Aquela semana foi estranha. Eu andava ansiosa, claro, pela minha viagem com Alfonso, que deixe-me dizer, ninguém, exceto Angel, sabia.
Depois daquela terça-feira, Ian passou a almoçar comigo e Dulce todos os dias, o que me dava cerca de uma hora de risadas, já que ele tinha esse poder de me fazer rir a toa. E Alfonso... Bem, se Ian era a parte divertida dos meus dias, Alfonso era exatamente o contrário. Ele andava frio e distante. Percebia que ele me evitava e quando, por um azar do destino, ele era obrigado a falar comigo, as palavras eram rápidas e secas. Não recebia um sorriso e nem um bom dia animado. E aquilo me fazia mal. Muito mal. Não que eu esperasse que ele fosse um amor comigo, mas depois de tudo o que passamos, eu merecia, no mínimo, um pouco de consideração, não?
Fiquei imaginando, então, como seria a reação dele quando me visse no aeroporto no lugar de Angelique. Aliás, precisava arrumar a minha mala, e principalmente, me arrumar. Sairíamos sexta às seis da tarde. E bom, eu já disse que Angelique é um anjo? Pois então, ela é. Havia me liberado do trabalho no período da tarde. Sendo assim, teria tempo depois do almoço para ir pra casa e começar a jornada rumo ao meu grande objetivo: ter um final de semana perfeito ao lado de Poncho.
E vejam só como eu estava decidida e otimista, nem o fato de eu ter sido ignorada por ele a semana inteira tinha me abalado. Uau! Eu devia mesmo estar ficando louca.
Perto das cinco, chamei um taxi e esperei. Dei uma última olhada no espelho, orgulhosa do meu trabalho. Devo dizer que eu não era, exatamente, o tipo de mulher que se achava a última bolacha do pacote, mas naquele dia eu estava, realmente, bem bonita. Colocara uma calça jeans escura e, principalmente, justa. Uma regata branca, tão justa quanto a calça, e uma jaquetinha de couro preta combinando com a bota de salto e cano longo. O cabelo solto e esvoaçante, com cachos para todos os lados e a maquiagem leve, mas marcante, me davam aquele ar de 'diva das revistas'. Alfonso não teria como resistir, teria?
Vamos, Anahí, respire! Repetia mentalmente no caminho para o aeroporto. E quando caminhava pelo saguão de entrada percebi que minhas mãos tremiam. Foi aí que vi Alfonso, distraído, apoiado em sua mala e l-i-n-d-o! Jeans e uma camisa branca, combinação perfeita para ele. Inevitavelmente um suspiro saiu de minha boca e eu estaquei. Simplesmente parei de andar e fiquei a observá-lo. De repente, toda a coragem parecia ter sumido, e uma vontade gritante de voltar para casa tomou conta de mim.
Anahí: Você precisa fazer isso. – Disse a mim mesma. Tentava convencer-me de que aquilo era necessário. Porque certo eu sabia que não era. E enquanto eu tentava convencer as minhas pernas a se mexerem, eu encontrei o olhar dele. Alfonso me observava meio atônito. Vi a boca dele se abrir diversas vezes, talvez tentando pronunciar algo, enquanto caminhava até mim.
Alfonso: O que... – Passou a mão nos cabelos, estava nervoso, era óbvio – O que você está fazendo aqui?
Anahí: Angelique não pôde vir, então me mandou no lugar dela. – Respondi de pronto, e ele continuava me olhando com certa perplexidade – Algum problema? – Ele levantou a sobrancelha, abrindo a boca sem emitir som algum. Poxa, aquela não era a recepção que eu esperava.
Alfonso: Vamos fazer o check-in. – Assenti em silêncio.
Silêncio, silêncio, silêncio. Foi só isso até entrarmos no avião. Alfonso parecia estar digerindo a minha presença ali, e sinceramente, eu começava a me sentir bastante desconfortável com tudo aquilo.
Anahí: Alfonso, nós teremos que ficar sentados lado a lado durante mais de quatro horas, então se você puder, por favor, ser um pouco mais agradável, eu agradeceria. – Soltei, num impulso. Ele me encarou. Depois voltou a olhar para o corredor do avião, até que finalmente fixou seus olhos nos meus e falou.
Alfonso: Desculpe. Vou tentar ser mais agradável. – Só isso? Como assim? Meu queixo caiu e eu arregalei os olhos, extremamente ultrajada. Tomada pela raiva encostei a cabeça na janela, ficando praticamente de costas para ele.
Anahí: Me acorde quando chegarmos. – Disse tão dura quanto magoada e tentei dormir. Tentativa vã. Consegui manter-me naquela posição apenas durante uma hora, e minhas costas começaram a doer, precisava me esticar.
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Palavras, apenas palavras
FanfictionPalavras podem ferir, ou podem te fazer a pessoa mais feliz do mundo. Uma simples palavra é capaz de te levar ao céu, ou te atirar sem piedade ao inferno. Elas podem ser motivo de alegria, ou do mais doloroso choro. Palavras prometem, aliviam, engan...