Ela chorava. Um choro intenso, e eu não sabia o que fazer. Merda. Aquilo era, unicamente, minha culpa. Eu deveria ter imaginado que acabaria machucando-a. A dor que eu senti ao receber os tapas de Anahí não era nada comparado ao que acontecia dentro de mim.
Sem pensar eu a puxei para mim, abraçando-a. Precisava, de alguma forma, consolá-la.
Pensei que ela fosse gritar outra vez e me afastar com mais uma sequência de tapas, mas, ao contrário disso, fragilizada demais, ela deixou que eu a abraçasse, desabando em meus braços.Alfonso: Me perdoa, Anahí. – Supliquei afagando seus cabelos. Ela, no entanto, meneou a cabeça, negando, com o rosto afundado em meu peito. – Eu juro que não queria que as coisas fossem assim. – Sentia o corpo dela tremer, tão pequena, tão frágil.
Anahí: As coisas são assim p-por sua culpa. – Murmurou com a voz abafada – S-sua culpa. – Repetiu, e eu tinha consciência que, sim, era minha culpa.
"Cause it's you and me and all of the people
Porque somos você e eu, e todas as pessoas
With nothing to do, nothing to prove
Com nada a fazer, nada a provar"Alfonso: Eu sei. Eu sei. – A apertei ainda mais em meus braços – Me desculpa. Me deixe explicar o que aconteceu. – Pedi mais uma vez, e os olhos azuis ergueram-se para olhar-me.
Anahí: Eu te amava. – Disse com mágoa – É tão difícil assim me amar também?
Alfonso: Não, Anahí. É muito fácil amar você.
Anahí: Então por que você não ama? Por que não é capaz de me amar? – Rebateu com a voz fraca.
Alfonso: Por Deus, Anahí, eu amo você. Amo como eu jamais imaginei amar alguém! – Tomei seu rosto entre as mãos, delineando suas bochechas com o polegar.
Anahí: Mentira... – Sussurrou.
E eu não sei direito como aconteceu, mas no segundo seguinte, senti-a aproximar seus lábios dos meus, e então estávamos nos beijando. Nos beijando como se nossas vidas dependessem daquilo, como se não houvesse um amanhã, como se pudéssemos morrer naquele instante. Pelo menos, era assim que eu me sentia.
Nossos lábios moviam-se numa sincronia quase violenta, meus braços a envolviam possessivamente, enquanto as mãos finas de Anahí seguravam a minha nuca com força. O ar era necessário, mas a necessidade que tínhamos um do outro era muito maior. Sugando meu lábio, ela desceu as mãos por minhas costas, adentrando minha camisa e provavelmente deixando a marca de suas unhas por minha pele. E aí eu já estava perdendo todo e qualquer controle que tinha sobre meu corpo, a queria, e a cada minuto a queria mais. Mas não podia. Simplesmente não podia fazer isso com ela, comigo, e pior, com o meu filho."And it's you and me and all of the people
E somos você e eu, e todas as pessoas
And I don't know why I can't keep my eyes off of you
E eu não sei porque eu não consigo tirar meus olhos de você"Alfonso: Anahí, pare. – Pedi entre ofegos. Seus olhos fitaram-me dilatados e intensos. Ela me olhava atônita. Tomando, talvez, consciência do que estávamos prestes a fazer.
Anahí: Vá embora. – Pediu abaixando o rosto e tomando certa distância de mim.
Alfonso: Vamos conversar. – Insisti.
Anahí: Vá embora. – Repetiu.
Alfonso: Zuria está grávida. – Percebi que não conseguiria fazê-la sentar e me ouvir, então essa foi a única maneira. Ainda que ela se negasse, eu precisava contar-lhe. Vi o choque riscar seu rosto assim que proferi aquelas palavras, mas ainda assim, ela não me olhou – Foi por isso que eu não pedi o divórcio. Pelo meu filho. Eu não posso, Any. Há muito tempo eu esperei por essa criança, e não tenho o direito de acabar com essa família agora. Sei que também não tenho o direito de magoar você, mas... – Suspirei, fechando meus olhos. Tentando explicar, talvez, o inexplicável – Eu sinto muito. Sei que te machuquei, que disse que te provaria o quanto te amo, e ao contrário, só consegui estragar as coisas. – Dei um passo à frente e, esticando a mão, alcancei seu queixo – Eu realmente te amo, eu realmente tinha intenção de passar o resto dos meus dias ao seu lado. Mas eu, simplesmente, não posso. – Ela segurou a minha mão, tirando-a de seu rosto. As lágrimas que já haviam secado voltaram a cair pela face delicada. Nunca imaginei que seria tão difícil renunciar ao que sentia por ela. Mas era preciso. – É justamente por te amar tanto que eu estou sendo sincero com você, Any. – Ela assentiu em silêncio, e só depois de longos minutos soltou algumas palavras.
Anahí: Eu preciso ficar sozinha. – Disse em meio a um longo suspiro – Por favor. – O que eu faria senão atender àquele pedido? Eu não tinha o direito de impor a minha presença a ela, não depois de tudo o que eu contara. Ela havia me ouvido, e agora não havia mais nada que eu pudesse fazer ali.
"Cause it's you and me and all of the people
Porque somos você e eu, e todas as pessoas
With nothing to do, nothing to lose
Com nada a fazer, nada a perder"
Anahí nem esperou que eu saísse pela porta de seu apartamento. Ela simplesmente caminhou a passos lentos, sumindo pelo corredor, provavelmente indo até o seu quarto. Naquela sala ficaram apenas o silêncio e a terrível solidão que me afogava. Sendo assim, deixei aquele lugar, com uma sensação de vazio que jamais sentira.
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Palavras, apenas palavras
FanficPalavras podem ferir, ou podem te fazer a pessoa mais feliz do mundo. Uma simples palavra é capaz de te levar ao céu, ou te atirar sem piedade ao inferno. Elas podem ser motivo de alegria, ou do mais doloroso choro. Palavras prometem, aliviam, engan...