Capítulo 29 - Pequenos inconvenientes

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Para não correr o risco de acordar gritando às quatro da manhã e despertar Sherlock Holmes, Audrey Morgan percebeu que a única coisa que poderia fazer era não dormir até naquele horário.

Se valendo do fato que o detetive havia notado o quão preciso era o seu ato de acordar do pesadelo, ela colocou o relógio para despertar às três e meia da madrugada planejando ficar acordada até pouco depois das quatro e dormir de novo acordando as seis para poder ir trabalhar.

Quando pensou sobre os horários achou estranho seu plano de fingir que acordara em desespero ter funcionado, já que o colocou em prática um pouco depois daquele horário. Imaginou que o detetive deveria ter começado a tocar o violino muito antes da hora e não se deu conta desse detalhe.

Audrey conseguiu acordar antes que o pesadelo começasse, mas não tinha pensado em como seria difícil se manter assim até que fosse seguro dormir novamente. Ela resolveu ler mais algumas publicações do blog de John que ainda faltavam para ela terminar.

A luz do celular ajudou a mantê-la acordada por um bom tempo, inclusive mais do que planejava, e quando percebeu já estava amanhecendo. Precisou arrumar o horário do despertador e aproveitar pouco menos de uma hora de sono.

— Audrey... — Batidas suaves na porta a tiraram do descanso. — Acho que você vai se atrasar, querida. — O rosto da senhora Hudson apareceu na fresta aberta da porta.

— Quantas horas são? — A mulher sentou subitamente na cama.

— Quase seis e meia.

Audrey afastou as cobertas e começou a correr pelo quarto.

— Muito obrigada por ter me acordado.

— Por nada. — A idosa sorriu. — Tome o chá que está lá na mesa da cozinha antes de sair que depois eu preparo outro para o Sherlock.

— Mais uma vez, obrigada! — Audrey sorriu jogando a roupa que separara em cima da cama quando o despertador do celular tocou. Ela pegou o aparelho. — Tá explicado. Programei para as seis e meia ao invés de seis...

A senhora Hudson sorriu antes de fechar a porta dando privacidade para a mulher se trocar. Audrey pegou o celular e o dinheiro que precisaria e colocou nos bolsos do casaco de lã que vestia sobre o jeans e a camisa rosa.

Mais uma vez agradeceu mentalmente a Molly Hooper pelo presente, pois como não havia comprado uma bolsa ainda, o casaco além de proteger do frio servia muito bem para carregar todos os seus pertences.

Ela desceu pronta para sair, tomou o chá da xícara que estava sobre a mesa e pegou dois biscoitos para comer no caminho.

(...)
— Me perdoa John, perdi a hora — disse a mulher assim que entrou na casa dele às sete e dez.

— Calma, ainda é cedo. — Ele já estava pronto para sair.

— De jeito nenhum, John.

O homem sorriu.

— Bem, eu preciso ir. A Rosie ainda está dormindo. Você baixou o aplicativo da babá eletrônica no seu celular?

— Sim — respondeu Audrey.

— Eu deixei ligada no quarto dela. — O pai pegou as chaves do carro e abriu a porta.

— Ficarei de olho — a mulher sorriu. — Tenha um bom dia, John.

— Você também, Audrey.

Os dois se despediram e John saiu fechado a porta depois de passar. Audrey foi para a cozinha a fim de lavar a louça do café da manhã, mas como chegara atrasada, John já havia feito o serviço.

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