Quando cheguei em minha sala, naquela terça-feira, Angelique me olhou com uma cara de 'O que você está fazendo aqui?', e depois de um tempinho dizendo-me que eu precisava descansar, relaxar e esquecer, ela tocou no ponto chave, Alfonso. E eu não sei porquê, mas me sentia a vontade o suficiente para conversar desse meu 'problema sentimental' com ela.
Angelique: E eu entendo que o Poncho é bem interessante, mas ele não é o único do mundo.
Anahí: Eu sei! Mas isso não significa que eu vá ficar correndo desesperadamente atrás de homem agora! – Disse, enquanto ela tentava me convencer a sair com ela e seus amigos.
Angelique: Você não precisa correr desesperadamente, mas também não fique assim – Meneou as mãos – tão fechada.
Anahí: Eu não estou fechada! – Okay, eu estava fechada.
Angelique: Então vamos sair, vamos nos divertir, Anahí, pelo amor de Deus, você precisa espairecer!
Anahí: Tá bom! – Dei-me por vencida – Mas avise para esses seus amigos que eu não estou aberta para um novo relacionamento. – Ela riu, riu muito.
Angelique: 'Eu não estou fechada' – Imitou minha voz – Você é a pessoa mais contraditória que eu conheço!
Anahí: Olha que eu não vou mais! – Ameacei e ela continuou rindo.
Angelique: Okay! – Disse a minha amiga hiena, depois de respirar fundo controlando o riso – Vamos quando? Sabe, pensei na Lotus.
Anahí: Nesse final de semana?
Angelique: Não, nesse eu não posso. – Lamentou – Vou para San Francisco, numa conferência sobre as novas tendências em decoração e arquitetura.Anahí: E você vai quando?
Angelique: Não sei, Poncho ficou de comprar as passagens. – Epa! Poncho? Passagens? Acho que eu perdi alguma coisa.
Anahí: Ele vai?
Angelique: Vai. – Respondeu óbvia.
Anahí: Ele e mais quem?
Angelique: Ele e eu. – Respondeu mais óbvia ainda. Ele e ela? Sozinhos em San Francisco? Tudo bem, eu confiava em Angelique, mas nele? Era bem a cara dele tentar seduzi-la, e meu Deus, minha mente já estava viajando, imaginando as milhares de coisas que os dois poderiam fazer juntos em um hotel em San Francisco. – Quê? – Perguntou diante do meu silêncio – Vai me dizer que está com ciúmes, Anahí, pelo amor de Deus.
Anahí: Eu não estou com ciúmes! – Rebati, com a mente ainda fervilhando de ideias. E foi dentre essas milhares de ideias que uma, em especial, me chamou a atenção. Vejam só, eu realmente iria superar Alfonso, e eu tinha mesmo entendido que havia acabado sem chances de volta. Aquele era o meu horroroso destino e eu teria que aceitar. Mas aceitar tudo isso, não quer dizer que eu tenha aceitado a maneira como tudo acabou. Vou ser mais clara, o que eu sentia por Alfonso era algo intenso demais para acabar depois de um tapa no rosto, um beijo desesperado e milhares de lágrimas. Errado, insano e completamente absurdo, mas eu queria ter um último momento bom junto dele, algo que eu pudesse lembrar para sempre. E idiotice ou não, alguma coisa dentro de mim me dizia que eu não conseguiria seguir adiante se não fizesse aquele momento acontecer. E bom, eu faria, e começaria agora.Angelique: É bom mesmo. – Disse rindo, provavelmente, da minha cara – Porque vai ser apenas uma viagem de trabalho. Uma chata e tediosa viagem de trabalho. – Hm, eu não acharia nada tedioso ir para San Francisco com Poncho.
Anahí: Chata e tediosa? Acho que tem alguém aqui que não está querendo viajar... – Joguei verde.
Angelique: Digamos que eu tinha planos melhores para esse final de semana.
Anahí: Então eu acho que posso te fazer um grande favor.
Angelique: O que? – Ergueu uma sobrancelha, desconfiada.
Anahí: Posso ir no seu lugar. – Falei como quem não quer nada, quando na verdade eu queria muito.
Angelique: Como é que é? – Arregalou os olhos um tanto quanto surpresa.
Anahí: É – Afirmei – Sem problemas, eu poderia ir no seu lugar.
Angelique: Anahí, você esqueceu quem vai estar lá comigo?
Anahí: Como? – Fingi não entender.
Angelique: Anahí, Alfonso vai estar lá. – Explicou como se quisesse me fazer enxergar o óbvio. O que ela não havia notado é que era exatamente por causa dele que eu queria ir.
Anahí: E daí? – Dei de ombros como se aquilo não me importasse.
Angelique: E daí que você está me dizendo que não há problemas em você viajar com ele! – Perplexa – E toda aquela história de ‘não aguento vê-lo’? – Mais perplexa ainda – Qual foi a parte que eu não entendi, eim?
Anahí: Angel, eu só estava tentando ajudar você. – Mas eu sou mesmo muito cínica!
Angelique: Aham. – Forçou uma gargalhada – Você quer mesmo que eu acredite nisso?Anahí: Okay. – Suspirei derrotada – Angel, eu preciso de um tempo sozinha com ele!
Angelique: Anahí, pra que? – E aquele ar perplexo continuava ali.
Anahí: Porque eu sinto que só depois disso vou conseguir seguir em frente. É como se eu precisasse de algo para poder lembrar pra sempre. – Tentei explicar.
Angelique: Any, você vai acabar se machucando ainda mais. Por que não deixa as coisas como estão?
Anahí: Porque eu não consigo! – Disse um tanto quanto desesperada.
Angelique: Ai meu Deus... – Fitou o chão, pensativa, e depois voltou a olhar-me – Tá bom. Mas vê se não vai fazer besteira.
Anahí: Muito obrigada! – Abracei-a. Acho que ela não fazia noção do quanto eu precisava daquele final de semana – Angel, posso te pedir só mais um favorzinho?
Angelique: Pede, pentelha!
Anahí: Não conta nada pra ele. Eu quero que seja uma surpresa. – Ela soltou-me do abraço, olhando-me com reprovação –Por favor? Nós resolvemos tudo, e ele não precisa saber de nada! – Emendei com o ar mais meigo que consegui.
Angelique: Tá bom! – Concordou, vencida pelo cansaço.A manhã passou rápida e, para a minha surpresa, quando eu estava saindo para almoçar com Dulce, vi Ian no hall de entrada do prédio onde ficava a U&H.
Ian: Recuperada? – Perguntou-me, vindo cumprimentar-nos.
Anahí: Acho que o passeio de moto serviu para alguma coisa! – Brinquei.
Ian: Estou à disposição. Quando precisar de um 'passeio revigorante' é só me chamar, você já tem meu celular.
Anahí: Tenho sim! – Assenti. No dia anterior, Ian havia me deixado em casa, conversamos um pouco e horas depois ele voltou trazendo também o meu carro. Para agradecer tudo o que ele estava fazendo por mim, eu paguei-lhe um café na confeitaria que havia perto do meu prédio. E lá perdemos mais um bom tempo. Ian era engraçado e conversar com ele era fácil. No fim, eu até acabara esquecendo um pouco de toda aquela agonia que me acompanhava, mas foi só eu ficar sozinha em meu quarto que todas as lembranças de Alfonso voltaram. Eu teria que aprender a afastá-lo de minha mente, e eu faria isso, mas só na semana que vem.
Dulce: Hey, Ian, almoça com a gente?
Ian: Claro! – Assentiu animado. E Dulce deu um daqueles pulinhos em comemoração. Eu posso estar errada, mas aquele sorrisinho estampado no rosto dela era típico de quem estava apaixonada. Hm, Ian que se cuide.
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Palavras, apenas palavras
FanficPalavras podem ferir, ou podem te fazer a pessoa mais feliz do mundo. Uma simples palavra é capaz de te levar ao céu, ou te atirar sem piedade ao inferno. Elas podem ser motivo de alegria, ou do mais doloroso choro. Palavras prometem, aliviam, engan...