Depois daquela dança nós conseguimos uma mesa, e não havia tempo algum para qualquer conversa. Talvez se parássemos para conversar, ou para pensar, todo aquele momento iria por água abaixo. Sendo assim, nos beijávamos a todo o tempo, o tempo todo. E tudo estava perfeito.
Anahí: Hey, eu preciso ir ao banheiro – Disse, me levantando. E acreditem, se eu não precisasse mesmo eu não sairia dos braços dele. – Eu já volto – Antes que eu pudesse me afastar ele me segurou pela mão, puxando-me para o seu colo, e pregou os lábios nos meus outra vez.
Alfonso: Não demora.
Anahí: Não vou demorar – E eu realmente não demorei. Mas demorei o suficiente para que uma tragédia acontecesse.
Quando voltei para a mesa, Poncho não estava sozinho. Havia cinco pessoas com ele. Três mulheres e dois homens. Eu logo os reconheci. Eram de uma faculdade da Carolina do Norte. Ganharam a viagem da faculdade e acabamos nos conhecendo na conferência. Perdemos um bom tempo ouvindo a puxação de saco dos cinco, e principalmente das três garotas, que pareciam idolatrar Alfonso. 'Oh, Alfonso, nem acredito que estamos conhecendo você', 'Oh, você é referência para nós que estamos começando'. 'Oh, Alfonso, me coma, por favor!' Okay, essa última frase não havia sido dita, mas estava completamente estampada na cara daquelas mocréias.
Anahí: Hey! – Forcei um sorriso, sentando-me ao lado dele e no meio daquela feiosa que ocupara o meu lugar naquele sofá. Ela não podia se sentar na cadeira à frente dele? Ou então ficar em pé como três de seus amigos? – Que surpresa vocês por aqui! – Fingi-me animada. E Poncho soltou um daqueles olhares 'Eu também sinto muito' pra mim.– E não é? Que sorte encontrarmos vocês! – Disse uma das garotas que estava de pé. Logo percebi que o garçom trazia mais cadeiras, e em questão de segundos estavam todos sentados em volta da nossa mesa, atrapalhando a nossa vida.
E aí começou todo aquele blablabla de falar sobre trabalho, faculdade, e coisas que não me interessavam nem um pouco naquele momento. Para espairecer e abstrair a presença irritante daquelas pessoas, eu comecei a beber. Uma caipirinha, um martini, mais outro, e outro, e por aí foi.
Perla: Eu penso em ir para Nova Iorque quando me formar. – Perla. Isso lá é nome de gente? Aquelazinha era a que eu menos gostava. Ela não tirava aqueles olhos feios de cima de Poncho. E eu, no meio dos dois, tinha vontade de cegar àquela garota.
Alfonso: Pode tentar um emprego na U&H – Eu olhei para ele, perplexa.
Perla: Seria um sonho! – Comemorou com palminhas animadas. E eu continuei olhando para ele, fuzilando-o.
Anahí: Heim, Poncho – Falei alto, já meio afetada pelo álcool – Vamos dançar! – Levantei, puxando-o pela mão. Mas ele não veio, não moveu sequer um músculo, e ainda me olhou com certa reprovação – Quê? Vamos! – Pedi outra vez.
Alfonso: Any, eu acho que você bebeu um pouco demais. Vamos, sente aqui.
Anahí: Eu não bebi demais! – Disse com a voz esganiçada. Típico de bêbada – E eu vim aqui pra me divertir e não pra passar a noite inteira sentada conversando essas porcarias. – E eu percebi que não só Poncho, mas os outros cinco me olhavam com certa reprovação. Danem-se! Eles já tinham estragado a minha noite mesmo!
Alfonso: Any, senta, vai. – Pediu com aquele ar autoritário.
Anahí: Se você não quer dançar, eu quero! – Dei de ombros, e chacoalhando os cabelos fui para a pista de dança, misturando-me no meio daquele amontoado de gente.Já que não podia me divertir com Poncho, o faria sem ele. Fechei os olhos e comecei a dançar, sentindo a música e deixando que ela me levasse para longe dali. Foi quando senti uma mão firme tocar a minha cintura. Não era Poncho, eu sabia. Virei-me e foquei o homem que estava parado às minhas costas, acompanhando meus movimentos como se dançasse comigo. E então... Eu dancei com ele. Sustentando o seu olhar, e ainda com um sorriso nos lábios. Certo, eu não faria isso se estivesse sóbria e se não estivesse com raiva de Poncho por ele ter se negado a vir comigo.
As batidas da música se intensificavam e juntos nós movíamos nossos corpos, cada vez mais rápido e cada vez mais próximos.
Eu não era ingênua e muito menos burra e sabia das intenções daquele homem, e óbvio que não deixaria que aquilo passasse de uma dança. Mas quando virei o rosto e vi que Poncho nos observava aquela vontade irrefreável de provocá-lo me invadiu.
Ele não quis ir comigo, pois então que aguente. Adorei ver aquele semblante transformado em ciúme quando eu envolvi meus braços no pescoço do tal cara. E o indivíduo nem esperou e passou as mãos por minhas costas, subindo por minha nuca e adentrando o meu cabelo. Eu sorria, e Poncho arfava. Então eu percebi que lentamente estávamos saindo do meio da pista de dança e indo para um lugar um pouco mais afastado, e pior, longe dos olhares de Poncho.
– Você tá me deixando louco, gata! – E aquilo, definitivamente, já nem tinha tanta graça.
Anahí: Vem, vamos voltar para a pista! – Disse enquanto tentava, inutilmente, afastar suas mãos de minha cintura.
– E aqui não está bom? – Perguntou-me, os lábios perto demais dos meus.
Anahí: Se estivesse eu não pediria pra voltar, certo?– Vai bancar a difícil agora, é? – Afastou-se um pouco, segurando meu rosto entre as mãos – Eu gosto assim! – Voltou a se aproximar.
Anahí: Você gosta? Que pena, porque eu não gosto! – Dando um empurrão nele eu tentei voltar para a mesa do outro lado do bar.
– Para com isso, gata! – Segurou meus braços, virando-me para ele. E juro, aquilo estava mesmo me irritando – Vem cá! – E depois disso ele tentou me beijar. Eu travei os lábios, com raiva e com nojo daquilo, e espalmando as mãos em seu peito eu consegui certa distância.
Anahí: Tá maluco? Idiota! – Eu ia descer a mão na cara daquele imbecil, mas sua mão deteve a minha, segurando meu pulso com força.
– Assim não, meu amor. – E de verdade eu estava começando a ficar desesperada. Aquele cara não parecia disposto a me deixar sair dali.
Alfonso: Solta ela! – Ouvi a voz confortavelmente familiar logo atrás de mim.
– E quem é você, cara? – Perguntou cheio de desdém, enquanto as mãos pegajosas continuavam em volta de mim. Sem conseguir me virar para vê-lo, eu fechei meus olhos, sentindo a presença de Alfonso ali, sentindo-me segura outra vez.
Alfonso: Sou mais que você, então solta ela. – Disse tão seguro de si que eu senti meu corpo inteiro estremecer.
– Desculpa, cara, mas ela tá comigo! – Respondeu debochado.
Anahí: Tá louco? Eu não estou com você, idiota! – Tentei me livrar dos braços dele outra vez, mas ele me prendeu ainda mais forte.
Alfonso: Não, ela está comigo! – Podia sentir a raiva contida na voz de Alfonso – E ela vai comigo! – E as mãos de Poncho alcançaram o meu braço – Escuta, amigo, ela é minha mulher e eu vou levá-la pra casa! Não quero confusão aqui! – Prendi a respiração. As palavras dele ecoaram em minha cabeça. Minha mulher. Eu não era a mulher dele, mas aquilo soara tão possessivo e ao mesmo tempo tão bom.– Você devia cuidar melhor da sua mulher, cara. – Senti-o afrouxar as mãos e num flash passei dos braços do inconveniente para os de Alfonso.
Alfonso: Eu vou cuidar. – Disse apenas, e em silêncio me tirou dali.
Meus olhos encontraram os dele uma única vez. Pude ver o quanto ele estava irritado comigo e com toda aquela ceninha ridícula que eu armara dançando com aquele homem. Depois não tive mais coragem de voltar a olhá-lo, nem para me desculpar.
Alfonso: Anahí bebeu demais, nós vamos embora. – Avisou ao grupinho de pessoas que nos esperava na mesa.
Perla: É uma pena, Poncho – Poncho? Preciso dizer que odiava quando essas piranhas reprimidas o chamavam de Poncho?
O caminho de volta para o hotel foi no mais absoluto silêncio. Sentia o meu estomago começar a reclamar por ter bebido tanto, e logo a cabeça unia-se a ele em protesto. Encostei-me na janela, cerrando os olhos. E quando dei por mim, já estávamos no estacionamento do hotel.
Alfonso: Anahí? – Chamou-me, e abrindo os olhos eu o vi agachado ao lado da porta do passageiro tentando me tirar do carro – Vem, vamos subir.
Anahí: Poncho, eu... – Tentei, sentindo-o me pegar no colo – Eu não estou bem.
Alfonso: Eu sei.
Anahí: Me desculpa. – Pedi baixinho, afundando o rosto em seu peito. Alfonso não respondeu, ou talvez eu não tenha ouvido. Acho que simplesmente apaguei em seus braços._____________
Meninas, não deixem de comentar. :) Gosto de saber o que estão achando.
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Palavras, apenas palavras
FanficPalavras podem ferir, ou podem te fazer a pessoa mais feliz do mundo. Uma simples palavra é capaz de te levar ao céu, ou te atirar sem piedade ao inferno. Elas podem ser motivo de alegria, ou do mais doloroso choro. Palavras prometem, aliviam, engan...