Uma porcaria, era exatamente essa palavra que definia os meus dias. Enfiando a cara em projetos e mais projetos que eu insistira que Angelique me passasse, eu tentava manter minha mente ocupada. E ela, parecendo querer prestar algum tipo de solidariedade, fazia exatamente o que eu pedia. Ao contrário do que eu imaginara, ela não era nenhum tipo de inimiga que queria roubar o meu homem, mostrara-se bastante companheira, tentando a todo custo melhorar o meu humor.
Angelique: Você vai surtar!
Anahí: Não vou, só quero terminar esse aqui antes de ir embora.
Angelique: Anahí, eu não vou mentir, é bem legal você estar adiantando todos esses projetos. De verdade, é um avanço para a minha vida, mas você não pode continuar assim. Vamos, já é sexta-feira. Você passou a semana inteira enfurnada aqui nessa sala.
Anahí: Eu já vou. – Assenti – Já estou quase finalizando aqui. – Percebi que ela caminhara até mim, sentando-se na cadeira que havia em frente à minha mesa.
Angelique: Mais dia menos dia você vai se bater com ele nesses corredores.
Anahí: Enquanto eu puder adiar isso, eu adiarei. – Levantei meus olhos para fitá-la. – E isso da esposa dele estar trabalhando aqui...
Angelique: Quem te disse isso? – Interrompeu-me.
Anahí: Dulce. Ela achou melhor me avisar. Vai que eu fosse armar um barraco ou me queixar de Alfonso para a senhora Herrera. – Disse com desdém. E vi o olhar piedoso que Angelique colocou sobre mim. Para completar ela soltou um longo e pesaroso suspiro.
Angelique: Esqueça isso. Esqueça Alfonso e Zuria, vai ser melhor pra você.
Anahí: Eu sei, vou esquecer. Eu só preciso de tempo.
Angelique: Então tire alguns dias pra você, se divirta. Você adiantou trabalho de um mês inteiro só nessa semana. Tenho certeza que Christopher não iria se opor.
Anahí: Não. Não quero misturar as coisas. Não vou deixar que essa bobagem toda influencie na minha vida profissional. Eu estou trabalhando onde eu sempre quis, e eu não vou deixar que Alfonso me afaste disso.
Angelique: É você quem sabe. – Segurou minha mão num gesto amigável – Só quero que fique bem. – Sorriu – Quando terminar apague as luzes e tranque a sala, todos já foram embora. – Eu assenti – O pessoal da limpeza vem à noite, então deixe essas chaves com o porteiro – Disse entregando-me um chaveiro – Nos vemos segunda.
Anahí: Até mais. Divirta-se.
Depois de terminar aquele projeto ao qual me empenhara a tarde toda, eu iria embora. Iria.
Apaguei as luzes do escritório, mas algo me chamou a atenção. Um feixe de luz escapava por debaixo de uma porta, a porta da ‘sala da perdição’. Alguém devia ter esquecido acesa, claro.
Fui até lá, mas para a minha surpresa, quando abri a porta, vi que a sala não estava vazia.
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Palavras, apenas palavras
FanfictionPalavras podem ferir, ou podem te fazer a pessoa mais feliz do mundo. Uma simples palavra é capaz de te levar ao céu, ou te atirar sem piedade ao inferno. Elas podem ser motivo de alegria, ou do mais doloroso choro. Palavras prometem, aliviam, engan...