Aquele final de ano fora o pior da minha vida. A perda do meu filho, o sumiço de Anahí, um casamento fracassado...
Eu e Zuria até tentamos ficar juntos, mas, além da mágoa, o amor, que da minha parte já não existia há tempos, também fora morrendo dentro dela. Não durou um ano e nos separamos de vez. Incrivelmente, continuamos mantendo um contato amigável. Nos respeitávamos, afinal, ainda trabalhávamos juntos.
Felizmente, o tempo passa e vai colocando as coisas no lugar. Cinco anos depois, todo aquele ano tumultuado era um borrão em meu passado. Apenas uma velha recordação jogada no fundo da memória. Não seria falso a ponto de negar que, às vezes, ainda lembrava dela. Mas era só uma vaga lembrança, algo como um sonho muito distante.
Depois daquele dia no hospital, eu não a vira mais. Ela simplesmente sumira. Eu até fora até o seu apartamento no dia seguinte e o que o porteiro me disse foi: 'Ela disse que ia reconstruir a vida dela longe daqui'.
Que direito eu tinha de dizer algo contra aquilo? Nenhum, claro. Ainda mais quando eu estava tentando reconstruir o meu casamento. Porque, naquela época, eu estava.
E mesmo depois da separação eu não fora procurá-la. O tempo me fizera entender que passado é passado, e que se ficarmos olhando para trás não conseguimos seguir em frente.
Bom, meus caros, agora eu era um solteiro, que passava dos trinta. E, ao contrário do que muitos podem estar pensando, não me tornara o maior galinha da cidade, tampouco um cara extremamente amargurado. Digamos que eu não era de extremos. Me encontrava em algum lugar no meio desses dois pontos.
Angelique: Boa noite, Poncho! Bom final de semana. – Disse, tomando o elevador. Assenti com um sorriso, enquanto folheava um jornal qualquer que estava sobre o balcão da recepção.
Meus olhos corriam soltos de uma página à outra, até que se fixaram em uma pequena matéria: 'E você? Apostaria nessa tendência?' Não tanto o título em si, o que me chamou atenção foram as fotos. Paredes desconexas, cores berrantes, móveis embutidos com contrastes que saltavam aos olhos. Interessante. Comecei a ler, detendo-me no último parágrafo.
"Grande sucesso em Madrid, o grupo de decoradores traz a exposição à Nova Iorque.
Apenas nesse final de semana, no Centro de Convenções Jacob K. Javits – Manhattan"
Bom, era um programa para o final de semana. Para o domingo, quem sabe.
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Palavras, apenas palavras
Fiksi PenggemarPalavras podem ferir, ou podem te fazer a pessoa mais feliz do mundo. Uma simples palavra é capaz de te levar ao céu, ou te atirar sem piedade ao inferno. Elas podem ser motivo de alegria, ou do mais doloroso choro. Palavras prometem, aliviam, engan...