Angelique: Eu sabia que ia dar merda! Eu sabia! – Ela repetia, incansável, depois de eu contar tudo o que acontecera naquele final de semana e, consequentemente, a decisão que eu havia tomado – Anahí, pelo amor de Deus, você não pode sair da U&H! Lembra que você disse que não iria deixar que ele atrapalhasse a sua vida profissional? Lembra?
Anahí: Tá, mas agora é diferente. Angel, eu preciso me distanciar. Eu preciso esquecer disso tudo. Meu Deus, eu preciso!
Angelique: Eu não vou te convencer do contrário, vou? – Eu neguei – E até quando vai ficar aqui? – Perguntou, enquanto olhava-me desolada.
Anahí: Não me olhe assim com essa cara! Vamos continuar mantendo contato! – Sorri tentando animá-la – Já falei com Christopher...
Angelique: Já?
Anahí: Sim, hoje pela manhã. Assim que cheguei fui falar com ele.
Angelique: E ele?
Anahí: Quis matar o Poncho. – Sorri sem vontade – Depois entendeu. Ele, assim como você, sabe que é o melhor a fazer.
Angelique: Então você contou tudo para ele?
Anahí: Mais ou menos. Digamos que ele já sabia boa parte da história.
Angelique: Sabia? – Arqueou a sobrancelha, curiosa, e então eu me vi obrigada a contar sobre aquela noite de sexta. Exatamente aquela na qual eu havia enchido a cara com ele e havia me lamentado horrores pelos meus problemas sentimentais. E consequentemente eu acabei abrindo a minha boca grande e contando a respeito daquele beijo. – Vocês se beijaram? – Seu queixo estava literalmente caído.
Anahí: É. Mas só porque estávamos bêbados!
Angelique: U-a-u! – E a partir daí a conversa, felizmente, tomou outro rumo.
E assim passou segunda, terça e quarta. Poucas pessoas sabiam da minha ida. Eu, realmente, não queria ficar dando explicações.
Na quinta, Christopher arrumara alguém para trabalhar no meu lugar. Eu havia pedido que ele fosse rápido, porque a verdade é que eu não aguentava nem ao menos saber que estava no mesmo ambiente que Alfonso. Não aguentava mais ficar fugindo, evitando vê-lo. E sim, era isso que acontecia. Eu ficava em minha sala, e nem ao menos o seu perfume eu havia sentido depois daquele domingo.Christopher: Anahí? – Chamou-me, entrando em minha sala.
Anahí: Oi! – Eu, que terminava de recolher as minhas coisas, voltei o meu olhar para ele.
Christopher: Alfonso pediu que eu te avisasse que já falou com o Gustavo – O amigo ao qual ele iria me recomendar – E que a partir de segunda você já pode começar lá. Ele mesmo mandou a carta de recomendação e como eles estão ampliando a empresa não houve qualquer ressalva a respeito da sua contratação. Alfonso cuidou de tudo e saindo daqui você estará muito bem encaminhada.
Anahí: Agradeça a ele por mim. – Disse, com aquele maldito embargo na voz que vinha toda vez que eu tocava no nome de Alfonso.
Christopher: Aqui está o telefone, endereço, e tudo o que você precisa. – Entregou-me uma pequena pasta.
Anahí: Obrigada.
Christopher: Você sabe que pode voltar a hora que quiser, não?
Anahí: Sei. Obrigada pela consideração, Christopher, de verdade.
Angelique: Com licença! – Anunciou entrando como um tufão pela porta. Seguida dela veio Maite e Dulce, ambas carregadas com uma bandeja de salgadinhos e docinhos.
Festa de despedida. Ótimo, meu ânimo estava mesmo para essas coisas. Por consideração abri um sorriso forçado e passamos o resto da tarde comendo e falando asneiras. E então era chegada a hora. Com um abraço apertado me despedi de cada uma delas. E por todo o dramalhão que faziam, parecia que eu estava indo morar em outro planeta. O pior é que até Zuria viera me desejar boa sorte. Mas ele... Nem sinal dele. Talvez nem estivesse na empresa. Deus, como eu me sentia vazia ao saber que nunca mais o veria. Era tão inevitável que meus olhos se enchessem de lágrimas. Por sorte, Angel, percebendo o meu estado, pegou a caixa que eu levava em mãos e se propôs a me acompanhar até o carro. Antes de tomar o elevador dei uma última olhada para a recepção da U&H, sentindo uma espécie de saudade antecipada daquele lugar. Respirei fundo, um aperto horrível no peito. É, eu teria que seguir em frente.
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Palavras, apenas palavras
أدب الهواةPalavras podem ferir, ou podem te fazer a pessoa mais feliz do mundo. Uma simples palavra é capaz de te levar ao céu, ou te atirar sem piedade ao inferno. Elas podem ser motivo de alegria, ou do mais doloroso choro. Palavras prometem, aliviam, engan...