Quer um chocolate?

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    Respirava fundo, tentando me acalmar, reprimindo o choro. Eu não sabia o porquê, mas eu queria gritar e chorar. Tudo estava indo água abaixo, se eu tivesse ficado com os Zabini teria sido tão melhor. Morgana subiu no meu colo e abracei-a, me dando conforto novamente. Olhei a minha frente, uma mulher ruiva me olhava triste e sentou-se perto.
    -Marie… - Seu sorriso era único.
    - Mãe? - Ela balançou a cabeça em afirmativa e não consegui mais segurar o choro.
    - Está tudo bem, querida. - Eu queria tanto poder sentir o toque de sua mão em meu rosto. - Você é muito forte, meu amor.
    - Se eu fosse, eu não estava chorando como uma idiota… - Sussurrei.
    - Faz bem chorar, deixa suas emoções fluírem.
    - Queria que você estivesse aqui, mãe.
    - Eu sempre estarei.
    Sua forma desapareceu da minha frente, deixando eu olhando para o vazio. Abafei o choro no pelo de Morgana, ela estava calma e carinhosa, parecia entender o que eu sentia, melhor do que eu. Senti um braço no meu ombro, por um segundo, pensei ser minha mãe.
    -Quer um chocolate? - Remo me ofereceu e eu aceitei, limpando as lágrimas.
    - Lílian estava aqui? - Disse Sirius entrando e sentando na cama na minha frente.
    - Estava… - Mordisquei um pedaço do doce.
    - Desculpa pelo jeito que falamos com você, Marie. - Remo me olhou nos olhos, sincero.
    - Estávamos assustados, raposinha.
    - Eu também estou, mas ninguém se importou. Próxima vez eu omito, então
    - Não, você fez bem em contar a verdade, Marie. - Sirius sorriu. - Alastor talvez tenha exagerado, sabe como é… a maioria de nós viu amigos e familiares morrerem ou se transformando em comensais.
    - Eu não sou eles.
    - Nós sabemos, Marie, por isso viemos pedir desculpas. O chocolate está bom? - Sorri de lado, confirmando.
    - Vou lá avisar o Harry e a Tonks que você está bem. - Remo levantou e deu uma olhada para Sirius, quem sentou no lugar dele.
    - Não gosta de chorar, também?
    - Nem um pouco.
    - Desculpa por ter achado aquilo de você, eu estou querendo me socar.
    - E eu estou querendo socar o Alastor.
    - Não sei se você consegue, aquele olho lá, é difícil.
    - Eu posso fazer algum fantasma atormentá-lo…
    - Você já fez isso, Marie?
    - Não, mas estou louca para testar.
    - Cuidado com suas vinganças, eu quase matei Snape uma vez tentando assustá-lo. - Encarei-o surpresa, nunca tinha me contado. - Longa história, me arrependo muito, mas não conta isso a Severo.
    - Não conto. - Suspirei. - Sinto tanta falta de antes.
    - Quando a guerra acabar, vai ficar tudo melhor. - Sorriu e me abraçou, acabei me segurando nele e chorando, recebendo carinho em meus cabelos. - Pode chorar, raposinha, eu estou aqui.




    - Boa noite, belas adormecidas.
    Tonks disse ao eu descer para jantar. Tinha chorado um pouco demais e dormindo de cansaço, ali mesmo, no chão abraçada por Sirius. Coitado, deve ter ficado com dor nas costas, porque ele continuou para não me acordar. A Toca tinha voltado ao normal, sem aquele clima estranho da reunião da Ordem.
    -Boa noite… - Falei bocejando e me espreguiçando. - Não sabia que já era tarde, por que você não me acordou Almofadinhas?
    - Eu não tive coragem, demorou tanto para você se acalmar.
    - Ele dormiu também, Marie. - Disse Remo rindo. - Fui lá ver e estava vocês dois quase babando.
    - Marie… - Harry se aproximou do nada e me abraçou. - Hum… desculpa. Você está bem?
    - Estou melhor. - Sorri de lado.
    - Melhor mesmo, porque amanhã é dia de embarcar. - Sorriu Remo. - Sexto ano, como o tempo passa rápido, parece que foi ontem que eu vi vocês nascerem.
    - Aluado, sem papo de tio velho, por favor. - Reclamou Sirius.
    - Finalmente, quero terminar logo. - Revirei os olhos.
    - Nem me fala, com minha nota de poção do N.O.M., não vou conseguir ser auror nunca. - Harry reclamou.
    - Eu nem sei o que vou ser, até pensei em ser professora, mas não tenho certeza.
    - Você poderia estudar ghouls ou magias antigas, se daria muito bem. - Lupin comentou.
    - Não tinha pensado nisso… ou posso tentar algo com quadribol.
    - Até parece, vocês dois são ricos, vão ter tempo para pensar ainda. - Reclamou Rony.
    - Não gosto de me sentir inútil.
    - Também não. Além disso, esqueceu nossos planos sobre sermos aurores juntos?
    - Óbvio que não, Harry.
    - Se quiser posso ajudar você com poções, eu sou boa.
    - Pelo jeito vou ter que me preocupar com DCAT agora, também.
    - É só você não fazer perguntas idiotas, não é? Se você cooperar, posso tentar convencer Severo a não te dar nota baixa.
    - Ele faz isso de propósito, até tira nota e pontos da Mione.
    - É aquele negócio, grifinórios que lutem. - Pisquei para eles. - Mas como falei, posso convencê-lo.
    - O que você vai querer em troca?
    - Nossa, Weasley… - Fingi estar ofendida. - Uso compartilhado da capa de invisibilidade e do mapa.
    - Para quê?
    - Para eu não precisar ficar roubando de você, maninho. Entrar no salão comunal da grifinória é difícil demais, não tenho paciência.
    - Você já entrou lá?
    - Acabei de afirmar isso, Harry. Aliás, aquilo lá é uma bagunça… Prefiro mil vezes o da sonserina, bem maior e tranquilo.
    - Marie, você sabe que é contra as regras isso, não?
    - Puff… se não me ajuda, finjo que não existe.
    - Como você não pega detenção então?
    - Eu nunca sou pega fazendo algo, vocês tem que aprender isso, mas seria muito esforço para grifinórios.
    - Blá blá grifinórios… - Weasley revirou os olhos.
    - Mas é verdade, qual é a casa que mais recebe detenção?
    - Por que você sempre parece ter resposta pronta? - Harry disse irritado.
    - Habilidades básicas de sobrevivência sonserinas. Sério, aquela casa não é para qualquer um mesmo.
    - É só ser idiota com os outros, não vejo nada difícil.
    - Se fosse só isso. Entre nós consideremos tudo, o status social, sua família, suas notas, de quem é próximo, sua autoconfiança, habilidades…
    - Hogwarts não é só para estudar?
    - Não para nós, construímos relações para um futuro grandioso, a nossa altura.
    - Socorro, depois reclamam sobre serem nariz empinado.
    - A gente ama essa fama, acredite. Porém voltando, aceitam o acordo?
    - Uma semana por mês apenas.
    - Não quer virar auror, Harry?
    - Eu sou seu irmão!
    - 14 dias por mês, sendo uma semana direta escolhida por você e os outros sete dias escolhidos por mim.
    - Está bem… - Revirou os olhos. - Se eu não conseguir nota…
    - Se meus olhinhos não convencerem Severo, eu te faço sorte líquida.
    - O que é isso?
    - Está precisando de ajuda em poção mesmo…

Diário de uma PP: Potter PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora