Capítulo 27 - Poncho's POV

1.9K 101 2
                                    

Jamais levara ninguém àquele lugar. Nem mesmo Zuria sabia que ele existia. Ali era o meu refúgio, o lugar que eu ia quando precisa pensar, quando queria ficar sozinho. 
Era um prédio antigo e grandioso. Comprara a cobertura daquele lugar há anos. O apartamento era mobiliado, mas o que mais me interessava ali não era o apartamento em si, mas a vista que aquele andar me oferecia, assim como o calmo jardim que ocupava todo o terreno atrás no edifício. E era lá que eu a havia levado, no jardim.

Anahí: Poncho, isso é seu? – Perguntou-me fascinada.

Alfonso: Não. – Disse em meio a um sorriso – Mas posso vir aqui à hora que eu quiser.

Anahí: Mas não é privado? Digo, dos moradores do prédio.

Alfonso: Sim.

Anahí: Então você mora aqui?

Alfonso: Não. Mas tenho um apartamento aqui. – E nesse momento ela já nem prestava mais atenção no que eu falava. Um sorriso habitava em seus lábios enquanto ela olhava tudo ao seu redor. Peguei então uma flor, e toquei suavemente seu ombro. – Pra você. – Ela olhou-me, e para a minha surpresa envolveu seus braços em meu pescoço e colou seus lábios aos meus. Senti-a estremecer quando minha língua encontrou à dela, dando início a um beijo que duraria minutos.

Anahí: Me desculpe por hoje cedo. – Pediu, pegando-me ainda mais desprevenido. Quem lhe devia desculpas era eu, desculpas por mentir, ou melhor, omitir algo que era bastante relevante sobre minha vida. – Eu não quero pressionar você. Eu gosto de estar com você, e isso basta. – Gostaria muito que ela dissesse isso depois que eu contasse sobre o meu casamento. E eu contaria, só não sabia exatamente como. 

Não queria que ela sofresse, mas tampouco poderia prometer que largaria minha mulher caso ela quisesse. Ainda que essa ideia me parecesse bastante tentadora, entendam, é difícil terminar um casamento de anos. E eu ainda esperava que tudo isso que eu sentia por Anahí fosse uma paixão passageira. Algo que não me obrigasse a sair do comodismo em que eu vivia e a tomar, de fato, alguma atitude. 

Mas a quem eu estava querendo enganar? O que eu sentia por ela não era algo passageiro.

Diante da minha total falta de palavras, ou de coragem, como queiram, eu resolvi abraçá-la, pousando meus lábios em sua testa.

Ficamos naquele jardim umas boas horas. Sentados sob a sombra de uma árvore. Ela com as costas grudadas em meu peito, e eu ninando-a, imaginando como seria depois que eu lançasse a grande bomba. Eu realmente não queria perdê-la.

Anahí: Não vai me convidar para conhecer o seu apartamento? – Perguntou tombando a cabeça para trás para encarar-me.

Alfonso: Mas é claro que vou.

Palavras, apenas palavrasOnde histórias criam vida. Descubra agora