Corvino enxerido

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    Coloquei um vestido branco com desenhos de flores e folhas, simples e apropriado. Peguei meu casaco verde e me olhei no espelho. Eu sabia que era apenas um jantar para Slughorn conhecer os alunos mais promissores, de acordo com ele, para se juntarem a seu clube. Porém eu queria causar uma boa impressão, sempre bom garantir. Uma parte de mim, falava para não colocar a lente, mas ficaria muito visível com o cabelo preso.
    - Está pronta? - Vi Blásio pelo reflexo.
    - Prontíssima.
    - Você não comprou esse vestido na Grécia?
    - Foi esse mesmo. - Sorri para ele, enlaçando meu braço ao seu. - Está maravilhoso, ein?
    - Eu sei. - Piscou para mim.
    - Seu convencido!
    - Preferiu colocar a lente? Você já usou muito hoje, não vai te incomodar?
    - Por isso peguei o estojinho, caso eu precise tirar.
    - Não precisa esconder seu olho, ele é lindo do seu jeito. - A porta se abriu, nem todos tinham chegado ainda, mas Harry estava ali.
    - Senhor Zabini e senhorita Potter, sentem-se, o jantar já vai começar.
   Assentimos e fomos em direção a mesa redonda. Blásio puxou uma cadeira e me ofereceu, aceitei, era a cara dele fazer isso. Eu estava ao lado de Harry, no seu outro lado era Hermione.
    - E aí, cunhadinho? - Disse Blásio baixinho se inclinando em direção a meu irmão.
    - Não me chame de cunhadinho, por favor.
    - Vocês vão começar, de novo? - Perguntei rindo.
    - Cunhado? Desculpa minha intromissão.
    - Eu e Blásio namoramos, professor, há quase três anos.
    - Impressionante, pensava que o senhor Zabini era mais tradicional.
    - Eu sou sim, mas de um jeito mais flexível agora.
    - Vocês não se dão bem?
    - Harry implica comigo, mas eu sei que o meu cunhadinho gosta de mim.
    - Eles gostam de implicar, sabe como é… - Respondi, passando a mão em meus olhos que estavam ardendo. - Com licença…
    Eu me levantei, fui para um canto com espelho e tirei a lente. Bem que Blásio tinha me avisado, eu não poderia ficar usando com muita frequência. Voltei à mesa e tinha entrado mais alunos, alguns olharam para meu olho assustado. Blásio segurou a minha mão e piscou para mim, como se dissesse para eu não me importar. O professor iniciou a conversar logo que a comida foi servida, fazia perguntas aos convidados, querendo saber mais sobre seus alunos.
    - Senhorita Potter, você me falou que foi criada por Severo, diferente do seu irmão… Acredito que tenha aprendido muito, ele foi um excelente aluno.
    - Severo começou a minha educação mágica aos setes anos, então aprendi muito, sim.
    - Bem jovem mesmo, estranho até.
    - É porque eu tinha que lidar com o meu dom, além da magia… então meu pai achou melhor começar cedo antes que eu causasse algo ruim.
    - Ah sim, muito inteligente da parte dele…
    - Que dom? - Perguntou um corvino.
    - A senhorita Potter é uma bruxa necromante, impressionante, não?
    - Por isso seu olho está estranho?
    - Sim… - Sorri, querendo esganá-lo. - A morte é um equilíbrio, então quando uma bruxa como eu faz algo, tenho que pagar de um jeito para equilibrar.
    - A senhorita não tinha me falado isso.
    - O que você fez para ficar assim? - Corvino enxerido.
    - A Marie segurou uma pessoa nesse mundo, para ela não morrer totalmente. - Comentou Harry. - Como se fosse uma ressuscitação, mas é bem mais complicado que isso.
    - Impressionante… - O professor me olhou curioso. - Tão nova e já tem tanto poder, será uma bruxa extraordinária. Quem era a pessoa?
    - Um amigo nosso… - Respondi, tentando tirar a atenção para isso. - Obrigada, senhor Slughorn.






     As vezes eu achava que meu pai tinha razão em sempre deixar Harry em detenção, é muita lerdeza para um ser humano só. Eu estava tentando explicar, ele dormiu durante a explicação. Sinceramente, essas aulas não dariam resultado nenhum. Colocamos nossos livros na gramas, dando uma pausa nos estudos.
    -Não sei para quê tudo isso, se eu não vou passar nos N.O.M.s de qualquer jeito por causa do Snape.
    - Vai passar sim, para de ser lerdo. Severo apenas é rígido, principalmente com alunos que ele não vai muito com a cara.
    - Então admite?
    - Eu já te falei isso, Harry.
    - Só falta admitir sobre o Malfoy.
    - De novo esse assunto?
    - Marie, eu escutei toda a conversa do trem. Draco estava quando você foi visitar Voldemort, não estava?
    - Abaixa sua voz, tem aurores aqui! - Um homem nos encarava, quando o nome Malfoy soou, só aumentou sua atenção.
    - Ele falou que você sabia mais que a sua amiga lá, por causa do professor Snape.
    - Ele estava, mas isso não te interessa.
    - Ele é um comensal! - O homem se aproximou mais ainda.
    - Ele não é, Harry! Pode mudar de assunto, por favor?
    - Você não deveria proteger ele, Marie. Voldemort matou os nossos pais, o Malfoy está indo pelo mesmo caminho.
    - Acredite, ele não vai, não tem essa capacidade.
    - Não? Até parece que não foi ele que quase matou a Cátia Bell!
    - Você não tem provas, Harry, e ele estava comigo.
    - Eu sei que não estava, Marie. Pare de defender um assassino.
    - Ele nunca matou ninguém, Harry, logo não é um assassino.
    - Senhores Potters, não pude deixar de ouvir…
    - Não é nada, auror. Meu irmão que surta, às vezes.
    - Ele é um comensal, mas você não quer admitir.
    - Quem seria?
    - O Malfoy.
    - Lucius Malfoy está preso, senhor Potter.
    - Eu falei, Harry está apenas confuso e com raiva.
    - John deixa os estudantes! - Olhei e vi o auror que eu ameacei com seu segredo. - Não é para isso que estamos aqui.
    - Com licença.
    - Por que você não deixou eu falar?
    - Harry, você não pode sair acusando as pessoas! Se for acusar alguém de ter assassinado alguém, me acusa.
    - É diferente, Marie. Draco faz isso por pura maldade.
    - Draco não é mau, ele apenas não tem muitas escolhas.
    - E escolheu ser um comensal desgraçado?
    - Se você continuar em insistir nisso, eu vou embora.
    - Desculpa se eu estou preocupado com o tipo de pessoa que você faz amizade. - Ele voltou o olhar para mim, novamente. - Você ainda pensa sobre o garoto que você..?
    - Óbvio, Harry, mas não está igual a antes… no começo eu me sentia muito culpada, agora eu estou entendendo que era o que eu tinha de fazer.
    - Eu pensei que a culpa durava mais tempo, normalmente.
    - Dura, mas não é tão difícil como no começo. Além disso, a possibilidade de eu ter que fazer de novo, é grande.
    - Não, você não vai precisar.
    - Harry, eu sei que vou precisar. Assim como você vai precisar matar Voldemort.
   

Diário de uma PP: Potter PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora