Capítulo 58 - Poncho's POV

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Por quê? Só podia ser uma grande brincadeira Anahí estar ali. Passara uma semana fazendo o possível para manter-me longe dela, e agora isso. Por Deus, desde que descobrira que seria pai, eu havia mesmo decidido mudar a maneira como enxergava, ou melhor, como encarava a vida. Estava decidido a esquecer Anahí e assumir as responsabilidades que teria com aquela gravidez. E para esquecê-la, eu tinha que me afastar o máximo possível. A presença de Anahí me viciava, e eu sabia que vendo aqueles olhos todos os dias eu jamais conseguiria superar o que tivemos. 

Anahí: Com licença. – Pediu-me, levantando. Eu encolhi as pernas vendo-a se afastar. Alguns minutos depois ela voltou, tomou o seu lugar na poltrona, e encarou a janela, entediada. Tá legal, não havia como manter toda aquela indiferença com ela ali do meu lado. Seriam dois dias convivendo com ela e, realmente, minha pose e arrogância não estavam servindo para nada. Deveria, ao menos, tentar manter uma convivência sadia.

Alfonso: Por que Angelique não pôde vir? – Tentei puxar um assunto.

Anahí: Porque tinha que fazer algumas coisas nesse final de semana. – Respondeu, com os braços cruzados, a cara fechada e os olhos fixos na janela.

Alfonso: Já esteve em San Francisco?

Anahí: Não.

Alfonso: Você vai gostar.

Anahí: Hm. – Porra, assim era difícil.

Alfonso: A conferência é sábado à tarde, e no domingo de manhã teremos algumas palestras. O cara é bem conceituado e, com certeza, vai ter muito a acrescentar.

Anahí: Imagino.

Alfonso: Eu estou tentando... – Resmunguei mais para mim mesmo do que para ela.

Anahí: Quê? – Olhou-me de esguelho.

Alfonso: Eu... Eu estou tentando manter uma conversa com você! Mas está difícil, Anahí! – Ela voltou a olhar para a janela, meneando a cabeça em negação. 

Anahí: Ah! Resolveu ser simpático comigo? – Encarou-me, os olhos azuis me perfurando – Porque, sério, você estava insuportável até alguns minutos atrás. Posso saber por que me tratar com tanta estupidez? – Meu Deus, não era óbvio?

Alfonso: Eu não estava sendo estúpido.

Anahí: Okay, se quer dar uma de mentirosinho, não temos porque conversar. – Virou o rosto outra vez para a janela, e aquilo já estava me irritando.

Alfonso: Pelo amor de Deus, Anahí! Pare de agir como uma criança! – Eu sei, não devia ter dito isso.

AnahíEu estou agindo como uma criança? – Olhou-me, dando uma daquelas gargalhadas irônicas, típico de Anahí – Eu! Me poupe! – Respirei fundo, trazendo o meu controle de volta.

Alfonso: Any, será que não é óbvio? Eu ando evitando você, porque é a única maneira de conseguir esquecer. – Disse, e ela demorou minutos para responder.

Anahí: E tem conseguido? – Perguntou, a voz muito mais amena, diria até que entristecida.

Alfonso: Por favor, não vamos falar sobre isso. – Ela assentiu, calada. E então o que restou foi o silêncio, esmagador como sempre.

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