Capítulo 77 - Anahí's POV

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O que fazer agora? O que fazer quando você se sente a pessoa mais solitária do mundo?


Será que o melhor é se enterrar de vez ou tentar espairecer e fazer com que as ideias sumam? Na dúvida, eu me enterrei de vez. Quer dizer, eu ia para o trabalho, não deixara de comer, ou de tomar banho, mas já não havia ânimo para nada.

Cansada demais eu tinha até desistido de tentar esquecer, recomeçar ou qualquer baboseira do tipo. E isso era, para ser bem amena, completamente ridículo.

Eu nunca fora do tipo de pessoa que me deixara abater por um relacionamento, daquelas que esqueciam do amor próprio por causa de um homem, ou que achavam que o mundo acabava por uma desilusão. E pior, eu criticava as pessoas que tinham esse tipo de comportamento. E vejam só como eu estava agora. Pagando a língua, eu sei.


Enfim, quase duas semanas depois de Ian ter partido, eu estava no meu apartamento num estado calamitoso, ignorando as ligações de Paulina em meu celular. Foi quando ouvi a campainha tocar, estridente. Saco. Ates que eu pudesse chegar até a sala, a pessoa do outro lado começou a bater insistentemente na porta.


Anahí: Já vai! - Berrei, xingando mentalmente o porteiro que deixara alguém subir sem anunciar. Abrindo a porta dei de cara com Angelique.


Angelique: Anahí! Você não retorna as ligações! O que aconteceu com você?


Anahí: Tenho andado sem tempo. - Droga. O que eu menos queria era uma visita inesperada.


Angelique: Até nos finais de semana? Me poupe! - Entrou, sem ensaios - E essas olheiras? Essa cara de quem morreu e esqueceu de cair? Pelo amor de Deus, Anahí, não vai me dizer que ainda é por causa dele? - Rolei os olhos, acho que eu não queria falar sobre aquilo e, muito menos, ouvir um sermão acompanhado de um belo discurso sobre como ele não merecia isso e como era inadmissível que eu não erguesse a cabeça e seguisse a minha vida. Merda. Eu sabia disso, mas entre saber e fazer havia um caminho muito longo e pedregoso.


E só para constar, eu não estava preparada para enfrentar esse caminho.


Anahí: Angel, o que você veio fazer aqui?


Angelique: Vim te salvar! Vamos sair!


Anahí: Nem morta!


Angelique: Morta você já está, minha filha, vamos! Se arrume e vamos sair.


Anahí: Angel, eu já ia dormir.


Angelique: São oito horas!


Anahí: Mas eu estou cansada, trabalhei demais ontem e preciso descansar. E, além do mais, hoje está um gelo, e eu realmente odeio o frio! - Ela soltou um olhar que, de verdade, me deu medo.


Angelique: Então eu vou ficar aqui e nós vamos nos enrolar numa coberta, comer chocolate, tomar conhaque e você vai me contar o que está acontecendo! - Riu.


Anahí: Não precisa. Não quero estragar a sua noite. Sério, pode ir.


Angelique: Eu não vou. - Se esparramou no sofá. E ali ficou até perto da meia noite. Tirando o conhaque, nós fizemos exatamente o que ela dissera. Nos enrolamos numa coberta, comemos chocolate e eu acabara contando tudo o que acontecera.


Animada não seria a palavra certa para o meu estado de espírito quando ela foi embora, mas sentia-me melhor. No fim, fora bom desabafar um pouco.


Depois de um banho e uma caneca de chocolate quente, eu estava pronta para dormir. Já estava enfiada embaixo das cobertas quando, outra vez, a campainha tocou.

Só podia ser brincadeira, né? Eu me negava veementemente a sair do meu quarto quentinho para atender àquela porta, ainda mais àquela hora. Fechei os olhos, desejando que quem quer que fosse desistisse. Mas o ser não desistiu. Continuou com o dedo frenético na campainha. Levantei com o pior dos humores, coloquei um blusão de lã por cima do pijama e lá fui eu. Juro que mandaria Angel ao diabo se ela viesse insistir em sair outra vez. Porque, bom, deveria ser ela. Deveria.


Abri a porta. Choque.

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