John Watson parou o carro próximo do meio fio na frente do 221B da Rua Baker, mas manteve o veículo ligado enquanto esperava os passageiros desembarcarem.
— Tem certeza que não quer entrar, John?
— Sim, Sherlock — afirmou ele mais uma vez negando o convite. — Já está quase amanhecendo e não quero fazer a Molly chegar atrasada no trabalho.
— Está certo. — O homem desceu do carro. — A gente se vê mais tarde então. — Ele se afastou caminhando na direção do prédio.
— Elle — chamou John quando a mulher abriu a porta para sair.
— Sim... — Ela olhou para ele sorrindo.
— Obrigado pelo que você fez por mim — disse ele se virando para o banco de trás do carro.
— Não poderia deixar a Rosie perder um pai maravilhoso igual você — declarou a mulher.
— Será que sou um pai tão bom assim? — Ele sorriu.
— Eu posso não ter muitas memórias sobre como é um bom pai, mas você é muito cuidadoso com as pessoas. Se for assim com ela também, acho que preenche os requisitos. — Elle não conseguiu segurar o bocejo.
— Você precisa dormir um pouco.
— Farei isso. — Ela saiu do carro. — A gente se vê mais tarde?
— Com certeza — afirmou. — Acho que já está na hora de você conhecer uma pessoa — ele sorriu e voltou a se ajeitar atrás do volante.
Elle esperou até que o carro de John sumisse de vista para entrar no prédio. Quando chegou à cozinha do 221B, Sherlock estava preparando chá.
— Aceita? — perguntou ele.
— Agora não, obrigada. Quero tirar essas roupas e tomar um banho o quanto antes. — A mulher indicou as manchas de sangue ressecadas. — Depois vou tentar dormir um pouco.
— Talvez eu não esteja aqui quando você sair do chuveiro — comunicou o detetive.
— Okay. — Ela sorriu antes de seguir para o segundo piso a fim de pegar as roupas emprestadas pela senhora Hudson e colocar as suas de molho o quanto antes.
Sherlock terminou de fazer e tomar o chá e conforme havia previsto, saiu enquanto Elle ainda estava no banho. Ele seguiu direto para o escritório de Mycroft onde o irmão já o esperava.
— Tem um motivo para eu ter ido à Rua Baker quando aquela mulher apareceu — declarou o Holmes mais velho sentado atrás de sua mesa.
— Claro que teve. Acha que eu não percebi? — disse Sherlock em pé olhando para ele.
— Eu não me importo com a maioria dos clientes que você atende, mas — Mycroft abriu uma gaveta e tirou dela o cartão que havia recebido. — Isso chegou um pouco depois dela aparecer.
O Holmes mais novo pegou o cartão e leu a mensagem.
— "Seu irmão é o guardião do único pássaro que vale à pena ser salvo. Cuidado em quem você confia". — Sua atenção se voltou para a parte danificada enquanto sentava em uma cadeira de frente para a mesa de Mycroft.
— Os arquivos dela que eu levei para você estavam em um micro cartão de memória escondido entre as folhas. Eu investiguei todos os alvos eliminados e todos eram homens com longas fichas criminais. Exceto esse.
Mycroft colocou sobre a mesa algumas folhas com o mesmo padrão das que tinha entregado antes para Sherlock.
— Ela matou um inocente? — perguntou o Holmes mais novo pegando os papéis.
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Memórias Anônimas
Hayran KurguA tarde entediante se transforma com a chegada de uma mulher ferida e sem memória implorando pela ajuda de Sherlock Holmes, mas graves acusações trazidas por Mycroft Holmes colocam em dúvida suas verdadeiras intenções. Porém, após vê-la salvar a vid...