Memórias Anônimas

Capítulo 63 - Ela sentiu sua falta

Finalmente, depois de nove dias, Sherlock Holmes voltou para a Rua Baker. O carro de John Watson estava no estacionamento do hospital desde o dia anterior e os dois foram nele.

No caminho, ele ligou para a senhora Hudson avisando que estavam indo e perguntou se ela poderia cozinhar alguma coisa para Sherlock comer.

— Se for um problema por conta da Rosie, pode deixar que eu mesmo preparo quando chegar.

— Claro que não, John. Sua filha está quietinha com os brinquedos dela, vou preparar alguma coisa para ele.

— Eu não estou com fome — anunciou Sherlock.

— Isso não faz a menor diferença depois do tempo que você passou no hospital se sustentando apenas com lanches — retrucou ela.

Os dois podiam ouvir já que a chamada estava em viva-voz e John sorriu pelo reforço que já esperava conseguir com a senhora Hudson.

— Aceitei ir aí apenas para encontrar com a Rosie — acrescentou Sherlock.

— Vou deixar você fazer isso depois que estiver com uma aparência que não assuste a menina — continuou a idosa. — Qual foi a última vez que se olhou no espelho, querido?

Sherlock encarou John com uma expressão de dúvida no rosto e depois tentou checar sua aparência no retrovisor interno do veículo.

Não foi o suficiente para saber como estava, mas as olheiras davam uma boa ideia. Ele descansou o corpo sobre o encosto do banco do passageiro e fechou os olhos.

— Daqui a pouco estaremos aí, Sra. Hudson — disse John.

— Estamos esperando! — afirmou ela sorrindo antes de desligar e ir contar para Rosie quem estava para chegar antes de começar a cozinhar.

(...)
O trajeto até a Rua Baker levou cerca de meia hora.

— Você vai lá para cima tomar um banho — anunciou John se apressando para entrar antes dele no prédio.

— Não foi para ver a Rosie que eu vim? — perguntou Sherlock parado perto da escada sem querer admitir que o cheiro da comida o havia atraído.

— Depois de tantos dias, esperar você tomar um banho e trocar essas roupas não será tão difícil assim para minha filha. — John estava parado em frente a porta da senhora Hudson com os braços cruzados bloqueando a passagem. — Vai lá para cima que eu vou falar com ela. Quando estiver pronto, desce para comer e vocês se encontram.

Cansado demais para discutir e já sabendo que estava em desvantagem, Sherlock obedeceu subindo as escadas a contragosto. John sorriu se divertindo e entrou na casa da Sra. Hudson.

— Papai! — Ele foi recebido pela filha que correu em sua direção de braços abertos. — Cadê o Shelock? — perguntou Rosie já no colo do pai.

— Ele subiu para tomar um banho e daqui a pouco vem ver você — respondeu ele feliz.

— Sherlock decidiu isso por conta própria? — perguntou a idosa perto do fogão.

— Claro que não. — John riu para ela depois de responder.

A empolgação de Rosie aumentava com o passar do tempo e ela praticamente saltou do colo de John, sentado à mesa, quando ele indicou para ela ter ouvido os passos de Sherlock descendo as escadas.

— Abe, abe! — pediu a menina pulando para alcançar a maçaneta da porta.

John sorriu e levantou para abrir a porta encontrando o amigo completamente diferente de como estava antes.