Capítulo 15 - Você mora na Rua Baker

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John Watson guiou Elle até a borda da mureta da varanda em frente à porta e depois procurou um lugar onde pudesse acender a luz. Quando encontrou, voltou para perto dela e, com um lenço que tirou do bolso, tentava limpar os restos mortais de Pássaro Azul de seu rosto.

— Mantenha os olhos fechados — pediu o homem segurando o queixo de Elle com uma mão e usando a outra para limpá-la.

John viu Sherlock saindo e indo até o porta-malas da minivan parada na rua e voltando pouco depois com uma garrafinha de água mineral. Ele encostou o objeto na mão da mulher que a pegou e destampou para despejar o líquido no rosto limpando a sujeira de forma bem mais eficiente.

— Muito obrigada — agradeceu ela ao abrir os olhos enquanto bebia o resto de água que sobrara. — Aos dois. — Ela sorriu. — E desculpe pelo seu lenço, John.

— Não está muito pior do que sua roupa — comentou Sherlock o que fez a mulher olhar para baixo e perceber o tanto de sangue que cobria seu corpo principalmente depois dela ter despejado a água por cima.

Ela suspirou lamentando em silêncio o estado em que estava sua única muda de roupa desejando profundamente conseguir tirar aquelas manchas lavando.

— Será que podemos ir? Vasculhar a casa? — perguntou o detetive ansioso.

John olhou zangado para ele.

— Tudo bem John, viemos aqui para isso. — Elle sorriu antes de desencostar da mureta e deixar a garrafinha ao alcance para poder levá-la e jogar fora quando saíssem.

Os três andaram por toda a construção. Havia vários quartos no primeiro andar, além de algumas salas de reunião e a sala do chefe onde os corpos dele e de Pássaro Azul ainda estavam. No térreo, várias salas de estudo, uma grande enfermaria com vista para uma planície, e uma cozinha.

O porão abrigava quatro celas sem janela com portas de ferro e no final do corredor uma fornalha cheia de cinzas ainda fumegantes deixando claro que muitos arquivos haviam sido queimados nas últimas horas.

— Alguma lembrança? — perguntou Sherlock ao perceber que a mulher estava incomodada perto das celas enquanto faziam o caminho de volta.

Ela parou ao lado de uma e entrou acompanhada pelos dois. Sherlock fechou a porta mergulhando o trio na escuridão.

— Abre isso! — gritou ela com urgência. — ABRE!

Mal o pedido foi atendido, Elle correu para fora saindo do porão.

— Francamente... — John passou ao lado dele e a seguiu deixando o amigo analisando o local.

Quando terminou, Sherlock se reuniu aos dois na varanda.

— Não tenho dúvidas de que você ficou presa em uma daquelas celas. Tenho motivos para acreditar que foi na que você escolheu entrar. Tinha manchas de sangue no chão e pareciam recentes. — Ele deu a informação mesmo sem ter sido requisitada. — Alguém tentou lavar, mas não fez o serviço direito. Consegui coletar um pouco e também encontrei alguns fios de cabelo da cor do seu.

— Genial — comentou Elle abatida sem saber como aquilo poderia ajudar, pois para ela já estava óbvia sua presença ali.

— Eu sei — concordou Sherlock ignorando o sarcasmo dela.

— Acho que podemos ir embora então. — Mycroft saiu pela porta da frente e deu espaço para os homens que o acompanhavam passarem com várias caixas contendo todo o material encontrado no prédio.

— Não creio que vão descobrir alguma coisa útil no meio desses papéis. Tudo de importante foi destruído naquela fornalha — afirmou Sherlock.

— Prefiro pecar pela precaução — garantiu ele. — E por falar em precaução, acho que agora ficou claro que ela deve ir para um lugar seguro e não voltar para a Rua Baker.

Elle sentiu seu coração bater mais rápido e olhou de Sherlock para John em busca de apoio. Mesmo com a razão insistindo em sussurrar em seu ouvido que quanto mais longe ficasse, mais seguros eles estariam, a sensação de ter pessoas realmente interessadas em cuidar dela, era boa demais para ser ignorada.

— Você não vai mandar ela para aquela ilha! — ameaçou Sherlock.

— De novo se deixando levar pela emoção. — O Holmes mais velho balançou a cabeça em negativa.

— É razão o que você quer Mycroft? Tudo bem! — O irmão mais novo o encarou. — Ninguém sabia qual dos desligados estava vindo para cá, você viu as fotos com o primeiro atirador. Todos que estavam no local estão mortos. Todo dispositivo de gravação foi destruído antes que a Elle entrasse na casa e temos uma pequena vantagem do tempo que vai demorar até descobrirem quem fez isso — Sherlock tomou fôlego antes de continuar. — Todos somos alvos agora que estamos desmascarando a organização e eu sei que meu apartamento e as ruas por onde eu ando são muito bem guardadas. Estou errado, irmão?

Na extremidade oposta da varanda, Elle olhava aborrecida para John.

— Eles estão brigando por minha causa... — lamentou ela.

— Não precisa se preocupar. — John sorriu e ela retribuiu o gesto timidamente. — Eles são assim o tempo todo.

Sherlock se afastou do irmão e se virou na direção dos dois.

— Vamos — disse ele seguindo para fora da varanda.

— Tudo isso é por que ela protegeu o doutor Watson antes de reagir, não é Sherlock? — provocou Mycroft.

O Holmes mais novo fingiu não escutar.

— Ela poderia ter até usado ele como escudo se quisesse, mas pensou nele antes dela própria! — continuou o irmão mais velho sabendo que tocara em um ponto sensível.

— Vem — John segurou a mão direita de Elle e caminhou com ela para fora da varanda.

Sherlock entrou primeiro no carro. John abriu a porta de trás para Elle e depois se acomodou atrás do volante ao lado dele.

— Para onde vamos? — A mulher ainda estava abalada com tantas reviravoltas.

— Para casa — respondeu Sherlock.

— Eu não tenho casa...

— Por enquanto você mora na Rua Baker 221B. — Ele olhou para trás sorrindo enquanto John dava partida no veículo.

A mulher sorriu de volta.

***
O capítulo de hoje ficou um pouco curto, mas mesmo assim cheio de revelações! As emoções continuam nos próximos capítulos.

Só uma perguntinha meio boba, vocês também sentem como se a música de encerramento da série tocasse no fim de alguns capítulos? Porque nesse aqui eu consigo "ouvir" perfeitamente os acordes! Hahaha...

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