Capítulo 74 - Poncho's POV

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Aquele dia havia sido extremamente cansativo. Problemas enormes na empresa, Zuria que passara mal durante a manhã, e minha mãe fazendo a grande burrada da vida dela. Acabara vendendo a casa, mas, pelo menos, consegui convencê-la a colocar o tal restaurante, que o namoradinho dela queria abrir, no nome dela. Pelo menos o babaca não iria levar nada.


Estávamos em meio a uma fusão na U&H, o que exigia trabalho redobrado. Estava estressado, irritado e quase sofrendo um colapso mental. Ainda mais agora que Christopher havia voltado com Dulce e andava mais aéreo do que nunca. Ótimo. 


Ian: Boa noite. – Entrou pela porta, animado. Boa? Não via nada de bom naquela noite. 


Alfonso: Chegou cedo hoje eim. – Disse, zombeteiro.


Ian: Pois é, vim tomar um banho e trocar de roupa, consegui trabalho para hoje à noite. Vou fotografar um evento.


Alfonso: Que ótimo. Hey, Ian – Chamei-o quando ele já estava no corredor – Sei que não temos conversado muito ultimamente, você quase não para aqui e eu ando atribulado demais com o trabalho, mas eim, essa sua cara não me engana. – Comentei divertido – Há um motivo para você ainda estar aqui em Nova Iorque, não? 


Ian: Digamos que mais ou menos.


Alfonso: Uma mulher! – Meneei a cabeça, rindo da expressão que ele fazia.


Ian: Uma linda mulher! – Sorriu consigo mesmo – Amanhã conversamos sobre isso, tá certo? Eu preciso me apressar para não chegar atrasado. – Assenti, voltando o meu olhar para aquele maldito balanço da empresa que insistia em não fechar. 


Pouco tempo depois de Ian ter sumido pelo corredor, a musiquinha chata anunciou que seu celular tocava.


Alfonso: Ian, teu celular. – Sem resposta – Ian, eu não vou atender para você! – Resmunguei. Outra vez, sem resposta. Devia estar no banho. Oh, como eu sou um irmão prestativo. Levantei-me, ainda que contrariado, fuçando a mochila que ele deixara no sofá. O celular parou de tocar justamente quando o encontrei. O que eu faria agora? O jogaria de volta na mochila e voltaria a lidar com aqueles números infernais. Pois é, era o que eu faria. Era o que eu faria se ao puxar o celular da mochila uma foto não tivesse caído no chão.


Não uma foto qualquer, mas uma foto de Anahí. E não uma foto qualquer de Anahí, mas uma foto dela dormindo, os cabelos esparramados sobre o travesseiro branco. E não o bastante, eu sabia muito bem quem a tinha tirado. Não foi preciso muito para eu concluir, exatamente, o que estava acontecendo. E então eu perdi o controle. Ótimo! Anahí estava transando com o meu irmão. Mas que grande merda! Como eu não imaginara que era por ela que Ian ficara? Estúpido! Acertei a parede com um soco, amassando a foto em minhas mãos. Eu já estava num estado nervoso lamentável com tudo o que vinha acontecendo e aquilo fora a gota d'água para que aquele surto de raiva explodisse. Merda de vida!


Completamente fora de mim, eu saí daquele apartamento, cantando os pneus do carro e dirigindo a toda a velocidade. E o meu destino era claro, iria até Anahí.

Eu estava cego, transtornado, não conseguia pensar direito, e obviamente se eu tivesse um pingo de sanidade eu não faria nada disso. Tenho consciência de que eu não tenho o direito de me meter na vida dela, mas, naquele momento, eu simplesmente não tinha consciência alguma.

Palavras, apenas palavrasOnde histórias criam vida. Descubra agora