Por quê? Só podia ser uma grande brincadeira Anahí estar ali. Passara uma semana fazendo o possível para manter-me longe dela, e agora isso. Por Deus, desde que descobrira que seria pai, eu havia mesmo decidido mudar a maneira como enxergava, ou melhor, como encarava a vida. Estava decidido a esquecer Anahí e assumir as responsabilidades que teria com aquela gravidez. E para esquecê-la, eu tinha que me afastar o máximo possível. A presença de Anahí me viciava, e eu sabia que vendo aqueles olhos todos os dias eu jamais conseguiria superar o que tivemos.
Anahí: Com licença. – Pediu-me, levantando. Eu encolhi as pernas vendo-a se afastar. Alguns minutos depois ela voltou, tomou o seu lugar na poltrona, e encarou a janela, entediada. Tá legal, não havia como manter toda aquela indiferença com ela ali do meu lado. Seriam dois dias convivendo com ela e, realmente, minha pose e arrogância não estavam servindo para nada. Deveria, ao menos, tentar manter uma convivência sadia.
Alfonso: Por que Angelique não pôde vir? – Tentei puxar um assunto.
Anahí: Porque tinha que fazer algumas coisas nesse final de semana. – Respondeu, com os braços cruzados, a cara fechada e os olhos fixos na janela.
Alfonso: Já esteve em San Francisco?
Anahí: Não.
Alfonso: Você vai gostar.
Anahí: Hm. – Porra, assim era difícil.
Alfonso: A conferência é sábado à tarde, e no domingo de manhã teremos algumas palestras. O cara é bem conceituado e, com certeza, vai ter muito a acrescentar.
Anahí: Imagino.
Alfonso: Eu estou tentando... – Resmunguei mais para mim mesmo do que para ela.Anahí: Quê? – Olhou-me de esguelho.
Alfonso: Eu... Eu estou tentando manter uma conversa com você! Mas está difícil, Anahí! – Ela voltou a olhar para a janela, meneando a cabeça em negação.
Anahí: Ah! Resolveu ser simpático comigo? – Encarou-me, os olhos azuis me perfurando – Porque, sério, você estava insuportável até alguns minutos atrás. Posso saber por que me tratar com tanta estupidez? – Meu Deus, não era óbvio?
Alfonso: Eu não estava sendo estúpido.
Anahí: Okay, se quer dar uma de mentirosinho, não temos porque conversar. – Virou o rosto outra vez para a janela, e aquilo já estava me irritando.
Alfonso: Pelo amor de Deus, Anahí! Pare de agir como uma criança! – Eu sei, não devia ter dito isso.
Anahí: Eu estou agindo como uma criança? – Olhou-me, dando uma daquelas gargalhadas irônicas, típico de Anahí – Eu! Me poupe! – Respirei fundo, trazendo o meu controle de volta.
Alfonso: Any, será que não é óbvio? Eu ando evitando você, porque é a única maneira de conseguir esquecer. – Disse, e ela demorou minutos para responder.
Anahí: E tem conseguido? – Perguntou, a voz muito mais amena, diria até que entristecida.
Alfonso: Por favor, não vamos falar sobre isso. – Ela assentiu, calada. E então o que restou foi o silêncio, esmagador como sempre.
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Palavras, apenas palavras
FanficPalavras podem ferir, ou podem te fazer a pessoa mais feliz do mundo. Uma simples palavra é capaz de te levar ao céu, ou te atirar sem piedade ao inferno. Elas podem ser motivo de alegria, ou do mais doloroso choro. Palavras prometem, aliviam, engan...