguei um pano dado pela Molly, passando nos móveis.
    - Não vejo a hora de poder usar magia. - Reclamou Gina.
    - Ia ser mais fácil. - Granger disse pensativa.
    - Por que tanto objeto nessa casa?
    - Nem me fale… - Respondi. Percebi alguns sussurros reclamando, vi Monstro entrando na sala, depois percebeu nós ali.
    - Senhorita Potter, precisa de algo? - Disse depois de xingar as duas baixinho.
    - Você poderia limpar o nosso quarto, seria ótimo, Monstro.
    - Monstro irá. - Disse desaparecendo em direção ao quarto.
    Continuamos em silêncio, limpando tudo. Era bastante coisa, depois terminamos com a vassoura. Durante a nossa limpeza, Monstro apareceu avisando que o nosso quarto estava limpo. Ao acabarmos, fomos até a sala de jantar/ cozinha, os quatro garotos limpavam ainda ali, afinal ficaram responsáveis pelos seus quartos e corredores.
    -Vocês já acabaram? - Fred parecia indignado.
    - Mais ou menos. - Gina e eu sentamos, justamente para atrapalhar e provocar.
    - Monstro cuidou do nosso quarto. - Respondi sorrindo.
    - Vocês roubaram! - Reclamou Harry bravo.
    - Não, ele ofereceu ajuda e eu aceitei, simples maninho. Sejam mais legais com o Monstro e, talvez, tenham alguma chance.
    - Isso é impossível. - Comentou Hermione parecendo brava. - Ele odeia todo mundo que não seja como a "mui antiga casa dos Black".
    - Não é não, eu sou mestiça e ele não me odeia, como todos vêem.
    - Deve ser porque é tão idiota quanto os antigos senhores dele. - Rebateu Ronald.
    - Rony! - Harry chamou a atenção dele e eu me diverti com a cena.
    - Ué, já acabaram e começaram a brigar? - Apareceu Sirius ofegante.
    - Nós já, os garotos estão meio lentos. - Gina e eu rimos.
    - Elas roubaram Sirius, isso é injusto. - George reclamou fazendo careta. - Monstro limpou o quarto delas.
    - Marie Lily, o que Molly disse?
    - Sem magia, eu não usei, então estou tranquila.
    - Você não tem jeito, não é? - Riu. - Bem que o Monstro poderia limpar o resto da casa.
    - Pede para ele, ué.
    - Sem graça. - Sirius mostrou a língua. - Ele não me escuta, finge que eu não existo.
    - Triste, cachorrão. Agora vou tomar banho e estudar sobre aquele negócio. - Bati em seus ombros e fui em direção ao quarto.

Diário de uma PP: Potter PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora