Ao entrar no apartamento e não encontrar Elle esperando na sala, John percebeu que deveria ter pedido a Sherlock para acordá-la antes de sair. Precisaria ele mesmo ir até o quarto da mulher fazer isso.
— Elle — chamou pela porta entreaberta, mas não obteve sucesso. Mesmo sentindo que estava invadindo a privacidade dela, John entrou no quarto e tocou em seu ombro direito.
A mulher se assustou a princípio, mas sorriu ao reconhecer o rosto familiar.
— Me desculpa, — pediu ele com o tronco inclinado na direção dela. — Eu chamei da porta, mas você não acordou.
— Deve ser difícil para o meu cérebro responder a um nome que não reconhece.
— Tem razão — concordou ele sorrindo. — Vamos?
— Sim, só me dê uns minutinhos para eu me trocar.
— Claro. — John se endireitou. — Estarei te esperando lá embaixo.
Assim que ele saiu, a mulher levantou, arrumou a cama e vestiu as mesmas roupas de sempre. Naquela manhã não teria tempo de lavar as roupas íntimas antes de sair.
Elle se sentiu mal por isso, já que sua rotina de levantar bem cedo, lavá-las e colocá-las para secar parecia ter falhado já no quarto dia. Não que estivesse dando muito certo, pois, por mais que o tecido secasse incrivelmente rápido, às vezes continuava um pouco úmido, mas era o que podia fazer.
Sem querer fazer John esperar, a mulher se apressou em descer a escada para encontrá-lo.
— Tenho tempo para uma xícara de chá? — perguntou ela da cozinha.
— Na verdade preciso que você permaneça em jejum para o exame.
— Tudo bem. — A mulher sorriu. — Podemos ir então.
Os dois desceram as escadas.
— Não vi o Sherlock... — comentou Elle entrando no carro de John que ficou estacionado em frente ao prédio.
— Ele foi lá para casa ficar com Rosie. — John sentou atrás do volante. — Saí assim que ele chegou.
— Eu estou atrapalhando a vida de vocês — lamentou a mulher.
A dupla colocou o cinto de segurança e ele manobrou para fora da vaga.
— Elle, — John olhou para ela por alguns instantes antes de voltar sua atenção para o trânsito. — Você mudou um pouco a nossa rotina, mas não está atrapalhando.
A mulher olhou para ele sorrindo e o homem correspondeu.
— Para qual hospital estamos indo?
— São Bartolomeu.
— É onde você trabalha?
— Faz pouco mais de um ano. Antes eu atuava como clínico geral num GP, que é como um centro de saúde local que temos nos bairros aqui em Londres. — Ele procurou explicar de uma maneira simples e superficial para que a mulher entendesse. — Mas a Molly me avisou quando apareceu uma vaga no Barts em cirurgia geral, e decidi me candidatar. Com uma filha para criar, achei melhor investir mais na minha carreira.
Ele olhou para a mulher ao seu lado e eles trocaram um sorriso.
— Às vezes exige um pouco de esforço para conciliar tudo, mas tem dado certo — continuou John voltando sua atenção ao trânsito.
— É você mesmo quem faz o exame?
— Normalmente não, mas hoje farei a maior parte dos procedimentos. — Ele sorriu tentando tranquilizá-la.
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Memórias Anônimas
FanfictionA tarde entediante se transforma com a chegada de uma mulher ferida e sem memória implorando pela ajuda de Sherlock Holmes, mas graves acusações trazidas por Mycroft Holmes colocam em dúvida suas verdadeiras intenções. Porém, após vê-la salvar a vid...