Paulina: Você está tão linda, Any! – Dizia-me.
Estávamos no salão de beleza. Eu sentada em frente ao espelho, enquanto ela ajeitava o véu em minha cabeça.
Paulina: Está nervosa? – Fechei os olhos, permitindo que a maquiadora retocasse a sombra que mesclava pérola e dourado. O salão estava fechado, vantagem de ser amiga do dono que havia me presenteado com um dia de rainha.
Anahí: Um pouco. – Respondi, voltando a fitar-me no espelho. Ajeitei minha sobrancelha observando os detalhes do meu rosto.
Marichelo: Vamos? Senão vai acabar chegando atrasada! – Disse, aparecendo às minhas costas. – Você está perfeita, filha. – Assenti, levantando-me.
O espelho que ocupava uma das paredes do salão permitiu que eu me visse por completo. O vestido branco rendado, cheio de camadas, o véu comprido que se esparramava pelo chão do ambiente.
A maquiagem estava perfeita, o vestido de noiva estava perfeito, o cabelo, impecável. A única coisa que faltava ali era um sorriso no rosto, talvez aquela sensação calorosa no peito e aquelas borboletas no estômago. Talvez faltasse também um pouco de ansiedade e aquela vontade louca de dizer o sim. Pois é, pelo jeito não era só uma coisa que faltava, mas várias. Ou quem sabe essas várias coisas se resumissem a uma só, faltava amor. E permitindo-me ser mais sincera, faltava Alfonso. Aquele que desde a última vez em que o vira, em NY, habitava os meus sonhos constantemente. Quantas e quantas vezes nesse último mês eu me pegava pensando nele. Tudo ia tão bem até aquele dia...
De qualquer forma, eu me negava a pensar nisso, e me negava mais ainda a assumir que ainda o amava. Não me permitia sentir isso. A grande ironia é que por mais que você se engane acreditando bloquear um sentimento, ele sempre continua ali. Crescendo pouco a pouco sem você se dar conta.
Anahí: Posso ficar sozinha um segundo? – Pedi. Precisava do silêncio. De um minuto sozinha com meus pensamentos, para convencer-me, mais uma vez, de que a decisão que eu havia tomado era certa.
Christian: Vamos sair pessoal! A noiva precisa de um minuto de silêncio. – Disse, divertido. Aliás, se havia algo que Christian, o dono do salão, era, era divertido. Dito isso, todos saíram do salão, deixando-me comigo mesma. Ouvindo um 'Não demore!' de minha mãe, eu ajeitei meu vestido em frente ao espelho.
Anahí: Vamos lá! – Sorri – Você vai ser feliz!
– E você ainda tem dúvida disso? – Ouvi a voz ecoando pelo ambiente vazio.
Virei-me, e Ian, com sua câmera em mãos, tirou uma foto minha. Mesmo depois de tantas coisas e de tanto tempo nós dois mantivemos contato. E ele fora o escolhido para fotografar meu casamento.
Anahí: Onde está a Nina? – A namorada e assistente dele.
Ian: Já está na Igreja. E aí?
Anahí: E aí o que?
Ian: Você ainda tem dúvida disso? – Repetiu.
Anahí: Não! Eu só estava falando sozinha...
Ian: Mas, com certeza, algum motivo há para você falar sozinha!
Anahí: Ah, você sabe que eu sempre fui um pouco louca. – Brinquei, mas ele estava sério. Sério até demais.
Ian: Vamos, Anahí! – Disse depois de uns minutos me observando – Não era essa a cara que eu esperava ver no dia do seu casamento.
Anahí: Que cara?
Ian: Essa. – Segurou meus ombros, virando-me outra vez para o espelho. Eu abaixei os olhos, ignorando a minha feição 'não-tão-animada-assim' e os olhos indagadores de Ian. – Olhe para mim. – Pediu, e eu, lentamente, o encarei pelo espelho – Está feliz?
Anahí: Ian... – Hesitei. A verdade era que eu não estava, mas, juro, queria estar. – Eu estou bem.
Ian: Está feliz? – Enfatizou. Não respondi. Voltando a encarar o chão, senti-o soltar meus ombros. – Any, eu pensei que você tivesse superado... – Olhei-o.
Anahí: Superado o que? – Fingi não entender.
Ian: Alfonso.
Anahí: Eu superei. – Rebati.
Ian: Então por que está assim? – Como? – E não tente me enganar que não é por causa dele.
Anahí: Mas não é por causa dele! Eu só estou confusa... Eu não sei... Casamento é algo para a vida toda... – Tentei explicar.
Ian: Okay... – Sentou-se numa das cadeiras em frente ao espelho. Eu fiquei parada, logo atrás dele – Uma pergunta... Se fosse Alfonso que estivesse te esperando naquela Igreja, você estaria confusa? Você hesitaria? – Mas que droga, por que ele precisava me deixar ainda pior? A resposta era tão óbvia e ao mesmo tempo tão absurda que eu não podia assumi-la nem para mim mesma. Quem diria, para o Ian. – Ele me disse que viu você... – Levantou-se – Você não me contou nada.
Anahí: Não contei porque não importa. Não significou nada. Por que eu deveria ter comentado isso com você? – Ele riu. Balançando a cabeça negativamente.
Ian: Ah Any... Eu só quero que você seja feliz. Você merece isso. – Mexeu no bolso de seu paletó, tirando de lá um envelope – Eu até pensei em não entregar isso para você. – Balançou o envelope em mãos – Pensei que talvez isso fosse estragar esse momento tão importante da sua vida... – Eu o olhava, sem entender absolutamente nada – Mas quer saber? Eu realmente espero que você leia, e que isso te ajude a tomar a decisão correta. – Deixou o envelope sobre a cadeira em que antes ele estava sentado.
Anahí: Ian, o que é isso? – Perguntei, atônita.
Ian: É dele. Leia se achar que deve. – Sorriu – E bom, eu acho que você deveria ler. – Beijou-me a testa – Vou esperar lá fora. Qualquer coisa, me chame.
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Palavras, apenas palavras
FanficPalavras podem ferir, ou podem te fazer a pessoa mais feliz do mundo. Uma simples palavra é capaz de te levar ao céu, ou te atirar sem piedade ao inferno. Elas podem ser motivo de alegria, ou do mais doloroso choro. Palavras prometem, aliviam, engan...