Fui para casa e meu pensamento continuou com ela. Não conseguia tirar aqueles olhos de minha mente. Aquela noite havia sido maravilhosa, o que dividia-me numa espécie de felicidade e tristeza. Exato, tristeza. No momento em que a ouvi dizer que me amava, algo dentro de mim me fez querer dizer o mesmo. Mas eu não podia. Não podia de forma alguma iludi-la. Aquela pequena frase continha uma promessa muda, e eu não estava em posição de prometer a ela algo que eu não poderia dar. Pelo menos, não agora. Devia contar-lhe que havia outra pessoa. Que havia uma mulher com a qual eu era casado a sete anos.
Juro que inúmeras vezes busquei coragem para dizê-lo, mas fui absolutamente fracassado. Quando estava com ela as coisas fugiam do meu controle. Eu só queria fazê-la feliz e sentir junto a ela tudo aquilo que ela me proporcionava. E isso não incluía estragar nossos momentos com assuntos tão sérios como o meu casamento.
Se posso definir em uma palavra, diria que estava sendo covarde. Não sei ao certo do que eu tinha mais receio: de magoá-la ou de perdê-la. Porque eu sabia que, na verdade, ambas as coisas aconteceriam.
Vocês devem estar se perguntando, então por que ele não termina de uma vez esse casamento fracassado? Vejam bem, não é assim tão fácil. Apesar de não existir aquilo que eu considero amor, uma relação de tanto tempo envolve carinho, e Zuria jamais fizera nada para me ferir. Era fiel, companheira, e o medo que eu tinha de magoá-la era igualmente igual ao medo que eu tinha de magoar Anahí. É claro que o que eu sentia por Anahí era muito mais forte, tão intenso que eu nem era capaz de entender, mas um término com Zuria seria cansativamente complicado. Sendo assim, deixei para tomar aquela decisão quando eu de fato tivesse que tomá-la. Quando não houvesse nenhuma outra opção.
Enquanto eu pudesse adiar, eu adiaria. O problema é que segunda-feira estava chegando. A fatídica segunda na qual Zuria infelizmente começaria a trabalhar na U&H. Eu tinha dois dias. Nada a mais que isso.
Foi pensando nisso que domingo a noite eu liguei para Anahí. Queria encontrá-la, olhar naqueles olhos azuis, dizer que sentia por ela algo que jamais sentira antes e contar a verdade. Ela merecia saber. No entanto, ela não me atendeu. E assim, a segunda-feira chegou.
Por uma grande sorte minha, Zuria resolvera começar apenas depois do almoço. Ao menos teria meio dia para tentar conversar com Anahí.
Christopher: Esqueça! – Disse-me. Christopher estava irredutível naquele dia.
Alfonso: Christopher, por Deus – Insisti – Tire Anahí do escritório só por hoje. Leve-a para visitar alguma obra, qualquer coisa, mas tire ela daqui! – O relógio já marcava dez e meia, estávamos todos abarrotados de trabalho. Projeto de um novo e grande centro comercial. E até então minha coragem também não viera. Mal havia visto Anahí naquela manhã.
Christopher: Alfonso, você viu o tanto de coisas que temos para fazer?
Alfonso: Me faça esse favor, Christopher.
Christopher: Eu não vou compactuar com isso. Anahí não merece que você minta para ela dessa maneira. – Disse firme. E eu tinha certeza que ele estava irritado – E Zuria? Por Deus, Alfonso, seja homem, conte para Anahí que é casado. Acabe logo com isso e pare de me pedir que seja seu cúmplice nessas suas aventuras.
Alfonso: Anahí não é uma aventura. – Rebati – Com ela é diferente. Preciso de tempo para contar.
Christopher: Ah, meu caro, pensasse nisso antes. – Deu de ombros com os olhos fixos na tela do computador. Droga!
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Palavras, apenas palavras
FanficPalavras podem ferir, ou podem te fazer a pessoa mais feliz do mundo. Uma simples palavra é capaz de te levar ao céu, ou te atirar sem piedade ao inferno. Elas podem ser motivo de alegria, ou do mais doloroso choro. Palavras prometem, aliviam, engan...