Capítulo 17 - Poncho's POV

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Quando cheguei em casa naquela noite me deparei com algo, ou melhor, alguém, que eu não esperava, Zuria.

Alfonso: Zuria? – Disse sobressaltado quando a vi jantando.

Zuria: Oi Poncho. – Ergueu os olhos para me encarar.

Alfonso: Pensei que fosse voltar só na próxima semana. – Comentei enquanto jogava meu casaco no sofá e juntava-me a ela na mesa.

Zuria: Tentei falar com você hoje cedo, mas não consegui. Minha irmã cancelou o casamento.

Alfonso: Ah é? Por quê? – Fingi interesse. Droga, era para ela ter voltado apenas depois do casamento da irmã, no próximo final de semana. 

Zuria: Ele a traía. – Girou os olhos – Um grande cafajeste. Mas por sorte ela descobriu a tempo e não se casou. – Fiz uma careta. Pobre rapaz, só estava liberando o seu testosterona. – Vocês homens são tão canalhas. – Acusou.

Alfonso: Não generalize, amor. – Segurei sua mão, depositando ali um beijo – Eu não sou assim. – Defendi-me. 

Zuria: Espero que não. – Suspendeu uma sobrancelha, ameaçadora, e eu senti minhas pernas tremerem, mas por fim ela sorriu. Bom, minha esposa voltara e acabara com todo e qualquer plano que eu tinha para o meu final de semana com Anahí.

Vamos lá, mais uma vez vocês devem estar me achando um canalha, certo? E eu não vou me isentar da culpa. Eu a traía, é verdade, e minha consciência raramente pesava. Casara muito novo com ela que era a minha melhor amiga. Estudávamos juntos desde o colegial e ela fora a minha primeira namorada (séria), as coisas foram rolando e quando eu dei por mim estávamos a um passo do casamento. E sinceramente eu nunca quis aquilo. Mas não queria magoar a minha amiga Zuria. E ela estava tão feliz com toda aquela baboseira que eu não pude fazer outra coisa a não ser compactuar com aquilo.

O resultado é que nos casamos, e desde sempre eu a enxergo mais como amiga do que como mulher. No começo tentei ser fiel. Tentei encarar aquilo como algo bom, mas os resultados não eram nada positivos, vivia frustrado e aí sim a magoava. Cada vez que eu reclamava de algo, ela se punha com uma cara de cachorro que caiu da mudança e aquilo me rompia a alma. Sendo assim, passei a procurar com outras o que não sentia com ela, mas jamais deixei de lado os meus deveres de marido. Era atencioso, amável, cavalheiro, só não era inteiramente dela. E já fazia sete anos que levava a minha vida assim. E só para satisfazer a curiosidade de vocês, ela nunca desconfiou de nada. 

Zuria: Amor, estava pensando... – Lá vem bomba. Quando ela começa uma frase assim, experiências anteriores me dizem que, não poderia ser nada bom – Eu queria começar a trabalhar na U&H.

Alfonso: Trabalhar o que? – Perguntei atônito. Ela jamais poderia ir trabalhar na U&H, jamais.

Zuria: É, trabalhar. Também sou sócia. Sou formada em administração, não tenho absolutamente nada para fazer. Estou cansada de ficar em casa.

Alfonso: Meu amor, não tem porque você ficar indo trabalhar... – Tentei.

Zuria: Mas eu quero! – Rebateu, e eu percebi que ela não estava me pedindo, estava me avisando. E era sempre assim, quando Zuria queria alguma coisa não importava a opinião do resto do mundo. Ela simplesmente fazia a sua vontade, mas dessa vez isso não podia acontecer

Alfonso: Zuria, eu não acho que seja necessário. Levaria muito tempo até que você estivesse a par de tudo o que acontece na empresa e... 

Zuria: Não importa. – Interrompeu-me – Eu vou aprender. – Disse-me sorrindo – E você vai me ensinar, não vai? – Perguntou-me. E eu conhecia bem aquele olhar que ela estava colocando em cima de mim. Ela sabia bem que meia dúzia de palavras, e um daqueles olhares extremamente pidonhos me convenciam de qualquer coisa. Mas por Deus, como manteria Zuria e Anahí num mesmo ambiente? Falando em Anahí, aquele que era para ser um dia incrível, transformara-se num dos dias mais frustrantes da minha vida. Merda.

Palavras, apenas palavrasOnde histórias criam vida. Descubra agora